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Helena Chagas

Helena Chagas é jornalista, foi ministra da Secom e integra o Jornalistas pela Democracia

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Lula tem que desativar máquina de manipulação de Bolsonaro

"Lula precisa urgentemente investir em recursos que lhe permitam mergulhar no pântano do adversário", diz Helena Chagas

Luiz Inácio Lula da Silva e Jair Bolsonaro (Foto: Reuters)
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Os bloqueios criminosos das rodovias, finalmente condenado por Jair Bolsonaro, e os atos golpistas pedindo intervenção militar nas portas dos quartéis não terão maior impacto no curso normal das coisas, que levará à posse de Luiz Inácio Lula da Silva em 1º de janeiro. Mas mostram o alcance da influência da máquina de manipulação bolsonarista na opinião pública - e alertam o novo governo sobre a urgência de tomar providências para desativá-la, se quiser governar em paz.

Os distúrbios dos últimos quatro dias do pós-eleitoral, ainda que claramente promovidos por minorias, colocam a vitória de Lula no patamar dos milagres. Na derrota, ficou mais do que nunca exposto o poderio do esquema de Jair Bolsonaro de utilização das redes - e sobretudo da deepweb  - para propagar fakenews e mobilizar adeptos a ir às ruas.

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Na campanha eleitoral, Bolsonaro juntou métodos da velhíssima política de uso da máquina pública - pressionando e ameaçando eleitores que recebem o Auxílio Brasil e outros benefícios, por exemplo - com as novas tecnologias de utilização das redes para disseminar mentiras, convencer e, também, ameaçar e pressionar eleitores.

Nada indica que, ainda que perdendo o poderio da máquina governamental, a espinha dorsal desse esquema de manipulação - o uso das fake news e das redes para mobilização - não continuará de pé. Até porque ele se sustenta num eixo paralelo ao governo, com recursos de radicais de direita da iniciativa privada e, sabe-se, até dos Estados Unidos.

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Foi um milagre que a junção de todo esse poder de manipulação não tenha dado a vitória a Bolsonaro - mostrando que, de fato, ele é um presidente muito ruim. Mas a realidade agora é que, para ter tranquilidade, o Lula eleito com cerca de 2 milhões de votos de vantagem terá que desativar essa bomba.

É lógico supor que a maior parte dos 49% que votaram no atual presidente não são bolsonaristas-raiz, nem radicais de direita. Mas de alguma forma foram enganados e levados a pensar que um governo do PT traria o risco do "comunismo" no país, iria liberar o aborto, dar rédeas à corrupção e fechar suas igrejas.

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Assim como boa parte daqueles que foram pedir intervenção militar ontem na porta dos quartéis terá sido manipulada em seus grupos de whattsapp e outros aplicativos, engolindo lorotas de que houve fraude eleitoral e que quem ganhou foi Bolsonaro.

Com o passar do tempo, no correr do novo governo, é até possível que percebam a empulhação de que foram vítimas. Mas isso pode não ocorrer se continuarem sendo diariamente abastecidos por discursos mentirosos e golpistas. Esse mecanismo de manipulação bolsonarista vai continuar existindo, porque atua abaixo da superfície.

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Na campanha petista, quem chegou mais perto de atingir a máquina digital do bolsonarismo foi o deputado André Janones - ainda assim, vê-se agora, sua ação foi brincadeira de criança perto do que fez o adversário.

O governo Lula não pode e não deve governar na base de fake news, como faz seu antecessor. Mas também não pode ignorar que a bomba continua plantada em seu quintal. Deve cuidar de regulação para limitar a ação em plataformas e aplicativos, mas precisa urgentemente investir em equipes e recursos tecnológicos e pesquisas que lhe permitam mergulhar no pântano do adversário.

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Antes de tudo, o governo - ou até os partidos de sua base, num trabalho paralelo - têm que ser capazes de detectar as ações criminosas de manipulação da opinião pública nos subterrâneos da web e reagir a elas, quem sabe até com uma espécie de "vacina digital" contra as mentiras. Depois disso, é possível que descubramos que o bolsonarismo radical é muito menor do que parece.

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