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Luciano Teles

Professor adjunto de História do Brasil e da Amazônia da Universidade do Estado do Amazonas (UEA) e autor de artigos e livros sobre a história da imprensa operária e do movimento de trabalhadores no Amazonas.

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Lava Jato: a face política de uma operação política

As conduções coercitivas, acompanhadas de holofotes midiáticos e vazamentos seletivos, direcionadas especialmente às principais lideranças do Partido dos Trabalhadores, constituem-se como uma forte evidência do caráter político da Operação

(Foto: Brasil247 | Abr)
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As críticas estabelecidas pelo procurador-geral da República, Augusto Aras, sobre a Operação Lava Jato levantaram um debate nacional acerca das ações realizadas por ela. Não vamos nos ater aos questionamentos sobre a Operação realizados por Aras, mas queremos apenas recuperar alguns episódios que evidenciaram, e em alguns casos até provaram, o caráter político da Operação, que usou do discurso de combate à corrupção para tentar desqualificar, perseguir, condenar e eliminar politicamente os seus opositores, com destaque para o campo progressista, além de atacar sistematicamente o Estado Democrático de Direito, destruir os setores fundamentais da economia e favorecer a extrema-direita, o projeto neoliberal selvagem defendido por Paulo Guedes e os interesses norte-americanos.

As conduções coercitivas, acompanhadas de holofotes midiáticos e vazamentos seletivos, direcionadas especialmente às principais lideranças do Partido dos Trabalhadores, constituem-se como uma forte evidência do caráter político da Operação. Foram anos de ações nesses moldes que culminaram naquele grande teatro que foi a condução coercitiva do ex-presidente Lula e dos vazamentos seletivos que tiveram a clara finalidade de desestabilizar o governo da presidente Dilma Rousseff. Quem não se lembra das conversas que vieram a público, pela tela da Globo, entre a presidente Dilma e o ex-presidente Lula?

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Nessa esteira, a Operação Lava Jato contribuiu sobremaneira para preparar o terreno para a farsa do impedimento da presidente Dilma Rousseff. Em seguida, a Operação intencionalmente agiu no sentido de impedir que o ex-presidente Lula, favorito na eleição presidencial de 2018, concorresse ao pleito. Para isto, usou-se de todo o tipo de expediente, desde a não observância do devido processo legal à condenação por atos indeterminados (sem provas), como se deu no caso do processo sobre o triplex do Guarujá. Somam-se a isso os “julgamentos antecipados” feitos publicamente por juízes de segunda instância que se debruçariam sobre o processo e, pasmem, desobediências a um habeas corpus concedido pelo desembargador do TRF-4 Rogério Favreto. Aqui, Sérgio Moro interrompeu momentaneamente as suas “férias” para articular em favor do não cumprimento da decisão de Favreto.

Se não bastasse tudo isso, as reportagens do The Intercept efetivamente provaram a relação promíscua que o ex-juiz Sérgio Moro tinha com os procuradores da Lava Jato e os delegados da Polícia Federal. As conversas, tornadas públicas pelo referido veículo, revelaram que o ex-juiz dava orientações e até mesmo marcava presença em reuniões com os membros da Lava Jato, com o objetivo de deliberar detalhes das ações, chegando mesmo a ordenar buscas na Operação (ver: https://theintercept.com/series/mensagens-lava-jato/).

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As conversas também explicitaram que os procuradores da Lava Jato atuaram para impedir que o ex-presidente Lula desse entrevistas e que elas pudessem beneficiar Fernando Haddad nas eleições de 2018. Elas atestaram, da mesma forma, uma proximidade não comum do ex-juiz com Deltan Dallagnol (este que elaborou aquela absurda denúncia em PowerPoint contra o ex-presidente Lula), coordenador/chefe da Lava Jato em Curitiba.

Poderíamos continuar citando, dentre outras coisas, que a Operação Lava Jato buscava ter acesso a dados fiscais sigilosos sem autorização judicial, que não investigou o tucano Fernando Henrique Cardoso para não melindrá-lo, etc. Aliás, aqui não há como não lembrar daquela foto do ex-juiz Sérgio Moro e do tucano Aécio Neves juntos, e sorrindo! Também não há como não apontar o absurdo que foi um ex-juiz, que inclusive recentemente em entrevista disse que estava num ringue contra Lula, sair da magistratura e assumir o Ministério da Justiça do governo que, pelas suas ações como juiz na Lava Jato, ajudou a eleger.

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Entre falta de ética e ilegalidades, a Lava Jato possui face política, portanto, foi uma Operação política. E ainda é, pois atualmente criticada por amplos setores da sociedade, buscou em José Serra e sua filha emitir uma mensagem de que a “lei é para todos”, mas apenas reforçou em tal tentativa que continua sendo uma Operação política. Que se abra a “caixa-preta” da Lava Jato.

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