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André Luiz Furtado

Professor de matemática da UERJ

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Mexeu com a vice-presidência do Brasil, mexeu com os brasileiros

Essa suposta habilidade política de Alckmin tem servido a quê e a quem?

Alckmin e Lula (Foto: Stuckert)
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“Não existe a menor chance de aliança com o PT. Vou disputar e vencer o segundo turno, para recuperar os empregos que eles destruíram saqueando o Brasil. Jamais terão meu apoio para voltar à cena do crime. Seus apoiadores são aqueles que acampam em frente a uma penitenciária” Geraldo Alckmin, o Cordial, 2018.  

Os analistas e jornalistas políticos do campo progressista que hoje fazem campanha para que Geraldo Alckmin seja o vice-presidente do Brasil insistem em classificá-lo como um político de centro que prima pela cordialidade. 

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Cordialidade que teve oportunidade de se manifestar publicamente com a seguinte reação ao atentado a tiros contra a caravana de ônibus de Lula em 2018: “estão colhendo o que plantaram”.    

Mas essa cordialidade não se manifesta somente através de palavras. 

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Que o digam os cerca de 7 mil ex-moradores do Pinheirinho, em São José dos Campos, que numa manhã de domingo de 2012 foram despertados por bombas de efeito moral disparadas de helicópteros e tiveram suas casas destruídas por retroescavadeiras, junto com suas escolas, igrejas, estabelecimentos comerciais, praças e áreas de lazer e foram viver na rua e em áreas de risco.

Quanto à insólita classificação de Geraldo Alckmin como um político de centro, isso talvez seja um dos efeitos do desespero e do pânico causados pelo “bode na sala” que temos na presidência da República. 

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As ações do político Geraldo Alckmin ao longo das últimas 3 décadas não são cordiais e tampouco de centro. São as de um dos mais destacados representantes nacionais da direita neoliberal.

Dedicar toda uma vida à implementação e aprofundamento do neoliberalismo num país onde a metade da população vive em situação de insegurança alimentar e fome é, por definição, não ser cordial. Não ser cordial com a população brasileira.

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E é isso o que importa quando se avalia a possibilidade de que alguém venha a assumir um cargo público eletivo tão importante como o de vice-presidente do país. E não a sua cordialidade com seu círculo de amizades e conhecidos!

Para defender que Geraldo Alckmin seja o vice-presidente do Brasil há quem chegue ao ponto de qualificar como “filigranas” temas como privatizações e autonomia do Banco Central. 

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Talvez matérias como essas sejam filigranas para quem não sofre na pele as consequências de viver em um país latino-americano neoliberal no século XXI, como sempre defendeu Alckmin. 

Mas para os milhões de brasileiros que vivem nas favelas, periferias e sertões isso significa fome, sede e a falta de um teto para se abrigar. 

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Há os que atribuem a Alckmin uma grande habilidade política, qualidade que bastaria, junto com sua  extraordinária cordialidade, para defender que ele seja a pessoa indicada para substituir Lula como presidente do país no caso de que este sofra uma fatalidade ou um golpe de Estado. 

Surge então naturalmente o questionamento: essa suposta habilidade política de Alckmin tem servido a quê e a quem? 

Além de ter servido para promover a ascensão de João Doria no PSDB, serviu para ajudar a construir algumas políticas públicas recentes que mudaram drasticamente a qualidade de vida de milhões de brasileiros e que passo a lembrar a seguir. 

Em 2017, na condição de presidente nacional do PSDB anunciou que os deputados tucanos que por ventura viessem a votar contra a reforma da previdência de Temer seriam punidos. 

A reforma acabou não sendo votada, mas 2 anos depois, quando a proposta voltou ainda mais draconiana com o governo Bolsonaro, Alckmin uma vez mais garantiu que a reforma teria seu apoio pessoal e o de seu partido (partido esse também de centro?). E de fato teve.

Em 2018, criticou a quantidade de sindicatos existentes no país e defendeu a reforma trabalhista da “ponte para o futuro”, qualificando-a como um avanço que estimularia a geração de empregos e modernizaria as relações de trabalho. 

O resultado é que desde a aprovação dessa selvageria aumentaram drasticamente tanto a precarização do trabalho como o número de desempregados - este em cerca de 2 milhões de pessoas, para as quais a reforma trabalhista não foi filigrana. 

De qualquer forma, gosto da ideia de que você tem o direito de discordar de mim e eu tenho o direito de esperar ser convencido de que estou equivocado.

Mas, para tanto, não basta citar supostas qualidades pessoais de Alckmin ou dizer, por exemplo, que ele será um escudo de Lula sem dizer muito claramente escudo contra o que e porque ele e, precisamente ele, que sempre atacou Lula e seu projeto de nação, seria esse escudo.  

Caso seja realmente necessário que o Brasil tenha um vice-presidente com forte histórico de defesa de um projeto nacional oposto ao do presidente para que este consiga governar, as razões para essa necessidade deveriam ser muito bem explicadas. O que até o momento não ocorreu.

E, caso de fato seja assim, isso deveria ser motivo para lamento, protesto e denúncia e não para apoio e torcida entusiasmada, pois isso seria muito mais uma prova da baixíssima qualidade da nossa democracia do que um símbolo da reconciliação e da salvação nacional.

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