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Denise Assis

Jornalista e mestra em Comunicação pela UFJF. Trabalhou nos principais veículos, tais como: O Globo; Jornal do Brasil; Veja; Isto É e o Dia. Ex-assessora da presidência do BNDES, pesquisadora da Comissão Nacional da Verdade e CEV-Rio, autora de "Propaganda e cinema a serviço do golpe - 1962/1964" , "Imaculada" e "Claudio Guerra: Matar e Queimar".

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Indignada ficava a sua avó!

"Deixem a indignação para o grande público. Indignada ficava a sua avó! É hora de ação e união", escreve a jornalista Denise Assis

Manifestações de movimentos sociais antifascistas (Foto: Brasil 247)
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Por Denise Assis, do Jornalistas pela Democracia

Houve um tempo, há muito tempo, em que a política funcionava assim. Quando havia alguma ameaça à democracia, um nome de peso entre os deputados subia à tribuna e fazia uma fala contundente, vigorosa, contra o abuso. (Em geral os deputados Pedro Simon, ou Ulysses Guimarães). Os jornalistas plantonistas da casa colhiam a fala e repercussões entre os deputados de oposição e os jornais estampavam em suas páginas o desmando e os protestos. 

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O respeitável público ao tomar conhecimento do abuso, no café da manhã, se revoltava e comentava em família, nas esquinas, em frente às bancas de jornais, enquanto as lideranças tratavam de se organizar para espalhar a “má nova”. 

Os sindicatos chamavam atos, as instituições, como OAB, CNBB, ABI, soltavam notas contundentes e se juntavam às Centrais Sindicais para manifestações e protestos. Foi assim, quando o presidente da Câmara, Ulysses Guimarães, em Goiânia (GO), deu o grito: “Diretas Já!”. Foi o início de uma longa marcha que percorreu ruas e praças em todo país. O primeiro comício pela campanha das Diretas onde o apelo ecoou foi realizado no dia 15 de junho de 1983.

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Desde março daquele ano, quando o deputado Dante de Oliveira (PMDB/MT) apresentou no Congresso Nacional PEC nº 5 (Proposta de Emenda Constitucional), conhecida como a “Emenda das Diretas”, sua intenção era devolver ao povo o direito de escolher pelo voto o presidente da República. Logo surgiu a ideia de uma campanha nacional que motivasse a sociedade para se engajar na luta, e a bancada do PMDB encaminhou à executiva nacional do partido documento com planos para a campanha, mas a dúvida era: onde seria o primeiro comício? 

O país ainda vivia sob o ordenamento jurídico da ditadura, entre outros a Lei de Segurança Nacional, que vedava a realização de atos contra o regime militar. Eleito para o seu primeiro mandato como governador de Goiás, Iris Rezende desafiou o regime e no dia 15 de junho Goiânia assistiu ao primeiro comício, que naquele dia reuniu apenas 6 mil pessoas. 

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Dali em diante o povo perdeu o medo, ganhou as ruas e não houve forças regulares que o tocasse de vota para casa. A consciência de que o voto para presidente da República era o direito de retomar o destino do país e a democracia, levou milhões aos comícios. 

Esse retrospecto tem sua razão de ser. Além de parecer que entramos no túnel do tempo, quando voltamos a falar em tropas, generais e golpismo, tal como naquele momento o que necessitamos agora é a mesma arregimentação de forças. É acreditar que há perigo na esquina. 

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A soberba dos “estudiosos” nunca nos levou a uma organização consequente, a ponto de nos permitir fazer frente a uma ameaça golpista, pois descartavam o perigo e se o perigo “não existe”, ou se “não há clima para golpe”, conforme diagnosticavam, organização para que, não é mesmo? 

Pois esses “estudiosos” dos cenários políticos erraram todas. Os golpes vieram e nos jogaram no retrocesso. Portanto, não se trata aqui de fazer a apologia da ignorância, mas de dar menos bola para os “teóricos” (que, diga-se de passagem, agora creem), e chamar às falas os deputados que, atualmente, desceram da tribuna e foram parar diante das telas dos celulares e lap tops, para protestar contra os malfeitos do governo, feito eu ou você. 

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Aparecem no Twitter como indignados, coléricos, posando de “revoltados”, mas com pouca atuação prática no sentido de organizar a sociedade, para: se houver golpe, saber como agir, e se não acontecer, posicionar-se do lado certo para tocar o país rumo à democracia.

Cabe às excelências, convocar suas bases, falarem do que está acontecendo, cara a cara. Usem as suas redes sociais para chamar para as ruas, para a organização! As redes têm esse papel de grandes mobilizadoras. 

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Vocês que estão disputando uma cadeira na Câmara ou no Senado, têm missões a cumprir e a principal delas é organizar a população, falando da ameaça às eleições. Deixem a indignação para o grande público. Indignada ficava a sua avó! É hora de ação e união.

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