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Joaquim de Carvalho

Colunista do 247, foi subeditor de Veja e repórter do Jornal Nacional, entre outros veículos. Ganhou os prêmios Esso (equipe, 1992), Vladimir Herzog e Jornalismo Social (revista Imprensa). E-mail: joaquim@brasil247.com.br

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Merval e novos ventos a favor de Lula: redações já demonstram incômodo com o mau jornalismo

"Como esperávamos, a gente não cobriu Lula aqui no Valor, mas o mercado acompanhou", disse jornalista em um grupo de WhatsApp de um dos veículos do Grupo Globo

Lula e Merval (Foto: Felipe L. Gonçalves/Brasil247 | Reprodução)
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Merval Pereira, a pena da família Marinho, escreveu artigo em que prevê a vitória de Lula este ano. O tom é muito diferente do habitual, e poderia ser visto, à primeira vista, como a retomada da lucidez jornalística. Mas não. Merval está apenas ajeitando a vela aos novos ventos, que o chamado mercado já detectou. E que escancaram a subordinação da velha imprensa ao 1% da população brasileira que concentra a riqueza do País.

A miopia que caracteriza os controladores dessa imprensa tem causado mal estar nas redações. Primeiro foram os jornalistas da Folha que lembraram ao patrão que não existe racismo reverso. No dia 19, quando Lula dava entrevista para a mídia independente, jornalistas do Valor, do Grupo Globo, escancararam o incômodo de trabalhar em um veículo que, no frigir dos ovos, não faz jornalismo, mas propaganda ideológica.

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Numa discussão no grupo de WhatsApp, os jornalistas manifestaram o desagrado com a decisão da direção do Valor de ignorar a fala de Lula. "Como esperávamos, a gente não cobriu o Lula aqui no Valor”, disse um deles (vou manter o nome sob sigilo, para que não corram o risco de demissão). "E pegou”, disse outro.

"Só q o mercado acompanhou”, prosseguiu na conversa. "Resultado: mega desmonte em dólar, que ontem fechou na mínima em 2 meses, levando os juros futuros junto”, um deles comentou. Um repórter que cobre a Bolsa disse: 'Beijo na boca da centro-direita'; 'Lula paz e amor'; 'Nada radical’ foram os comentários que ouvi”.

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O apoio a Moro foi tema da conversa. "A gente tava piscando Moro até quando ele ia no banheiro”, afirmou. Os jornalistas disseram que a decisão de publicar uma análise no dia seguinte foi para “não ficar feio”. O jornal disse que Lula vai pegar para o bem ou para o mal. A conclusão da conversa é que a orientação do Valor é para focar no que Lula “não disse”. 

"Como assim?”, perguntou um dos participantes. “Assim: focar no cenário internacional”. Não ficou claro o sentido da frase, mas é possível interpretar que seria associar Lula a Venezuela, Nicarágua, Rússia, China, a nova versão da guerra fria. Por enquanto, não se vê isso nas páginas do Valor.

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Por fim, um jornalista comentou que, na Agência Estado, também houve mal estar por conta da decisão editorial errada de não cobrir a entrevista. "Mas ainda vai se falar que Lula não fez sinalização para o mercado nem falou que fiscal é prioridade e tal”, afirmou. 

O Estadão, do mesmo grupo da Agência, publicou editorial domingo passado em que ataca Dilma Rousseff para tentar desgastar Lula, e responsabiliza a ex-presidente pela crise econômica de 2015/2016, que foi causada pela Lava Jato e o movimento político para derrubá-la, comandado por Eduardo Cunha e Aécio Neves. 

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Intelectualmente desonesto, o editorial não pegou. Talvez Merval tenha se dado conta de que os ventos não mudarão de direção. Boa notícia. Importante é que o transatlântico chamado Brasil avance, e o mercado que siga. Jamais o contrário.

 

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