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Helena Chagas

Helena Chagas é jornalista, foi ministra da Secom e integra o Jornalistas pela Democracia

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Investida de Lira mostra que CPMI não é agenda positiva para Lula

"Ainda que controlada, nas mãos de presidente e relator da base governista, a CPI não é agenda positiva para o governo Lula", avalia

Lula e Arthur Lira (Foto: REUTERS/Adriano Machado)
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À primeira vista, o Planalto fez limonada do limão da CPMI do golpe e terá maioria no colegiado. Nem por isso vai poder relaxar. Ainda que controlada, nas mãos de presidente e relator da base governista, a CPI não é agenda positiva para o governo Lula.  Melhor seria se não existisse, e que o trabalho legislativo estivesse focado na votação de projetos de interesse imediato, como o arcabouço fiscal e a reforma tributária — o primeiro, com mais chances de sair no curto prazo; a última, seriamente ameaçada de empacar sob o diversionismo da CPMI.           

Parlamentares experientes acreditam que o melhor cenário hoje para o governo seria que seus aliados, com o controle da pauta da CPI, conseguissem dar um nó nos trabalhos e paralisá-la. Depois de algumas primeiras sessões e confrontos espetaculosos — que parecem inevitáveis —  a comissão iria aos poucos saindo dos holofotes, com a oposição imobilizada pela ameaça de convocações e quebra de sigilos de bolsonaristas como Anderson Torres e o general Heleno  — e do próprio Bolsonaro.         

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 É um desfecho improvável, mas não impossível. Seria preciso combinar com os russos da própria bancada governista na CPMI. Alguns já estão pintados para a guerra e veem a comissão como uma bela oportunidade para aparecer na mídia e crescer politicamente.         

 O governo teria ainda que se conformar em enterrar a comissão, em vez de, com toda a legitimidade, usar sua maioria para derrotar a tese bizarra de que as vítimas dos atos golpistas seriam responsáveis por eles — a fake news bolsonarista que está na base de sua criação. E abrir mão de expor no picadeiro, com espalhafato, personagens envolvidos no 8/1 e desmoralizá-los de vez.          

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Politicamente, esse seria o melhor resultado— concluir as investigações mostrando ao país os autores intelectuais da tentativa de golpe, aqueles que aparentemente todo mundo sabe quem são mas que ainda não foram desmascarados com provas. Dificilmente, porém, uma CPI instalada quatro meses depois dos atentados terá condições de ir além das apurações da PF e do Ministério Público, que caminham bem e, muito provavelmente, vão chegar primeiro aos mesmos resultados.            

Sem contar que, antes mesmo de ser instalada, ou ter seus dirigentes indicados, a CPMI já deixou o governo mais dependente ainda de aliados do centrão e, claro, do presidente da Câmara, Arthur Lira. Sem cerimônias, Lira, que indicará o presidente da comissão e boa parte dos deputados, aproveitou o fim de semana para dar entrevista ao Globo pedindo a cabeça do ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha — que vem centralizando a distribuição das emendas orçamentárias, esvaziando seus poderes.          

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 Lula não vai dar a cabeça de Padilha, mas deveria se acautelar em relação à abertura de

 mais uma frente de batalha em território onde, na prática, não terá maioria real e ficará nas mãos do centrão — caso da CPMI dos atos golpistas, como vem ficando cada vez mais claro.

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