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Marlon de Souza

Jornalista, atuou como repórter na série de reportagens sobre o esquema conhecido como a Máfia das Sanguessugas. Venceu o Prêmio de Jornalismo do Movimento Nacional de Direitos Humanos e o Prêmio de Jornalismo Econômico da FIESC

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Lênin na AL: 150 anos e atual

Há 150 anos, 22 de abril de 1870, nascia aquele que viria a ser o maior revolucionário do século XX, Vladmir Ilych Ulianov Lênin. Líder político determinante para a vitória da Revolução Russa, a primeira revolução proletária socialista que triunfou, para a história do movimento operário mundial, para a fundação de organizações e partidos de trabalhadores em todos os países

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Há 150 anos, 22 de abril de 1870, nascia aquele que viria a ser o maior revolucionário do século XX, Vladmir Ilych Ulianov Lênin. Líder político determinante para a vitória da Revolução Russa, a primeira revolução proletária socialista que triunfou, para a história do movimento operário mundial, para a fundação de organizações e partidos de trabalhadores em todos os países. O matemático e filósofo britânico Bertrand Russell, ganhador do Prêmio Nobel de 1950 afirmou que “estadistas na escala de Lênin aparecem no mundo não mais do que uma vez a cada século, e é improvável que muitos de nós vivam para ver outro igual. Podemos dizer que nosso século entrará na história com o século de Lênin e Einstein.” 

         Apontado como um dos mais importantes desenvolvedores da teoria do Estado e da Economia Política marxista depois do próprio Marx e Engels, intelectual de vigor, jornalista, advogado, estadista, mas é como homem de ação política que Lênin definitivamente se eleva a estatura monumental de vulto histórico.

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Para quem estuda Ciência Política com rigor é uma obviedade afirmar sobre o quando é decisivo ler o pensamento político de Lênin e o quanto é eficiente e atual a concepção de Partido, as estratégias de ação política desenvolvidas por Lênin para combater regimes antidemocráticos, com liberdades democráticas suprimidas, de Estado policial aberto e a política da força e governos de orientação opressora fascista. Mas é recorrente nos depararmos com aqueles que se dizem de esquerda e consideram (sem observações empíricas) de que estudar Lênin no dia de hoje é “inútil tal qual visitar um museu”.  No meio acadêmico ainda mais trivial é esbarrarmos em docentes contaminados pelas teorias das elites e que consideram a política e a economia meramente como tendo a função para indivíduos, personalidades e de grupos oligopólicos de se alternarem no poder e se auto beneficiarem, para estes o pensamento de Lênin e formulações teóricas como sobre o Imperialismo são hoje demodê. No entanto, basta uma incursão analítica sobre a ordem econômica mundial contemporânea e se constata o agravamento e a atualidade da fenomenologia do imperialismo leninista no atual estágio do capitalismo e a dependência econômica dos países da periferia baseado na superexploração da classe trabalhadora, das neocolônias e de suas indústrias obsoletas em relação ao centro, em particular aos Estados Unidos.  A alteração tem se dado no deslocamento do país que desponta como metrópole passando da Europa, da Inglaterra em especial, para os Estados Unidos ocuparem esta posição, no entanto continua competente e conservado a descrição leniniista do sistema capitalista internacional e de suas formas de dominação e exploração como também dos métodos de luta de emancipação da classe trabalhadora. A literatura descreve que após a revolução bolchevique de outubro o marxismo seguiu crescendo em quantidade de publicações e em qualidade nas análises, culminando no fortalecimento deste campo teórico-político entre os anos de 1920, 1930 e 1950 com a fundação de partidos comunistas em praticamente todos os países do continente latino-americano. Entre os inícios dos anos 1930 e meados dos anos 1950 o marxismo-leninismo torna-se uma referência indissociável no conjunto da cultura latino-americana. O marxismo-leninismo é um patrimônio teórico e político fundante, inaugural de uma cultura transformadora na América Latina e no Brasil. Poucos sabem, mas Lênin é o psedônimo que Vladmir Ilych Ulianov adotara em 1901 para assinar artigos críticos ao regime czarista russo publicado em um dos jornais – Iskra (Faísca) - que ele mesmo fundara cerca de um ano antes e que foi udrante anos a ferramenta de difusão do programa político do Partido. O Iskra lançado, em Monique na Alemanha, foi um dos jornais clandestinos mais bem sucedidos da história da Rússia. Lênin editava, publicava o jornal no exílio e o envia clandestinamente para a Rússia. O expediente da utilização de pseudônimos é usual por jornalistas para driblarem regimes ditatoriais que perseguem e oprimem o pensamento crítico.  Aliás, vale destacar que como jornalista Lênin se insere na tradição e tendência de intelectuais de esquerda que tem a concepção de jornalismo como instrumento de disseminação de programas e intervenções políticas com o objetivo de informação, conscientização, agitação e propaganda contra-hegemônica e a mobilização contra as formas de exploração dos trabalhadores pelo capital. Deste mesmo gênero de jornalistas intelectuais estão Karl Marx, Friedrich Engels, Antonio Gramsci, Karl Kautsky, Rosa Luxemburgo, Leon Trótski, Nikolai Bukhárin, Máximo Górki, Gueórgui Plekhánov, Clara Zetkin e Alexandra Kollontai. Para o pós-doutor pela Ecole des Hautes Études em Sciences Sociales (EHESS) da França Dênis de Moraes Lênin retomou reflexões de Marx sobre a influência tendencialmente conservadora dos veículos de massa junto à opinião pública e também quanto ao papel da imprensa revolucionária na difusão política e ideológica, enfatizando as tarefas que cabiam a jornais e revistas de organizações de esquerda e partidos de trabalhadores.  Para Lênin, seria impossível conduzir a luta revolucionária sem dispor de um meio de divulgação através do qual o Partido pudesse se pronunciar sobre questões e situações concretas da vida social. “A criação do Partido, se ele não for representado convenientemente por um órgão determinado, permanecerá em grande medida letra morta”, sentenciou o revolucionário russo.

Lênin hoje na América Latina

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Em entrevista publicado no último dia 21 de abril no IA Krasnaya Vesna –  A Primavera Vermelha o chefe do Departamento Central da Política da Juventude e Secretário do Comitê Central Komsomol do PCFR o historiador Yaroslav Igorevich Listov (espécie de Secretário Nacional de Juventude do PCFR) descreve o erro da esquerda da América Latina, o de ter virado as costas para a teoria leninista e que este fenômeno explica a sucessão de derrotas, contra-revoluções e golpes de Estado a que os governos progressistas do continente foram vitimados. O dirigente do PCFR chega a citar especificamente como exemplo a Venezuela e o Equador, mas a análise e a lição também cabe ao Brasil, Bolívia, Paraguai, Nicarágua, Chile e Argentina.  Yaroslav Igorevich Listov explica que “Lênin como a primeira pessoa a realizar a revolução socialista, mostrou não apenas o caminho para chegar ao poder, mas também como preservá-lo, como realizar essas reformas e como resolver as tarefas que serão enfrentadas.” Listov faz uma análise comparativa direta com a América Latina e ressalta que “é importante notar aqui mais uma vez que, se não nos voltarmos ao marxismo-leninismo precisamente como base científica, encontraremos os erros que estão sendo cometidos na América Latina quando as forças socialistas chegam ao poder. Tendo uma ideia muito romântica do socialismo, eles não terminam o trabalho e encontram grande oposição dos países capitalistas e estagnam ou perdem poder. Para evitar isso, a esquerda moderna deve retornar ao marxismo-leninismo como justificativa científica, incluindo as tarefas que definirão no caso de chegar ao poder”. Como continuidade a afirmação acima o repórter do Primavera Vermelha pergunta “essa é, na sua opinião, não a prática, mas a teoria, é mais afetada pelas forças de esquerda agora?” E o membro do Comitê Central do PCFR responde taxativamente que “sim, é absolutamente verdade, porque é impossível construir uma prática normal sem teoria. Vemos que a esquerda pode até chegar ao poder na esteira da simpatia, mas é impossível para as pessoas que não são guiadas pela teoria se apegar a esse poder sem concluir toda a gama de ações.”  Listov cita ainda como exemplo analítico contemporâneo a Venezuela e o Equador. “Veja a situação com a Venezuela. Apesar de Hugo Chávez ter tido a oportunidade de realizar várias transformações socialistas, elas não foram levadas ao fim. Nesse caso, não é culpa, é claro, da liderança venezuelana, mas da situação política que ela enfrentou sem os recursos, incluindo os recursos humanos em ciência e teoria, que a União Soviética tinha ao mesmo tempo, afirma  o chefe do Departamento Central da Política da Juventude e Secretário do Comitê Central Komsomol do PCFR o historiador Yaroslav Igorevich Listov. Para Listov “o fato de essas reformas não terem sido concluídas mostra uma fraqueza em relação às sanções e ações que os Estados Unidos estão realizando em relação à Venezuela. Ou dê um exemplo vívido da vitória da esquerda no Equador, que, de fato, emoldurou seus apoiadores, porque a pessoa que veio com o nome de Lênin (se refere ao atual presidente do Equador Lênin Moreno que era vice de Rafael Corrêa foi eleito com seu apoio e com o das forças democráticas e populares e no exercício da presidência traiu o programa político) está tão longe das ideias leninistas que imediatamente as abandonou depois de chegar ao poder. Se dentro dos partidos e daqueles que chegaram ao poder tanto a teoria leninista quanto a prática leninista fossem ativamente usadas, tal resultado, é claro, não teria acontecido.”  Portanto, para o Diretor do Komosol do PCFR o historiador Yaroslav Igorevich Listov a estratégia da esquerda hoje, por um lado, é seguir o caminho de Lênin e, por outro lado, promover suas ideias para que capturem as massas e transformem o século XXI em um século de socialismo.

Presidente da PCFR destaca o mais importante da herança ideológica de Lênin

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O presidente do Comitê Central do Partido Comunista da Federação Russa (PCFR) Guennadi Andreievitch Zyuganov no documento alusivo aos 150 anos do líder revolucionário apresentado no X Plenário do Comitê Central do Partido e publicado no dia 27 de março deste ano intitulado A  herança ideológica de V.I. Lenin e a luta dos trabalhadores pelo socialismo no século XXI afirma que Lênin definiu a essência principal do marxismo como “a aplicação da dialética materialista ao processamento de toda a economia política, desde a sua fundação - à  história, às ciências naturais, à filosofia, às políticas e táticas da classe trabalhadora - é  isso que Marx e Engels estão mais interessados, é o que eles trazem de mais significativos”. De acordo com G. A.Zyuganov  Lênin guiou sua vida política por estes preceitos.  Importante destacar que o PCFR fundado em 1993 é partido sucessor do Partido Comunista da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (PCUS) que foi dissolvido a partir de 1992 após a dissolução da União Soviética. Isto é o PCFR é o Partido de Lênin, hoje o segundo maior partido da Rússia, a segunda maior força no parlamento, na eleição do ano passado foi o partido que mais cresceu na eleição do anos passado, o atual presidente do PCFR G. A. Zyuganov foi candidato a presidente da Rússia e disputou contra Putin. G. A. Zyuganov faz questão de contar que Lênin “nunca se separou dos trabalhadores comuns, ele estava intimamente associado as massas, inspirando-os na luta e na criação.” No relatório Zyuganov faz questão de considerar que Lênin “não considera a teoria de Marx como algo completo e intocável", ressalta; "estamos convencidos de que, pelo contrário, apenas estabeleceu os pilares da ciência de que os socialistas deveriam avançar mais em todas as direções se não quisessem ficar para trás na vida." Zyuganov  relata que Lênin tinha numa aplicação intelectual com rigor científico e dá o exemplo de que ao escrever o trabalho O Desenvolvimento do Capitalismo na Rússia, Lênin usou referências a 583 fontes.   O presidente do PCFR enfatiza que “o comunista deve permanecer firme na posição de materialismo dialético e histórico” e que é por isso que, nos congressos e plenários do Comitê Central do PCFR, realizam uma análise aprofundada das tendências atuais, examinam sua dinâmica e estudam o equilíbrio das forças de classe. “Para combater e liderar com sucesso as massas, não podemos evitar esse trabalho meticuloso e difícil. Seguir a abordagem dialética, desenvolver o marxismo-leninismo, tirar conclusões práticas sobre essa base é nossa tarefa direta. Sem isso, não podemos garantir a vitória do povo trabalhador”, sentencia Zyuganov.  Para G. A. Zyuganov o pensamento leninista não perdeu seu significado, “os sinais do imperialismo não desapareceram e a globalização exacerbou todas as contradições até o limite. Assim, a concentração nas mãos dos monopólios dos meios de produção, fontes de matérias-primas, transporte e comunicações, descobertas científicas e tecnológicas, trabalhadores qualificados e engenheiros está quebrando recordes. A economia dos EUA é dominada por 500 empresas. Metade deles possui ativos em cinco ou mais setores. Eles concentraram 20% de todos os empregados na economia e mais de 60% dos lucros”.  Zyuganov em um comparativo com a conjuntura atual observa que “não menos atualizadas são as palavras leninistas: ‘O imperialismo traz à classe trabalhadora um agravamento sem precedentes da luta de classes, pobreza, desemprego, alto custo, opressão de trustes, militarismo, uma reação política que levanta sua cabeça em todos os países, inclusive nos países livres’. Para Zyuganov de fato, como Lênin repetiu persistentemente, o capital financeiro e os monopólios “em todos os lugares carregam um desejo de dominação, não de liberdade”. O presidente do PCFR G. A. Zyuganov discorre no relatório sobre o quanto está em vigor as diretrizes da teoria de Economia Política do Imperialismo de Lênin e afirma que o “imperialismo global aumenta o papel das corporações transnacionais. Hoje, toda grande empresa é um complexo e diversificado de estruturas de produção, comércio, financeiro e investimento. Com uma rede de contratos e contratos de subcontratação, está associada a muitas pequenas e médias empresas, cuja independência é muito condicional. Distribuindo a produção em diferentes países, a empresa matriz ‘cresce demais’  com muitas filiais. Mas o centro de decisão neste conglomerado internacional é rigidamente definido pela sede.” G. A. Zyuganov lembra o conceito de Lênin de que a base para o domínio das empresas transnacionais no mundo é a exportação de capital, “a eficácia das empresas transnacionais é muito maior do que outros monopólios. Eles têm a oportunidade de evitar barreiras alfandegárias, acumular capital nas áreas mais rentáveis, alocar recursos significativos para pesquisa e desenvolvimento. A capitalização das principais empresas transnacionais excede o PIB da maioria dos países do mundo. Eles controlam mais da metade da produção industrial mundial, mais de 60% do comércio global, mais de 80% da base global de patentes e licenças para novos equipamentos e tecnologias.” Zyuganov destaca os principais sinais do atual estágio do capitalismo da sua fase imperialista a partir do desenvolvimento teórico de Lênin:

- o surgimento de monopólios, seu papel decisivo na vida econômica;

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- o surgimento de capital financeiro e oligarquia financeira;

- a prioridade da exportação de capital sobre a exportação de mercadorias;

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- a formação de uniões monopolistas de capitalistas, dividindo o mundo;

- conclusão da divisão territorial das terras pelas principais potências.

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Alguns economistas e especialistas em Economia Política Mundial apontam que a teoria do Imperialismo de Lênin perdeu validade pós Segunda Guerra Mundial, mas com a queda a implosão da URSS e a emersão do neoliberalismo e sobretudo agora após a crise sistêmica do capitalismo de 2008 hoje com a atual crise econômica internacional – apontado por alguns economistas como a mais grave da História do Capitalismo - as concepções leninista a respeito sobre sistema econômico internacional passam a vigorar com suficiência teórica para análise da contemporaneidade Em perspectiva similar o presidente do PCFR G. A. Zyuganov descreve que a Revolução Russa abalou o capitalismo, “a formação do estado soviético, a criação do sistema socialista mundial, o colapso do colonialismo abalaram, mas não destruíram a hegemonia do capital.” Porém o presidente do PCFR pondera que a destruição da URSS deu um descanso temporário ao capitalismo, mas a “crise sistêmica piorou novamente. A tarefa de todos os oprimidos e pessoas de boa vontade é reunir a luta pela destruição do capitalismo. Somente essa perspectiva garante à humanidade um futuro digno e à própria sobrevivência.” Zyuganov fundamenta seu argumento no pensamento científico mais recente para  verificar a atualidade das elaborações de Lênin e cita autoridades como o Prêmio Nobel Joseph Stiglitz e o economista Tom Picketti – que recém se reuniu com o presidente Lula em março deste ano na Escola de Economia de Paris na França para trocarem formulações de combate a desigualdade. O presidente do PCFR descreve que Stiglitz sintetiza suas principais conclusões da seguinte maneira: “a situação ficou fora de controle”, “a injustiça social se tornou uma ameaça para o mundo inteiro”. De acordo com Zyuganov para Stiglitz o marxismo aponta que o domínio do sistema financeiro e de crédito sobre a economia real não estão apenas sintonizados com a desigualdade e a pobreza estão completamente sintonizados, inibe o desenvolvimento de toda a economia global. Zyuganov sublinha que Piketty vai ainda mais longe, o economista francês “pede uma redistribuição maciça da riqueza mundial, insiste na restrição legislativa da quantidade de capital que uma pessoa tem o direito de possuir, assumindo uma eliminação completa da oligarquia como classe, ele propõe medidas de natureza socialmente revolucionária”.

Partido orientado por uma teoria 

Zyuganov destaca que o partido que deve ser o organizador do movimento de trabalhadores e apontar o caminho, com base na teoria. De acordo com o presidente do PCFR “o gênio leninista também foi vividamente expresso em questões de construção de partidos; `sem uma teoria revolucionária, não pode haver movimento revolucionário. Somente um partido liderado por uma teoria de vanguarda pode desempenhar o papel de de vanguarda na luta’, escreveu Lenin”. Zyuganov lembra que “a tarefa de sua criação (do Partido) foi brilhantemente concluída” por Lênin.  O ex-candidato a presidente da Rússia explica com base na teoria marxista-leninista que uma organização clara e uma disciplina rigorosa no partido proletário significa uma saída decisiva, “como Lenin escreveu: ‘Todos os setores saudáveis e em desenvolvimento de todo o povo defendem a democracia e o socialismo, mas, a fim de travar uma luta sistemática contra o governo, precisamos levar a organização revolucionária, a disciplina e a técnica de conspiração ao mais alto grau de perfeição’.” Para atingir esta meta G. A. Zyuganov afirma que precisamos de um Partido que seja forte ideologicamente, organizacional e moralmente. Uma disciplina estrita e consciente é necessária como disciplina da luta de classes do proletariado pelo poder do povo trabalhador. Foi Stalin quem chamou de ferro. Regras estatutárias são vinculativas para todos. O status de um membro do Comitê Central ou secretário de um comitê regional não é uma credencial para privilégios. A confiança dos camaradas deve ser justificada ao se trabalhar com energia triplicada. E a demanda aqui é especial”.   O presidente do PCFR defende ainda que a crescente agressividade dos globalistas hoje exige uma frente internacional mais forte contra a soberania do capital e táticas gerais da luta anticapitalista.

Vida dedicada a Revolução

Lênin nasceu na cidade de Simbirsk, hoje é chamada de Ulianovsk - nome que passou a designar a cidade em homenagem a Lênin desde 1924 -, capital da província homônima. Ulianovsk tem hoje cerca de 700 mil habitantes e fica localizado no centro da Rússia. De origem familiar de classe média alta, tanto do lado paterno como materno. Como não poderia ser diferente Lênin teve uma vida incomum. Seu pai Ilia Ulianov foi um alto funcionário do governo russo e sua mãe a teuto-russa Maria Alexandrovna Blank.  Lênin era um dos oito filhos, tendo dois mais velhos, Ana e Alexander. É Alexander que influenciaria Lênin por toda a vida. Alexander, ou Sasha como Lênin o chamava, quando estudava na Universidade de São Petersburgo passa a estudar textos de esquerda proibidos no país e a integrar um movimento político contra o império opressor do czar Alexandre III da Rússia. Membro de uma célula revolucionária Sasha participa de um planejamento para assassinar o imperador em uma ataque a bomba, mas antes de executarem o ataque são presos. Em 1887 Sasha foi preso, julgado, condenado a morte e enforcado.  Naquele mesmo ano Lênin ingressa na Universidade Imperial de Kazan onde inicia seus estudos em Direito. No ano seguinte passa a se dedicar ao movimento anti-czarista. O regime reprimia toda organização opositora até mesmo imprensa e tribunais, em razão deste contexto Lênin atua na clandestinidade e devido a sua atuação política é expulso da universidade. Se forma anos mais tarde na Universidade de São Pestersbugo. É já depois de formado que Lênin aplica-se intelectualmente Economia Política de Karl Marx e Friederich Engels.  A singularidade da vida de Lênin se verifica no que era destituído da covardia e embutido de coragem e entusiasmo pela ação política. Lênin viveu muitos anos de sua vida na prisão ou no exílio e ainda assim isto nunca intimidara ou interrompera sua absoluta determinação em continuar organizando, esclarecendo a massa trabalhadora, de conduzí-la e comandá-la até a vitoriosa Revolução de Outubro em que transforma toda a estrutura de exploração da sociedade condicionando base exemplar para modificar as relações sociais em todo o mundo até hoje a partir da realização prática do socialismo como sistema econômico, jurídico e social.  Aqui não se pretende discorrer sobre a totalidade da biografia de Lênin o que seria um empreendimento intelectual impossível em um artigo, mas sim citar em revista alguns episódios de sua vida. No ano de 1887 foi preso por sublevação contra o regime ditatorial do czar e exilado para Shushenskoye por três anos, onde anos mais tarde casa-se com a pedagoga e revolucionária russa Nadejda Krupskaia. Depois do exílio, Lênin refugiou-se em na Europa Ocidental em Genebra, Munique, Londres e Paris, e aprofunda o estudo do marxismo e seu desenvolvimento autoral  teórico sobre a revolução socialista. Em Paris para encontrar-se com o genro de Marx, Paul Lafarge, e pesquisa sobre a experiência da Comuna de Paris de 1871 que tinha como modelo para a instauração do governo de trabalhadores na Rússia. Em Berlim constrói relações com o ativista marxista Wilhelm Liebknecht. Retorna à Rússia com um estoque de publicações revolucionárias ilegais, e as distribui em várias cidades aos trabalhadores em greve. Participa da produção do periódico Rabochee delo - Causa dos Trabalhadores -, e é preso juntamente com outros 40 ativistas em São Petersburgo. Lênin nega todas as acusações que lhe são imputadas, recusa representação legal ou fiança, mas é mantido preso por um ano antes da sentença. Nesse tempo se aplica a escrever e a teorizar sobre a ascensão do capitalismo industrial na Rússia e o fenômeno da migração de um imenso contingente de camponeses para as cidades formando um proletariado. Lênin argumenta que este proletariado russo desenvolveria consciência de classe e levaria a derrubar violentamente o regime ditatorial do czar e edificaria o Estado proletário socialista. Em fevereiro de 1897, foi condenado sem julgamento a três anos de exílio na Sibéria oriental, embora tenham lhe concedido alguns dias em São Petersburgo para pôr seus assuntos em ordem. Usou esse tempo para se reunir com os social-democratas, que se renomearam enquanto Liga de Luta pela Emancipação da Classe Operária. Na Sibéria se corresponde de forma epistolar com outros revolucionários, muitos dos quais o visitaram. Em 1893 havia se mudado para São Petersburgo onde se tornou figura de relevo, sobretudo na ala ideológica, do Partido Operário Social-Democrata Russo. Importante observar que os partidos social-democratas do século XIX e do início do século XX não tinham o programa que tem hoje, era no Partido Social-Democrata Russo e no alemão, por exemplo, que se encontravam o principais socialistas e revolucionários do período, somente após os anos 30 do século XX que os partidos sociais-democratas passam a ter o programa e a acepção que detêm hoje.  Em 1894. publica clandestinamente os tratados políticos Quem são os Amigos do Povo e Como Lutam Contra os Social-Democratas? É em 1901, na Suíça, quando entra em contato com exilados russos, entre eles o revolucionário teórico marxista, Georgi Plekhanov e o grupo Emancipação pelo Trabalho. Funda o Iskra onde publica e divulga seus ideais e programas político partidário para o Partido Operário Social Democrata Russo contra o regime czarista. Neste mesmo ano publica um dos mais textos de Ciência Política mais influente até hoje O que Fazer? onde explica a importância do partido ser a vanguarda da luta política.
O jornalista e diretor do Opera Mundi Breno Altman no seu programa 20 Minutos afirma que no II Congresso do Partido Operário Social Democrata Russo há uma cisão entre as duas tendências Mencheviques e os Bolcheviques. Lênin defende duas ideias fundamentais;

1ª - A classe operária russa deveria ter a hegemonia tanto sobre a futura revolução socialista quanto sobre a chamada revolução democrática burguesa contra o czar.

Os Mencheviques por sua vez tinham outra concepção, a que chamavam de etapista, que consistia em que a luta contra o czar caberia a burguesia e a classe trabalhadora deveria apoiar a burguesia russa nesta etapa, apenas na etapa subsequente depois de derrubada o czar e estabelecida a direção da burguesia russa sobre o Estado é que se colocaria como objetivo da classe trabalhadora a luta pelo socialismo e a sua hegemonia.      Lênin se opunha a esta tese, ele entendia que a burguesia russa era fraca subserviente ao czar, não era capaz de ir além de uma oposição moderada liberal ao czarismo. Para Lênin somente a classe operária seria capaz de dirigir, não a revolução russa lá adiante, mas a própria revolução democrática burguesa estabelecendo um processo ininterrupto entre a revolução democrático burguesa e a própria revolução socialista por conta exatamente da hegemonia da classe trabalhadora.

2ª - A segunda ideia fundamental que Lênin defende é para que este processo de hegemonia pudesse ocorrer a classe trabalhadora precisa de um Partido, mas não de um partido qualquer e sim de um Partido capaz de ser um exército dotado de disciplina férrea, dotado de revolucionários profissionais – homens e mulheres - que se dedicassem inteiramente a vida revolucionária, Partido capaz de educar e organizar as massas do povo para a revolução. Um Partido com uma fortíssima unidade teórica, política, ideológica e cultural.

Um Partido, e este tipo de Partido – que historicamente ficaria conhecido como Partido leninista – é que seria a grande ferramenta da hegemonia da classe trabalhadora no processo revolucionário. Lênin faz com que estas duas ideias chaves sejam as ideias definidoras do bolchevismo. Estas ideias estão desenvolvidas na sua obra já citada O que fazer?. Estas divergências entre Mencheviques e Bolcheviques seria perpétua até levar mais adiante as duas tendências a se constituírem em partidos próprios e distintos em 1912 – quando deixam de serem duas tendências do antigo Partido Operário Social Democrata Russo e se transformam cada uma destas tendências em partidos independentes.  Altaman discorre ainda que Lênin dirigiu a participação dos Bolcheviques na Revolução de 1905 se contrapondo aos seus adversários internos os Mencheviques. Contrário a compromissos com a burguesia Russa Lênin defendia uma aliança operário camponesa. O pensamento de Lênin neste período está registrado no livro de sua autoria Duas Táticas para a Social Democracia na Revolução Democrática. Lênin defendia na prática a concepção que havia defendido no II Congresso. Esta Revolução de 1905 é uma reação a uma repressão do czar que realizou em uma manifestação que acontecera em São Petersbugo no dia 9 de janeiro daquele ano como resposta a repressão ao morticínio provocado pelas tropas do czar. Isto desencadeou greves, manifestações, insurreições por todo o país durante vários meses e Lênin defendia que a classe trabalhadora não deveria ser um força auxiliar em apoio a oposição liberal burguesa contra o czar, mas para Lênin a classe trabalhadora deveria construir uma aliança com o campesinato construir suas próprias formas de organização com suas próprias forma de poder e exercer a hegemonia sobre aquele processo. É neste processo que é organizado o primeiro soviete (conselho em russo) que foi dirigido pelo jornalista revolucionário russo Leon Trotski.  Em 1905 Lênin impulsiona o Partido Bolchevique a cumprir a orientação que havia sido aprovada dois anos antes no II Congresso do Partido Operário Social Democrata Russo. A rebelião de 1905 –  foi derrotada, mais tarde Lênin chamaria aquele levante de 1905 de “ensaio geral” para a vitoriosa Revolução Russa de 1917. No exílio organizaria a construção do Partido Bolchevique reforçando sua imprensa, sua organização, sua estratégia revolucionária que ele vinha defendendo desde o início do século . Lênin se dedica durante estes anos de exílio a fortalecer o Partido concebido por ele como a grande ferramenta revolucionária da classe trabalhadora. É neste período que Lênin estreita seu vínculo com líderes revolucionários importantes do Partido Bolchevique. No exílio além de se dedicar a organização do Partido Lênin se dedica a estudar os processos contemporâneos fundamentais para o que é ainda hoje uma obra teórica referencial a respeito do sistema econômico mundial o livro Imperialismo etapa superior do Capitalismo. Esta situação de defensiva da esquerda começa se alterar em 1914 com o início da Primeira Guerra Mundial a maioria dos partidos sociais-democratas filiados a Segunda Internacional – fundada em 1889 se tornam nacionalistas. Lênin se opõe a esta posição majoritária da social-democracia e defende que a esquerda aproveite o advento da guerra externa e desencadeia a revolução interna, aproveite a guerra mundial para que o proletariado de cada país derrubasse a sua própria burguesia e findasse a guerra através da revolução e não de apoio as burguesias nacionais.  Lênin se confronta tanto contra o nacionalismo burguês que ele acusa ser a posição da maioria da social-democracia como contra o pacifismo. Por tanto não adota a posição da maioria dos partidos sociais-democratas nem adota o pacifismo, Lênin adota a linha em transformar a guerra mundial externa em revolução interna, uma linha que entraria para a história como derrotismo revolucionário que é aproveitar a guerra mundial externa para derrotar o seu próprio governo nacional.  É esta linha que os bolcheviques assumem a partir de 1914, com a Primeira Guerra Mundial a crise do capitalismo na Rússia se aprofunda e as condições de vida da classe trabalhadora se deteriora, milhares de camponeses levados a postos de soldados russos morrem no campo de batalha e a morte destes camponeses afeta de forma gravíssima a produção agrícola russa. A guerra proporciona um desgaste político ao czarismo e constitui as condições objetivas para a revolução de fevereiro de 1917 A Revolução de Fevereiro de 1917 inicia com uma grande manifestação das mulheres no seu dia reprimida violentamente pelo czarismo e resulta em uma rebelião de grande proporção primeiramente em São Petersburgo, em Moscou nas principais cidades e depois em todo o país até a a deposição do czar. O novo governante para substituir o czar é eleito pela Duma – o parlamento russo - que havia sido constituído pelo czarismo com regras para beneficiar as classes econômicas privilegiadas, mas naquele momento a Duma já não tinha controle sobre o país, disputava poder de decisão com os sovietes - conselhos de fábricas.  Os sovietes disputavam com a Duma e o governo eleito o controle das instituições, o controle do Exército, isto é, a sociedade começava a viver uma dualidade de poder uma disputa institucional promovida pela Duma, o governo, mas são os sovietes que detinham a hegemonia da classe trabalhadora, que é o que Lênin havia defendido durante toda a sua vida política.  Lênin retorna do exílio depois da Revolução de fevereiro 1917 e ao descer na Estação Finlândia faz um discurso que surpreende a todos, não vangloria a Revolução de 1917, Lênin não aplaude a queda do czar e o novo governo que poucos meses antes havia emergido. Lênin propõe que a revolução democrático burguesa que havia derrubado o czar imediatamente fosse transformada em uma revolução socialista proletária. “Abaixo o governo da Duma”, “Abaixo o governo capitalista”, “Todo poder aos sovietes”, proclamava Lênin. O líder revolucionário colocava como palavra de ordem central para aquela conjuntura política que os sovietes tomassem o poder e que derrubassem o governo que havia sucedido o czar, derrubasse o governo democrático burguês que havia substituído o czar. Esta posição de Lênin está expressa em outra uma obra decisiva Teses de Abril que recebe este título exatamente porque defendeu esta orientação política em uma conferência em abril daquele ano 1917. Esta tese não era compartilhada por outros agrupamentos e partidos – socialistas revolucionários, social-democratas etc - que compunham os sovietes. Embora Lênin tivesse apoio de alguns setores minoritários desses partidos – socialista revolucionários de esquerda etc -, mas a maioria destas organizações partidárias eram favoráveis a apoiar, a compor e a integrar o governo institucional formado pela Duma após a queda do czar.  Os bolcheviques liderados por Lênin afirmavam claramente que não queriam nada com aquele governo e reivindicavam “todo poder aos sovietes” e que os sovietes estabeleçam não um governo com a burguesia, mas um governo formado pela aliança operário-camponesa transitando, por tanto, da revolução democrático burguesa para a revolução proletária.  Os bolcheviques comandados por Lênin difundiram esta linha, construíram esta linha conquistando a a maioria da classe trabalhadora tanto no campo, na cidade como também nas forças armadas fortalecendo os sovietes, forçando a dualidade de poder, o isolamento e desgastando o governo. O governo a esta altura tinha a frente como Primeiro-Ministro Alexander Kerensky cujo Partido Menchevique integrava os sovietes, mas defendia a aliança com a burguesia russa e da defesa do governo institucional estabelecido pela Duma.  Entre agosto e setembro de 1917, pouco antes da tomada do poder e sob perseguição de Kerensky, Lênin escreve outra obra fundamental O Estado e a Revolução – onde elabora  sua concepção de Estado a partir dos desenvolvimentos teóricos de Marx e Engels - lançado no primeiro semestre de 1918.   Os Bolcheviques rapidamente ganharam a maioria nos centros urbanos, nas forças armadas, no proletariado industrial e com isso construíram a força necessária para constituir os sovietes com poder o que aconteceu em outubro. Liderados por Lênin os bolcheviques comandam a Revolução de Outubro, organizam a insurreição que derruba o governo de Kerensky e entregam o poder para o II Congresso dos Sovietes que foi aberto no dia 7 de novembro de 1917 no Instituto Smolny em São Petersburgo.
Os bolcheviques organizam a insurreição, tomam o poder e entregam aos sovietes. Os sovietes constituem o primeiro governo proletário da história, constituem o primeiro governo soviético e o Primeiro-Ministro deste governo é o líder revolucionário, intelectual téorico marxista, organizador partidário Vladmir Ilych Ulianov Lênin.

Contra-revolução

Durante três anos logo após a Revolução de Outubro a Rússia vive um intensa guerra civil contra-revolucionária formada pelas forças favoráveis a restauração do czarismo, os nobres, a burguesia russa e também as forças políticas que apoiavam o governo de Kerensky como os mencheviques que agora apoiam este bloco contra-revolucionário que desencadearia uma guerra civil brutal durante três anos tentando derrubar o governo de Lênin pelas armas com o apoio dos exército de 14 nações capitalistas. No entanto a Rússia de Lênin com sacrifício heroico derrota as forças contra-revolucionárias – nobres burgueses e traidores da revolução - em 1921 e se consolida o poder soviético.

Nova Política Econômica - NEP

Na sequência Lênin se dedica a reconstrução do país e propõe ao X Congresso do Partido Bolchevique realizado em março de 1921 a aprovação da Nova Política Econômica  - NEP (da sigla em russo). Lênin concebia a NEP como uma etapa de uma espécie de Capitalismo de Estado necessário para a edificação do socialismo na Rússia. A concepção da NEP de Lênin em síntese se caracterizava que em um país de desenvolvimento econômico como a Rússia, na qual era realizado uma revolução proletária, em que a classe trabalhadora havia tomado o poder, para que fosse viável  construir uma economia socialista era necessário antes desenvolver ao máximo as forças produtivas, uma base econômica industrial e agrária que desse condições para a emergência de uma economia de tipo socialista.  De acordo com Lênin este período da NEP de desenvolvimento das forças produtivas o Estado seria controlador, regulador, mas haveria espaço para o mercado, haveria espaço para formas não estatais de propriedade; cooperativas e formas capitalistas de produção, economia mista sob direção do Estado, sob direção do poder soviético e é  este modelo que criaria as condições para a transição ao socialismo.  Lênin propõe por tanto um recuo em relação ao que havia ocorrido durante a guerra civil, as medidas de guerra, no que se refere a estatização de todos os meios de produção e a todas as empresa, indústrias, terras, meios comerciais, fim do mercado, fim da circulação de dinheiro.  Esta medida de guerra aplicada para que vencesse o processo contra-revolucionário de estatização absoluta foi substituída pela NEP, uma espécie de Capitalismo de Estado para promover o desenvolvimento com o objetivo de desencadear a transição para ao socialismo naquele país atrasado e arrasado pela guerra naquele ano de 1921. Lênin adoeceria no final de 1921. Em 1918 Lênin sofrera um atentado a bala e três projéteis três anos depois ainda permaneciam alojados em seu corpo. Lênin dava sinais de artérioesclerose, dores de cabeça insuportáveis, sensibilidade extrema a sons muito elevados o que limitava sua atividade política.  Em maio de 1922 teve seu primeiro Acidente Vascular Cerebral (AVC) e em dezembro daquele mesmo ano o segundo AVC. No dia 28 de dezembro foi fundado a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS). Lênin sofre um terceiro AVC em março de 1923 o que fez com que ele perdesse completamente a fala e as condições de que ele preservasse as suas condições políticas. Com o que lhe resta de forças ainda escreve notas sobre a NEP, notas sobre o risco de burocratização do Estado Soviético, orientações para a Revolução Socialista, nos últimos meses daquele ano perde por completo suas possibilidades de atuação. Em 21 de janeiro de 1924 morre Lênin. Suas ideias são base para toda estratégia revolucionária, combatida pelos capitalistas em todo o mundo, Lênin deixou uma vasta obra teórica com forte sentido prático sobre a hegemonia do Partido, sobre a tomado e o governo do Estado, sobre a construção do socialismo em países subdesenvolvidos. Todas as revoluções democráticas populares até hoje tiveram suas estratégias orientadas pelo marxismo-leninismo e sempre que a esquerda negligenciou a tradição marxista-leninista seguiu em marcha para a derrota ou a capitulação.  Obviamente que Lênin não redigiu uma receita, fórmula ou um manual que pode ser aplicado em todos e qualquer país, mas deixou de legado um método de análise da sociedade e estabeleceu paradigmas de análise sobre o desenvolvimento do capitalismo, sobre a luta de classes, sobre o Estado, paradigmas que são fundamentais de serem estudados, compreendidos e assimilados em todos os processos de transformação.

Lênin deixou um instrumental teórico que permite a classe trabalhadora entender na disputa o inimigo capitalista, como ele se movimenta.

Mas o legado teórico determinante do pensamento político de Lênin é a concepção de que uma vez a classe trabalhadora assuma o Estado deve realizar a transferência do poder político, toda a estratégia somente é eficaz se tem como objetivo e somente é eficiente se atinge este objetivo o de transferir o poder político das classes dominantes para a classe trabalhadora. Para Lênin sem esta concepção no centro da sua estratégia a esquerda está sempre fadada a uma subalternidade as classes dominantes e ao fracasso.

*Bacharel em Comunicação Social, jornalista, integrante da tendência petista Articulação de Esquerda

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