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Nêggo Tom

Cantor e compositor.

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Ministra da sucata ou rainha da suástica? O que Regina Duarte vai nos oferecer como cultura?

A minha memória afetiva não me deixa esquecer, mesmo sendo muito criança à época, de clássicos da teledramaturgia brasileira como: Guerra dos Sexos, Vereda Tropical, Roque Santeiro, Vale Tudo, Rainha da Sucata, entre outras

Artista, siga o lado oposto ao da Regina Duarte
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Lembro-me de quando ainda assistia à novelas, que alguns atores eram tão marcantes em suas interpretações, que a ficção os transportava para o nosso cotidiano como se fossem membros da família. A minha memória afetiva não me deixa esquecer, mesmo sendo muito criança à época, de clássicos da teledramaturgia brasileira como: Guerra dos Sexos, Vereda Tropical, Roque Santeiro, Vale Tudo, Rainha da Sucata, entre outras, que tinham no elenco artistas de peso como Fernanda Montenegro, Paulo Autran, Mário Gomes, Lucélia Santos, Lima Duarte, Glória Pires e Regina Duarte. A namoradinha do Brasil. Uma das maiores atrizes deste país.

A sua batalhadora Raquel de “Vale Tudo”, que vendia sanduíche na praia e era desprezada pela filha (Glória Pires), logo ganhou a empatia do povo brasileiro identificado com a sua luta diária para se sustentar. No final, acabou se tornando dona de uma rede alimentos. Destino que a maioria dos trabalhadores do país, só poderiam ter mesmo numa novela. O grito agudo e urgente, que a Viúva Porcina de Roque Santeiro costumava dar quando chamava por sua empregada Mina, hoje viraria meme. O seu “Oh, Mina!”, só não eram mais barulhento do que as pulseiras que Sinhozinho Malta (Lima Duarte) chacoalhava no braço.

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Em Rainha da Sucata, o progresso do ferro velho de Maria do Carmo invadia o high society paulistano, para desespero de Laurinha Figueroa (Glória Menezes), e Regina Duarte, mais uma vez, ganhava a empatia de um público identificado com a sua personagem que, apesar de ter enriquecido, conservava os mesmos hábitos humildes. Regina também já foi a Socióloga divorciada “Malu Mulher”, talvez, o primeiro grito feminista na TV brasileira, numa época em que a emancipação feminina ainda era um tabu e que o preconceito contra as mulheres independentes era bem cruel.

Algumas de suas personagens deveriam ter ensinado à Regina Duarte, que a arte imita a vida. Porém, fora da ficção ela já se dispôs a interpretar papéis um tanto quanto oportunistas e tendenciosos. Quem não se lembra do episódio “Eu tenho medo do Lula”, exibido durante a campanha presidencial de 2002, onde ela apoiava o tucano José Serra? Canastrice pura. Nem Odete Roitman teria sido capaz de emitir uma opinião tão pessimista quanto ao futuro do país. Ainda bem que ela errou.

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Hoje, após 18 anos de sua previsão catastrófica para um possível governo do PT, ela aceitou interpretar um papel que, talvez, seja o mais difícil de sua carreira. A de Secretária Especial da Cultura no governo Bolsonaro. Nem Zé do Caixão a teria incluído num roteiro tão trash. Sua missão será a de substituir um antecessor, cujo as ideias nazistas vazaram por descuido, irritando o chefe e todo o Reich que o cerca. Sua aceitação ao cargo causou certa surpresa e sua gestão já começa a despertar curiosidade. Afinal, apesar de direitista, não consta que ela já tenha flertado com o nazismo alguma vez na vida.

Tudo bem, que ela já relativizou a homofobia do seu novo fhurer, digo, chefe, o comparando a seu pai que, segundo ela, também tinha o hábito de fazer piadas homofóbicas, mas apenas da boca pra fora. Regina Duarte também já disse que Bolsonaro é um doce de pessoa, um homem ao estilo anos 50, com um jeito masculino que vem desde Monteiro Lobato, que chamava o brasileiro de preguiçoso e dizia que lugar de negro é na cozinha. Quando li isto pensei: Será que a Maria de Fátima de “Vale Tudo” não tinha outros motivos para sentir vergonha da mãe?

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Durante uma manifestação na Paulista, em 2017, Regina encenou o episódio “Eu não tenho mais medo”, no qual defendia a “Lava Jato”, durante um protesto do grupo “Vem pra rua”. Ao aceitar o convite para tocar o projeto de criação de uma arte heroica e nacionalista, baseada nos ideais nazistas de Goebbels, ela prova que, além do medo, perdeu o bom senso e a vergonha de se alinhar a algo tão obscuro e inspirado numa das fases mais cruéis da história. Apesar das juras de amor trocadas entre a nova Helena da elite latifundiária e o rei do gado, não creio que tudo que Roberto Alvim disse em seu pronunciamento, seja descartado de uma hora para outra.

Regina, que se declarou católica, começou bem o seu mandato, homenageando a São Sebastião, padroeiro do Rio de Janeiro, postando uma imagem de Santo Expedito. Mal assumiu e já provou que está no mesmo nível de conhecimento do atual governo. Resta-nos saber agora, se a nova namoradinha da Nuremberg que se instalou em Brasília, vai conseguir fazer prosperar o ferro velho que se tornou a nossa cultura, transformando a sucata nazista deixada por Alvim, e que é admirada em segredo por Bolsonaro, numa espécie de renascentismo brasileiro, ou se ela irá apenas incluir a suástica na logo da Funarte.

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Aguardemos as cenas dos próximos capítulos.

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