Leros

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§ Enquanto isso, no Departamento de Censura Identitária…
Com açúcar, com afeto
Fiz seu doce predileto
Pra você parar em casa
CENSORA: O macho-alfa não quer parar em casa e ainda ganha doce? Faça-me o favor. Manda trocar o trecho.
...qual o quê
Com seu terno mais bonito
Você sai, não acredito
Quando diz que não se atrasa
CENSORA: Qual o quê digo eu! Não acredito numa submissão dessas.
...você diz que é um operário
Sai em busca do salário
Pra poder me sustentar
CENSORA: Trocar o “me sustentar” por qualquer coisa.
...e ficar olhando as saias
De quem vive pelas praias
Coloridas pelo sol
CENSORA: Cortar os três versos.
...quando a noite enfim lhe cansa
Você vem feito criança
Pra chorar o meu perdão
CENSORA: Arranca esse chorão fora.
...e ao lhe ver assim cansado
Maltrapilho e maltratado
Como vou me aborrecer?
Qual o quê
Logo vou esquentar seu prato
Dou um beijo em seu retrato
E abro os meus braços pra você
CENSORA: Retirando “como vou me aborrecer?”, “qual o quê”, “logo vou esquentar seu prato”, “dou um beijo em seu retrato” e “e abro os meus braços pra você”, dá para ficar o restante.
§ Escrevo textos de humor há mais de 40 anos. Recentemente li o artigo de um psiquiatra dizendo que todo sujeito metido a hilário é maníaco-depressivo. Para sustentar sua hipótese citou um estudo científico com 523 comediantes. A maioria apresentava sintomas próximos do transtorno bipolar e da esquizofrenia. Sempre ouvi de parentes e amigos, quando eu contava um caso, ou quando liam meus textos: “esse Castelo é doido!”. Mas confesso que nunca imaginei que pudesse ser lunático. Quem, no entanto, vai discutir com a Ciência? Um bufão como eu? (se bem que agora temos milhares de palhaços discutindo até com pós-doutores em Farmacêutica e Biotecnologia, mas não é a minha). Juro que não quero refutar a Medicina. Mas fiquei surpreso com a constatação de que posso ser um alienado. Sempre me achei um indivíduo dentro de uma certa normalidade. Estudei em boas escolas, viajei, tive filhos. Só o gosto pelo humorismo destoava das carreiras tradicionais. Até julgava que ser publicitário fosse mais grave em termos psicológicos. Há inclusive uma máxima no meio que diz: não há nenhum criativo, com mais de dez anos em agência de propaganda, que seja normal. Se for verdade - e os psiquiatras também tiverem razão sobre os humoristas - sou duplamente desmiolado. O lado bom é que, até o final do ano, ainda posso virar ministro.
§ - Pai, a economia do Brasil faz aniversário?
- Sim, filhinha, todo ano ela faz.
- Então por que não cresce?
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