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Fernando Horta

Fernando Horta é historiador

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Maioridade democrática

Imagino minha querida avó ensinando a Fux, Fachin e Barroso que “quem muito se abaixa, a bunda aparece”

(Foto: Ag. Brasil)
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Minha avó nasceu em 1923 na cidade de Vacaria, no interior do RS. Na época, sem estudo, e filha de mãe solteira, sofreu todo o preconceito e a violência de um estado machista nos anos 20. Tudo o que amealhou na vida, foi com o conhecimento passado pelo senso comum. Dizia, por exemplo, que “quem muito se abaixa, a bunda aparece”. O aviso era uma ode à dignidade. Imagino uma filha de mãe solteira na velha Vacaria (local de criação de gado) tendo que manter a dignidade num mundo em que as mulheres eram classificadas apenas em dois estereótipos: ou era a mãe ou era a puta.

Luiz Fux, presidente do STF – talvez o pior e mais autoritário presidente que por lá passou – quer uma “reunião” com Bolsonaro para “acalmar a situação”. Cansei de dizer que fascista não se “acalma” e que o caminho de Bolsonaro é fustigar as instituições até conseguir o rompimento e o caos. Mas, a bem da verdade, ninguém precisa ter lido nenhum dos professores que escrevem isso desde 2018. Basta olhar o histórico de Bolsonaro desde que assumiu a presidência. Nunca houve mais do que uma semana sem um ataque do fascista às instituições. 

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Edson Fachin assume a mesma posição com relação ao TSE. “Convida” os militares a participarem “mais ativamente” da preparação eleitoral. Quando o atual ministro da defesa (boneco de ventríloquo de Bolsonaro) envia uma nota afirmando que “as forças armadas não estão sendo prestigiadas” o ministro e atual presidente do TSE corre a fazer uma nota carinhosa e quase submissa. Fachin vai precisar suportar o peso da desastrada presidência de Luís Roberto Barroso que – no afã iluminista de “acalmar os ânimos” – abriu o TSE para o escrutínio dos golpistas verde-oliva. Nada do que Fachin, Barroso ou Fux mostrem ou falem vai apaziguar a sanha de Bolsonaro e de seus submissos militares contra a democracia e contra as instituições. Para um exército que mente sobre sua origem (defende que surge no século XVII na batalha dos Guararapes) a democracia é uma concessão deles para os civis, desde que se comportem direito.

Imagino minha querida avó ensinando a Fux, Fachin e Barroso que “quem muito se abaixa, a bunda aparece”. Aqueles que o povo designa para defender o mundo civil dos loucos fardados e armados parecem empenhados em mostrar a bunda da democracia brasileira aos militares. Talvez esperem receber apenas umas palmadinhas e talvez julguem que mostrando a bunda os militares vão ver que não há nada escondido, nem nada a temer da democracia. E este é mais um erro. Todo militar deveria temer mais qualquer cidadão (que lhe sustenta) do que os inimigos imaginários que eles arrumam. Ou o Brasil se torna de vez uma democracia e submete os militares ao poder civil, ou passaremos o resto do século sendo tutorados por figuras do naipe de Pazuello’s e Heleno’s.

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Se a lembrança da minha avó e seus ensinamentos é reconfortante, a imagem da bunda de Fux, Fachin e Barroso é aterradora. Não para a minha psiquê, mas para a democracia brasileira.

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