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João Ricardo Dornelles

(Professor de Direito da PUC-Rio; Coordenador do Núcleo de Direitos Humanos da PUC-Rio; membro do Instituto Joaquín Herrera Flores/América Latina; membro do Coletivo Fernando Santa Cruz)

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“Não conseguimos respirar”

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João Ricardo Dornelles

Após quase um ano de pandemia, o governo que melhor encarna o necrocapitalismo neoliberal segue pouco se importando com todas as formas de vida.

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Quando achamos que já chegamos ao fundo do poço somos surpreendidos com algo mais terrível. O horror não tem fim, sempre pode ser muito pior. 

Quando milhares de judeus eram concentrados no Gueto de Varsóvia imaginava-se ser o estágio mais terrível a que se poderia submeter outro ser humano. Algo pior era inimaginável. Pois existia algo pior. Estava por vir os campos de extermínio. Auschwitz foi o modelo perfeito da indústria da morte em larga escala. 

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Pois bem, o governo nazifascista genocida de Bolsonaro adapta a lógica do extermínio ao Brasil do século XXI. 

Auschwitz reaparece no Brasil, em Manaus, em outras cidades brasileiras, no campo, entre os indígenas, quilombolas, nas favelas, nas cracolândias, nas prisões etc. 

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E o governo Bolsonaro não se envergonha de negar o perigo da covid, de boicotar e fazer campanha contra a vacinação, de propagandear um “kit covid” ineficaz e sem nenhum fundamento científico, em debochar de mais de 200 mil mortos (até o momento em estou escrevendo), afinal a tal “gripezinha” só pega em “maricas” e os mais fortes sobreviverão. 

Bolsonaro e seus miquinhos amestrados são a expressão da barbárie contemporânea, do fascismo nos dias de hoje, da perversão, do gozo com a morte alheia, da falta absoluta de sensibilidade humana e a completa negação da alteridade. 

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Pessoas estão morrendo, “não sou coveiro”. 

Não existem ventiladores, “e daí?”

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Quando começará a aplicação das vacinas no Brasil? “No dia D, na hora H”. 

Desde o início da pandemia o psicopata de plantão no Planalto, juntamente com os seus auxiliares terraplanistas fundamentalistas, estimulam descaradamente a disseminação do vírus, negam a ciência e travam uma cruzada santa contra o “comunismo globalista chinês” daqueles que tentam desesperadamente combater a doença. 

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No início de janeiro de 2021 já morreram mais de 200 mil pessoas. Dados subnotificados, o que projeta, na pior das hipóteses, um número três, quatro ou mais vezes superior. 

Muitos de nós durante muito tempo dissemos: “Bolsonaro e seus seguidores além de fascistas, são incompententes. 

Estamos errados. Não são incompententes. São altamente eficazes e eficientes no que se propõem, “limpar o área”, “fazer o trabalho sujo”, potencializar o receituário do capitalismo de barbárie através dos mecanismos da necropolítica. Quanto mais pobres, negros, indígenas, idosos morrerem melhor. É a limpeza. Com uma mescla de características perversas, uma pitada de limpeza étnica com a matança de negros, quilombolas e indígenas, outra pitada de matança generalizada diluída e, por fim, a pitada de darwinismo, afinal “só os mais fortes sobreviverão”. Perfeito como “política social” do terror fascista e do utilitarismo do capitalismo ultraliberal. Quanto mais idosos morrerem melhor, menos gastos com incapazes improdutivos, menos gastos com a previdência social. Afinal, trata-se de uma excelente receita de corte de gastos e equilíbrio fiscal. Viva a economia capitalista. 

Além disso ainda se pode “purificar a raça”, um povo mais branquinho, menos negro, menos amorenado, menos amulatado. E que tal adicionarmos na receita o extermínio indígena? Acaba com essa coisa de terras produtivas ou repletas de riquezas minerais nas mãos de selvagens sub-humanos. 

Está aí, a receita perfeita para um Brasil dos sonhos das “pessoas de bem” (bens???).

Não é incompetência. É um projeto político, necropolítico, do necrocapitalismo. Tem método e tem sucesso com aplausos dos seus seguidores, muitos dos quais também serão vítimas do próprio projeto. 

É a banalização da crueldade, do mal e da morte. Com requintes de  perversão, com deboche, com falta de empatia, com a desumanização do outro. 

O governo Bolsonaro e os que o seguem são a máxima expressão desse mundo novo, dessa nova razão neoliberal, mesquinha, egoísta, individualista, narcisista, onde as pulsões de morte são liberadas e onde tudo é possível. 

São tempos bolsonarianos que se espalham pelo mundo. 

E nós, do nosso canto tropical das Américas, mais uma vez não negamos fogo, reafirmamos nossa posição de vanguarda do atraso. 

Porto, 15 de janeiro de 2021.

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