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César Fonseca

Repórter de política e economia, editor do site Independência Sul Americana

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Mourão fortalece candidatura ao Senado abrindo a Lula os quartéis

"Mourão aduba o ambiente político para que os militares façam opção semelhante, como fator de fortalecimento da democracia", escreve César Fonseca

(Foto: © Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil | Ricardo Stuckert)
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Por César Fonseca 

O pendor democrático do vice general Hamilton Mourão vira arma para atrair votos da frente ampla a sua candidatura ao Senado ao destacar que não há por que os militares não concordarem com vitória eleitoral lulista previsível nas pesquisas eleitorais, sabendo que o jogo eleitoral requer votos para construir representação democrática no parlamento. 

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Se Mourão busca os votos, quando Bolsonaro descarta ele como companheiro para a vice, já que prega, nos bastidores, preferência pelo general Braga para ser seu companheiro de chapa, em tentativa à reeleição, a sorte do ocupante atual do Palácio do Jaburu está lançada. 

Não irá, naturalmente, colocar todos os ovos numa cesta eleitoral, apenas; vai jogar confete na candidatura Lula, defendendo seu direito de disputar, tomar posse e governar, se, devidamente, consagrado nas urnas, pedestal do processo democrático.

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Cria fato político novo opção de Mourão ao pronunciar-se, previamente, pela completa legalidade de Lula na disputa eleitoral, algo contestado por ele, na eleição passada, quando abraçou o bolsonarismo e o instrumento que o alçou à presidência, ou seja, a Operação Lava Jato.

Aduba o ambiente político para que os militares façam opção semelhante, como fator de fortalecimento da democracia; o vice, direta ou indiretamente, avaliza, com seu gesto de candidato, a candidatura Lula, imunizando de rancores de eventuais quarteladas. 

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Pragmaticamente, estaria o candidato petista propenso ou não a aceitar como positivas e alvissareiras as afirmações do general, remunerando-as, politicamente, em simpatia a candidatura dele ao Senado?

Faria ou não parte do jogo lulista de conquistar, desde já, apoio militar democrático ao seu eventual governo, na busca de sustentabilidade parlamentar? 

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POLÍTICA DE MÃO DUPLA

Está, portanto, em cena a construção de uma via política de mão dupla entre o general Mourão e Lula; o vice general garante, ao lançar bases de apoio do meio militar a Lula, o retorno em votos dado por Lula ao gesto de apoio a Mourão; estaria aí configurada ou não uma aliança tácita? 

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O fato é que as palavras de Mourão desarmam espíritos dos quartéis relativamente à candidatura petista à presidência da República. Pintaria ou não bandeira dissuasória dos meios militares ao candidato do PT? 

Para o vice, o retorno de tal investimento político poderia ou não se materializar como vitória previsível dele ao Senado? Por sua vez, como eventual senador eleito, o general se transformaria ou não em interlocutor de futuro eventual presidente petista? 

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Iniciar-se-ia ou não distensão política entre o PT e os militares, caso as pesquisas eleitorais se confirmem nas urnas, quando o adversário Bolsonaro estaria enfrentando crise econômica, a se aprofundar nos próximos meses, com avanço do desemprego, do arrocho salarial, do subconsumismo e da fome em meio às consequências da guerra em marcha na Ucrânia?

CAOS DA POLÍTICA DE PREÇOS DOS COMBUSTÍVEIS

O panorama sombrio imediato para Bolsonaro, nesse jogo de aproximação Lula-Mourão, seria a sua impotência para enfrentar o principal assunto econômico do momento, aqui e no mundo: o aumento de preços dos derivados de petróleo, proveniente da explosão da guerra,, agravada pela política de preços da Petrobrás prejudicial aos interesses dos consumidores.

A dolarização dos preços, obriga o consumidor a suportar tarifa cotada em dólar, enquanto percebe salário em real em escalada de desvalorização cambial, impulsionando inflação; a deterioração dos termos de troca massacra o poder de compra dos assalariados.

Nesse contexto, se Mourão, politicamente, à cata de votos, criticar a dolarização dos combustíveis, fechando com Lula, que faz crítica semelhante, prometendo, desde já, mudança no cálculo do preço da gasolina e do diesel, rompendo com a paridade de preços de importação(PPI), o prejuízo eleitoral será devastador para Bolsonaro.

Bolsonaro, que está sendo pressionado a deixar a política atual como está, ou seja, favorável aos acionistas privados da Petrobrás, enquanto o consumidor nacional se prejudica, perderia, simplesmente, a corrida eleitoral.

O presidente se renderia às pressões de Washington, favoráveis à dolarização e à espoliação do trabalhador assalariado, massacrado pela reforma trabalhista neoliberal, como defende, hoje, O Globo, porta-voz do Império e suas aliadas petroleiras, ou virará a mesa? 

Se não virar, persistindo a política de preços antipopular da Petrobras, a vantagem de Lula aumenta e, consequentemente, também, a do general Mourão, que, inusitadamente, sobe na garupa lulista, cotada para chegar em primeiro lugar.

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