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Carla Teixeira

Doutoranda no Programa de Pós-Graduação em História Membro do Conselho Editorial da Revista Temporalidades - Universidade Federal de Minas Gerais - UFMG

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Lula precisa liderar nas ruas, com o povo

"O povo espera Lula para, em conjunto, realizar a revolução democrática que o país precisa e a história exige", escreve a colunista Carla Teixeira

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Em manifestações populares de grande amplitude, as lideranças são necessárias não apenas para “falar com as massas”, mas também para expressar a palavra de fé pública que traduz as aspirações coletivas. Como apontou Antonio Gramsci, o líder “demagogo” (em sentido negativo), constrói um deserto em torno de si ao colocar-se como insubstituível, eliminando possíveis concorrentes. Por sua vez, o líder político de grande ambição suscita o estrato intermediário entre si próprio e a massa, produzindo “concorrentes” e iguais que elevam a capacidade coletiva para a construção de elementos que possam substituí-lo na função de líder. Sob tal perspectiva, nossa história recente traz importantes lições.

As “Diretas Já!”, em 1984, mostraram a importância das lideranças políticas (algumas teriam destacada atuação para a aprovação da Constituição Cidadã, em 1988) e o problema de se definir pautas pontuais para grandes manifestações populares. A campanha pelas Diretas foi massiva e impressionante, mas restringia-se à aprovação das eleições diretas para presidente da República. Como se tratava de um movimento de massa não revolucionário, quando o Colégio Eleitoral (dominado pelos interesses da Ditadura Militar e das forças mais conservadoras e reacionárias do Brasil) não aprovou a Emenda Dante de Oliveira, restou apenas chorar e ir pra casa. As manifestações populares de massa terminaram e então seguiu-se a “transição transada”, “pelo alto”, conciliadora e acomodada.

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Por sua vez, os grandes atos de 2013, tomados de assalto pela direita-verde-amarela, podem ser valiosas lições sobre os riscos de movimentos populares sem lideranças estabelecidas e sem pautas amplas definidas. Tão logo as manifestações cresceram, a Rede Globo de televisão interrompeu sua novela de maior audiência para mostrar o Congresso Nacional tomado por manifestantes. Aquilo que poderia ter significado um aprofundamento democrático, com a ampliação da cidadania, tornou-se motor para um movimento de retrocesso político, econômico, cultural e social que hoje acumula centenas de milhares de mortos, famintos e incontáveis perseguidos por questionarem a política do atual governo.

A partir disso, é importante considerar que o personalismo é um dos elementos mais importantes das nossas culturas políticas. Haveremos de superar este que é recurso utilizado por líderes demagogos, mas seria um erro estratégico negar sua existência em nossa sociedade, assim como um equívoco tático não assumir que Lula é hoje a principal liderança política com palavra de fé pública junto ao povo. A prisão injusta de Lula significou a prisão injusta do Brasil e sua liberdade será coroada com a vitória eleitoral, fruto da vontade popular, que devolverá ao país o projeto de soberania nacional e democracia interrompido pela ação de vendilhões, políticos enganadores do povo e militares traidores da pátria.

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Como recentemente apontaram pensadores e lideranças políticas, Lula, o líder em todas as pesquisas eleitorais para presidente da República, em 2022, deve assumir também a liderança nas ruas com o povo, suscitando estratos que permitam a projeção de novas lideranças para o futuro, dentro de um projeto político soberano e popular de inclusão, justiça social, direitos, liberdade, cidadania, dignidade, respeito e democracia. Para tanto, é necessário exigir o “Fora Bolsonaro” com a consequente punição exemplar de todos os responsáveis pelo genocídio em curso no país, garantindo que os erros do passado (como a anistia concedida em 1979 aos torturadores, assassinos e ocultadores de cadáveres, por exemplo) não voltem para atormentar as gerações futuras tal qual hoje vivemos.

É importante que Lula mantenha diálogo com os representantes de todas as forças políticas e democráticas, mas depois da sua injusta prisão e da campanha nacional e internacional por sua liberdade, parece razoável que as manifestações populares recebam sua voz pelo “Fora Bolsonaro”. Sua presença é esperada como vetor de aglutinação e mobilização popular desde 2018, ocasião em que, às vésperas de ser encarcerado, populares tentaram impedi-lo de deixar a sede do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, em São Bernardo do Campo, aos gritos de “cercar, cercar e não deixar prender”, “o Lula é nosso” e “não se entrega”.

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A força da população organizada, nas ruas, garantirá a derrota dos autoritários, do monopólio dos meios de comunicação, da tutela militar, do parasita mercado financeiro, do imperialismo estadunidense e do fisiologismo político (para mencionar apenas alguns entre tantos problemas urgentes a serem resolvidos). Companheiro Lula, estimado Presidente Lula: vá às manifestações! O povo te espera para, em conjunto, realizar a revolução democrática que o país precisa e a história exige. Com o povo, pelo povo: à esquerda.

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