CONTINUA APÓS O ANÚNCIO
Alex Solnik avatar

Alex Solnik

Alex Solnik é jornalista. Já atuou em publicações como Jornal da Tarde, Istoé, Senhor, Careta, Interview e Manchete. É autor de treze livros, dentre os quais "Porque não deu certo", "O Cofre do Adhemar", "A guerra do apagão" e "O domador de sonhos"

2484 artigos

blog

Lula é Lênin; Temer é Stalin

"Mamãe detestava Stalin. Milhões de ucranianos – como nós – morreram de fome com a implantação das fazendas coletivas, os kolhozes. Em síntese, o definia como um tirano, cruel e vingativo. Jamais sorria. Tinha a cara do que era", lembra o colunista do 247 Alex Solnik, que nasceu na Ucrânia; "Mas ela sempre falava bem de Lênin. Apesar de ter determinado o fim da propriedade privada, que atingiu diretamente meu avô, pequeno comerciante numa cidadezinha, e gerou conflitos sanguinários entre os que pretendiam ocupá-las e os que se recusavam a sair, ela descrevia o verdadeiro criador do comunismo, a partir das teorias econômicas de Marx, como um homem culto, bondoso e idealista, amado pelo povo, que o chamava de 'paizinho'. E que chorou amargamente a sua morte prematura", diz Solnik

"Mamãe detestava Stalin. Milhões de ucranianos – como nós – morreram de fome com a implantação das fazendas coletivas, os kolhozes. Em síntese, o definia como um tirano, cruel e vingativo. Jamais sorria. Tinha a cara do que era", lembra o colunista do 247 Alex Solnik, que nasceu na Ucrânia; "Mas ela sempre falava bem de Lênin. Apesar de ter determinado o fim da propriedade privada, que atingiu diretamente meu avô, pequeno comerciante numa cidadezinha, e gerou conflitos sanguinários entre os que pretendiam ocupá-las e os que se recusavam a sair, ela descrevia o verdadeiro criador do comunismo, a partir das teorias econômicas de Marx, como um homem culto, bondoso e idealista, amado pelo povo, que o chamava de 'paizinho'. E que chorou amargamente a sua morte prematura", diz Solnik (Foto: Alex Solnik)
CONTINUA APÓS O ANÚNCIO

✅ Receba as notícias do Brasil 247 e da TV 247 no canal do Brasil 247 e na comunidade 247 no WhatsApp.

   Meus primeiros sete anos de vida num povoado da Ucrânia foram também os últimos da era Stalin, morto em 1953.

   Mamãe pulava da cama de madrugada – fizesse o frio que fizesse – para pegar a fila da carne. Se fosse mais tarde a carne acabaria. Às vezes acabava mesmo quando não se atrasava.

CONTINUA APÓS O ANÚNCIO

   Meu pai, operário numa fábrica de tintas fazia, escondido, um bico de pintor de paredes particular depois do serviço para completar o orçamento. Se fosse denunciado, seria preso.

   Nossa família – eu, meu irmão e meus pais – dividíamos um sobrado com outra. Nós, no térreo; eles na parte superior. Uma só cozinha e um só banheiro para todos.

CONTINUA APÓS O ANÚNCIO

   Iacha, irmão da minha mãe tinha vida melhor em Kiev: era fotógrafo de Nikita Krushev, o sucessor de Stalin. Outro irmão dela, médico-legista, também ganhava mais que meu pai operário.

   Funcionária da NKVD – o antigo nome do serviço secreto russo – mamãe se queixava de que o governo só pensava na corrida espacial e na competição com os americanos e não no que faltava à população. O único magazine da minha cidade exibia poucos produtos.

CONTINUA APÓS O ANÚNCIO

   O lema de Stalin era, segundo minha mãe, “alcançar e superar os Estados Unidos”.

   Mamãe detestava Stalin. Milhões de ucranianos – como nós – morreram de fome com a implantação das fazendas coletivas, os kolhozes. Em síntese, o definia como um tirano, cruel e vingativo. Jamais sorria. Tinha a cara do que era.

CONTINUA APÓS O ANÚNCIO

   Sem esperança, preocupada com o que podia acontecer comigo no dia que eu fosse entrar no exército – o treinamento era extremamente arriscado, acidentes e mortes ocorriam – pensava numa coisa só: em fugir do país.

   Mas ela sempre falava bem de Lênin. Apesar de ter determinado o fim da propriedade privada, que atingiu diretamente meu avô, pequeno comerciante numa cidadezinha, e gerou conflitos sanguinários entre os que pretendiam ocupá-las e os que se recusavam a sair, ela descrevia o verdadeiro criador do comunismo, a partir das teorias econômicas de Marx, como um homem culto, bondoso e idealista, amado pelo povo, que o chamava de “paizinho”.

CONTINUA APÓS O ANÚNCIO

   E que chorou amargamente a sua morte prematura.

   Mal comparando, Lula é Lênin; Temer é Stalin.

CONTINUA APÓS O ANÚNCIO

iBest: 247 é o melhor canal de política do Brasil no voto popular

Assine o 247, apoie por Pix, inscreva-se na TV 247, no canal Cortes 247 e assista:

Carregando os comentários...
CONTINUA APÓS O ANÚNCIO

Cortes 247

CONTINUA APÓS O ANÚNCIO
CONTINUA APÓS O ANÚNCIO