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Gustavo Conde

Gustavo Conde é linguista.

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Jornalismo brasileiro faz um péssimo trabalho na cobertura da pandemia

O colunista Gustavo Conde afirma que a catástrofe sanitária que ora se desenrola no Brasil é também responsabilidade do jornalismo corporativo. Ele diz: “o jornalismo brasileiro faz um péssimo trabalho de cobertura à crise de coronavírus. É co-responsável pela catástrofe que prossegue em aceleração no país, pelo que fez e pelo que faz”

Bolsonaro e jornais brasileiros (Foto: Reprodução)
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Tudo no jornalismo corporativo é uma vergonha infinita.

Nós ainda toleramos essa dimensão da informação por vício e maus hábitos.

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Tem gente progressista que ainda dá confiança aos chamados grandes jornais brasileiros - na verdade, elefantes brancos - porque padecem da covardia estrutural que habita todo e qualquer cidadão brasileiro - cabe a nós combater essa covardia todos os dias.

Há articulistas, por exemplo, que 'não falam mal da Globo' porque ainda sonham um dia em 'dar entrevista na emissora'.

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Não é uma humilhação viver assim?

Tem gente honesta, a rigor, que gosta de manter coluna fixa nos jornais financeirizados porque abre-se ali uma perspectiva de diálogo com as elites do país.

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Seria estratégico.

Claro: tem aqueles que não têm quaisquer pudores. Habitam o lodaçal das redações institucionalizadas porque, fora dali, não são nada.

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Mas dá uma vergonha lancinante.

Hoje, por exemplo, li o artigo de uma filósofa advogando o "bem dizer" e a "educação" na confecção de artigos de opinião. Ela fazia uma crítica a Hélio Schwartsman, que disse torcer pela morte do nosso genocida de estimação.

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A impressão que me deu é que ela habitava um mundo de conto de fadas.

Eu não gosto de gente de direita, mas tenho profundo asco de gente covarde e oportunista - que finge ser civilizada para defender ideias da elite violenta e burra.

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É uma galerinha carreirista que começa a publicar livros, entra na ciranda editorial financiada quase que na totalidade pelo sistema Itaú-Unibanco, e vai redigindo artiguinhos para agradar os patrões e assinar: "fulanx de tal é autxr do livro tal, publicado pela editora tal".

É muita miséria.

A filósofa, cujo nome me escapa porque deixo escapar, poderia lembrar a má educação dessa imprensa bem comportada que ela bajula no decênio 2003-2013.

Nesse período, a quase totalidade dos artigos de opinião dessa gente conservadora e rasa transbordava ódio, calão e ímpetos golpistas.

A política de confecção de títulos para manchetes em letras garrafais nas redações climatizadas era transpirar ódio ao PT e à esquerda.

Lula foi posto em eixo sinonímico com os lexemas 'ladrão', 'corrupto', 'populista' e Dilma foi vítima do mais repulsivo processo de gaslighting já registrado.

Somos campeões nesses dois quesitos (campeões e, praticamente, pioneiros): Lula sofreu o mais violento processo de lawfare da história - episódio já consagrado na literatura técnica internacional do direito - e Dilma foi vítima da mais agressiva campanha regada a gaslighting que se tem registro.

Nada mais nada menos do que os dois últimos presidentes legítimos do país que foram reconduzidos aos respectivos cargos pelo voto soberano.

Fica fácil de entender o nível do nosso jornalismo, de longe, o pior do mundo.

Não existe nação com 'democracia ruim' e jornalismo bom. Não existiria Bolsonaro não fosse os serviços prestados à elite por essa imprensa venal que pode muito bem agregar a qualificação de 'genocida', como seu subproduto mais emblemático.

O jornalismo brasileiro faz um péssimo trabalho de cobertura à crise de coronavírus. É co-responsável pela catástrofe que prossegue em aceleração no país, pelo que fez e pelo que faz.

Não adianta publicar um artigo de Drauzio Varella ou de Atila Iamarino, para depois deixar grassar a dicção do mercado financeiro em sua engrenagem discursivo-editorial. Drauzio e Atila são, a rigor, 'usados', para manter a sala de visitas respirável.

Esse jornalismo de conveniência que ora se pratica é tão exótico quanto Bolsonaro: é familiar, impostor, covarde e vingativo

É, por assim dizer, um jornalismo sem rumo, guiado apenas pelos interesses do poder financeiro. Suas chamadas diárias de números de mortos mais parecem escárnio do que qualquer outra coisa.

São frívolos, oportunistas e boçais. Querem aproveitar a destruição do país para se reposicionarem discursivamente e apagarem o tensionamento criminoso da cobertura política de 6 anos atrás, tal como fizeram na ditadura.

Para criticar governos democráticos, são rotweillers. Para cobrir governos genocidas e militarizados, são doces e compreensivos (e educados, afinal, educação é tudo).

Se a extrema direita vencer as eleições municipais deste ano, será o resultado dos sonhos para os executivos destes grandes jornais falimentares - sic.

Se a esquerda levar a melhor, será, para eles, um sentimento amargo.

Mais um motivo para que os candidatos e as pessoas envolvidas seriamente nestas eleições partam com tudo para vencer os pleitos e começar a reconduzir o país para o curso da democracia.

Vencer - no voto - esse jornalismo cínico, colonizado, ideologizado e violento (sob o véu da falsa civilidade) é o eterno desafio posto para se cumprir a proeza de manter a democracia viva neste país.

Eles virão com toda a sua potência financiada para cima dos candidatos da esquerda.

É bom a militância organizada se preparar para mais essa guerra.

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