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César Fonseca

Repórter de política e economia, editor do site Independência Sul Americana

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Lula quer inflação sob controle conservador liberal para salvar capitalismo produtivo

"Fundamental é a costura de alianças de Lula para amarrar a burguesia liberal produtiva ao centro e à esquerda", defende César Fonseca

(Foto: Ricardo Stuckert)
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Por César Fonseca 

Lula, em sua caminhada, pela terceira vez, ao Planalto,  é centro-esquerda que se propõe a uma aliança com a direita liberal para afastar o câncer que está matando o capitalismo produtivo e povo, isto é, o ultra neoliberalismo especulativo fascista, da Faria Lima, incompatível com democracia; na entrevista coletiva à imprensa alternativa, há uma semana, ele lembrou que sempre fora, nos anos 1980, como operário de fábrica que se tornou político, tratado com desconfiança pelos capitães da indústria, os quais reconhecia de direita, porém, preocupados e engajados com o desenvolvimento nacional, ao contrário do que acontece hoje com os capitalistas financeiros especulativos, para quem a industrialização não é mais negócio como fator de reprodução ampliada de capital. É a financeirização econômica destrutiva da soberania nacional.

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Lula  citou, especificamente, Antônio Ermírio de Moraes, poderoso capitalista da Votorantim, que tinha certa ojeriza dele, primeiro, como líder metalúrgico, depois, como líder político, criador do PT; indisposições pessoais à parte, Ermírio, na avaliação, de Lula, era líder empresarial que se sentia envolvido em projeto de desenvolvimento brasileiro, que não tinha nada a ver com o que orienta, hoje, as elites nacionais, sem nenhum compromisso com a produção e o consumo, mas com o faturamento especulativo com a dívida pública, movida a juros de agiota, diante dos quais capitalismo produtivo entra em bancarrota; o capital produtivo, aí, se descola do chão de fábrica para a esfera especulativa, porque a reprodução capitalista não consegue mais se dar no campo produtivo; a mais valia capitalista requer a especulação desenfreada que se amplia no abstrato, no exterior da realidade objetiva. 

LULA-EMPRESÁRIO: ALIANÇA PARA GOVERNAR 

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Ermírio de Moraes, como entende Lula, tinha como objetivo a ampliação da produção de suas fábricas, em primeiro lugar, e do Banco Votorantim, em segundo plano, como instrumento de financiamento delas a juro mais baixo do que o cobrado no mercado, fixado por BC Independente a serviço dos credores da dívida pública; em suma, disse Lula à mídia alternativa,  Ermírio, suas empresas e seu banco, eram componentes da reprodução capitalista produtiva, cuja essência requeria, para se reproduzir, expansão do consumo interno, ou seja, da política salarial e social que Lula, enquanto presidente da República, colocou em prática; isto é, dependia da existência dos salários dos trabalhadores, na linha de Ford, que disse a Roosevelt ser necessário ao trabalhador dispor de renda suficiente para comprar os automóveis que ele produzia; como Ford garantiria reprodução do capital sem os operários assalariados bem pagos para comprar a crédito a mercadoria que fabricava, o Ford 29? Ermírio dependia, portanto, da existência dos Lulas oriundos do Nordeste, transformados, em São Paulo, em operários da sua indústria, com poder de compra suficiente, para a Votorantim expandir suas fábricas de cimento Brasil afora.

POLÍTICA DA DIREITA LIBERAL NACIONALISTA QUE LULA GOSTA

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Delfim Netto, enquanto czar da economia, na ditadura, tinha como prioridade os relatórios apresentados pelos líderes empresariais, com suas reivindicações, encaminhadas por intermédio do Conselho Monetário Nacional, o centro do poder no regime militar; ao mesmo tempo, político em tempo integral, Delfim tinha o outro olho fixado nas movimentações dos sindicatos, alinhados às lideranças, como a de Lula, maior de todas, para evitar greves salariais, que, se detonadas, jogavam a economia na crise de realização de lucros; o subconsumismo, o salário zero ou negativo, na sua máxima extensão do termo, como disse Marx ser objetivo central do capital, era, então, criticado por Delfim e economistas nacionais desenvolvimentistas; por isso, operários esclarecidos, como Lula, brigavam com os Ermírio Moraes da Vida, mas não rompiam, radicalmente, com eles, por mais que dirigissem sindicatos com fortes palavras de ordem, como era o caso do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo, berço do PT e da CUT; conviviam-se dando caneladas um no outro, mas não apostaram no extermínio de ambos, visto se constituírem na infraestrutura básica do desenvolvimento capitalista nacional, ancorado no Estado dirigista, na linha delfiniana.

FUNDAMENTAL: SUSTENTAR VOLUME DE OCUPAÇÃO

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Nesse contexto, cada lado puxava a corda para si, mas recuavam quando necessário, para sobrevivência do conjunto; afinal, sobretudo, dava as cartas a demanda estatal para manter o que interessava ao capital, isto é, o necessário volume de ocupação que continha os salários por meio da oferta monetária/gasto estatal, que, ao elevar a ocupação, reduzia poder de compra dos trabalhadores, fixando salário real que jamais alcançava o salário nominal, por meio de inflação relativa; na corrida preços/salários, levava a melhor o capital; do contrário, porque o capitalista iria investir? Trocar seis por meia dúzia, para atender teoria furada de Jean Baptista Say, de que toda oferta gera demanda correspondente? A demanda, diz Marx, é, sempre, capitalista! Biden, ao chamar de  estúpido filho da puta o repórter da Fox News por questioná-lo quanto ao nível relativamente elevado da inflação americana, no momento, devido à expansão de gastos públicos, para enfrentar a pandemia e a China, quis dizer o essencial: a inflação, para o capitalismo produtivo, não é problema, mas solução; Lula viveu e sobreviveu, até agora, no cenário desse capitalismo que expande gastos para manter elevado o nível de ocupação, porém, com salários, sempre, correndo atrás dos preços; trata-se, na avaliação dele, de opção melhor do que a do desemprego expansionista; este, como o gerado pelo bolsonarismo ultrarradical neoliberal especulativo, produz a desigualdade ao consumar salário zero ou negativo preanunciado por Marx como produto da marcha capitalista rumo ao subconsumismo, à desigualdade social, à deflação, destruidora de capital, enfim, o erro eterno, segundo Keynes.

DIRCEU E A DIVISÃO DENTRO DO PT SOBRE OPÇÃO DE LULA

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Nesse sentido, como lembrou José Dirceu, em entrevista ao “Sua Excelência, o Fato”, para Luís Costa Pinto e Eumano Silva, no 247, o fundamental é a costura de alianças de Lula para amarrar a burguesia liberal produtiva ao centro e à esquerda, numa escalada contra a burguesia financeira especulativa, que requer teto de gastos público para o social, mas extinção desse teto para gasto financeiro especulativo, exponencial, para pagamento de juros e amortizações da dívida, enquanto vai matando o povo de fome; o ideal, lembrou Dirceu, seria repeteco Lula-Zé Alencar; trabalho-capital, para vencer a destruição provocada pela Faria Lima; aqui está o racha(?) que se configura dentro do PT por conta da previsível chapa Lula-Alckmin, visto ser Alckmin, enquanto poder, homem do PSDB, quinta coluna, aliado incondicional da Faria Lima, segundo os articulistas petistas Rui Falcão, José Genoíno, Breno Altman e Pedro Pomar Filho; o fulcro da questão é esse: melhor Lula acompanhado de um aliado do capitalismo produtivo ou de alguém do capitalismo financeiro, tucano ou ex-tucano, como Alckmin? Ou Alckmin se converteu ao jogo lulista para jogar no mar a Faria Lima?

A inflação que Lula quer é a mesma que, agora, deseja Biden, isto é, a que puxa a demanda capitalista com gastos do Estado, na produção e no consumo, não a que alavanca, exponencialmente, a Faria Lima, favorável à destruição total da industrialização, dos empregos, da renda, do consumo, da produção e dos investimentos, ou seja, o silogismo capitalista, que, na ditadura, defendia Delfim. Como destaca o jurista filósofo marxista Alysson Mascaro, é preciso distinguir os diferentes interesses das frações capitalistas, no contexto da luta de classes; Lula sabe disso, por isso, alia-se ao centro liberal capitalista nacionalista para derrotar o ultraneoliberal bolsonarismo radical especulativo fascista antinacional entreguista. 

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