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Alex Solnik

Alex Solnik, jornalista, é autor de "O dia em que conheci Brilhante Ustra" (Geração Editorial)

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Mar de lama era Lago dos Cisnes

"Nunca um presidente foi acusado de comandar tantos crimes e com provas tão abundantes, enxovalhando o cargo e envergonhando a todos", diz Alex Solnik

Ex-presidente Jair Bolsonaro na porta da sua casa em Brasília (Foto: REUTERS/Adriano Machado)

O indiciamento de Bolsonaro no caso da falsificação dos cartões de vacina é apenas a ponta de um enorme iceberg.

A Polícia Federal está apurando, segundo o relatório do indiciamento, divulgado ontem, algo muito maior, “a articulação de pessoas, com tarefas distribuídas por aderência entre idealizadores, produtores, difusores e financiadores, com atuação em cinco eixos até o presente momento”: 1) ataques virtuais a opositores; 2) ataques às instituições (STF, TSE), ao sistema eletrônico de votação e à higidez do processo eleitoral; 3) tentativa de golpe de Estado e de abolição violenta do Estado Democrático de Direito; 4) ataques às vacinas contra a Covid-19 e às medidas sanitárias da pandemia e 5) uso da estrutura do Estado para obtenção de vantagem, que se subdivide em: uso de suprimentos de fundos (cartões corporativos) para pagamento de despesas pessoais; inserção de dados falsos de vacinação contra Covid-19 nos sistemas do Ministério da Saúde para falsificação de cartões de vacina e desvio de bens de alto valor entregues por autoridades ao ex-presidente Jair Messias Bolsonaro ou agentes a seu serviço e posterior ocultação como forma de enriquecimento ilícito”.

Nunca, na história do Brasil, um presidente eleito democraticamente foi acusado de comandar tantos crimes e com provas tão abundantes, enxovalhando o cargo e envergonhando a todos os brasileiros. 

Será o maior julgamento do STF desde a sua fundação. 

Pela primeira vez um presidente será julgado por uma coleção inédita de crimes, dentre os quais o mais grave é o do golpe de Estado.

No fim do processo, será condenado a uma pena alta, também inédita no que diz respeito a presidentes da República.  

Sua carreira política acabou. Nunca mais será candidato a nada. Inelegível para sempre.

Sua influência também vai se apagar em breve, à medida que fique mais claro para a população que se trata de um criminoso serial da política brasileira. Apoio de um “criminoso serial” dá voto?

Perto dos crimes de Bolsonaro, o mar de lama de Getúlio era Lago dos Cisnes. Getúlio saiu da vida para entrar na história; Bolsonaro saiu da história para entrar na cadeia.

* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.