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Francisco Calmon

Ex-coordenador nacional da Rede Brasil – Memória, Verdade e Justiça; membro da Coordenação do Fórum Direito à Memória, Verdade e Justiça do Espírito Santo. Membro da Frente Brasil Popular do ES

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Nem as Forças Armadas e nem o mercado podem tutelar o governo

Luiz Inácio Lula da Silva (Foto: REUTERS/Carla Carniel)
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Um jornalista da Globonews definiu o “mercado” como investidores que antecipam o quadro econômico e que tem muita importância política, que deve ser ouvido. (As palavras podem não ter sido exatamente estas, mas o sentido foi). 

Há dois rotundos equívocos, a meu juízo, na sua apreciação: primeiro, mercado não tem cidadania, não tem compromisso com a democracia, seu interesse é proporcionar ganhos (e inevitáveis perdas); segundo, o mercado que se revela através das altas variações da bolsa e do dólar, não representa o conjunto dos investidores; os únicos que têm força para fazer oscilar para cima ou para baixo são os mega investidores, o resto é efeito manada, via stop pré-programado ou psicológico.

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Nem a Petrobrás e nem o Banco do Brasil perderam valor patrimonial e nem perspectivas de lucros com a vitória do Lula, entretanto, fizeram depreciar suas ações, não por razões de precificação, mas para efeito político, porque querem impor alguém do mercado no ministério, preferencialmente no da Fazenda, como o Henrique Meirelles. 

As empresas de varejo tendem a vender e lucrar mais à medida que haja a recomposição do salário mínimo e a geração de empregos, além do bolsa família, contudo, estão caindo na bolsa de valores. 

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É tanta esquizofrenia que eles desvalorizam os seus próprios ativos (empresas), que estão lá para serem capitalizados e valorizados.  Depois esquecem porque os pequenos investidores foram sumindo da bolsa.

Esse é o modo operandi do mercado para influir na política, é pernicioso, danoso, escalafobético, insensível ao social, jogam pesado sem se incomodar com as consequências econômico-sociais e políticas. 

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Portanto, essa entidade abstrata denominada “mercado” é sinônimo de mega investidores, apátrida e sem compromissos com o bem-estar do país, e os demais não apitam. 

Este mercado se acha acima da Constituição Federal e é indiferente à miséria e ao desemprego que grassa no país.

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O mercado financeiro brasileiro quer enquadrar o Lula conforme seus interesses. Ocorre que o presidente tem que cumprir a Constituição, especialmente o artigo terceiro. 

Não deveria ter representação no governo Lula, até porque, em última instância, trabalhou contra a candidatura vitoriosa. 

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Isso não significa ser hostil ao mercado financeiro, mas colocar limites em seu irracional rentismo e sua irresponsável agitação com fins políticos, muito semelhante ao movimento fascista dos bloqueios de vias públicas. 

Irresponsável porque conhece o presidente Lula de dois outros mandatos e sabe que sua trajetória na presidência foi de responsabilidade fiscal, ocasionado superávits e uma polpuda reserva cambial. 

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Então, por que do histerismo, senão pressão política para torná-lo refém, se ceder agora, cederá em outras ocasiões.  

O mercado está fazendo temporário haraquiri, pois são as empresas e os acionistas na bolsa os prejudicados.

As forças de direita que se juntaram na ampla frente eleitoral, o fizeram para derrotar o Bolsonaro, destarte, não sejamos ingênuos em achar que as contradições e interesses divergentes acabaram. 

A mídia já está mostrando suas garras pró mercado novamente. Não será um mar de rosas a travessia até 2026. E a esquerda que se cuide para não perder o bonde.

Nem as forças armadas e nem o mercado podem tutelar o governo. O poder emana do povo, conforme artigo 1°, parágrafo único, da Carta Magna, logo, o único tutor da nação é o povo brasileiro.

Ainda a propósito da formação do governo. 

A academia (escolas e faculdades) tem papel relevantíssimo na formação de gerações, seu corpo docente é merecedor das maiores deferências da sociedade.   

É ela responsável por suprir o mercado de trabalho, a cultura, a ciência, o desenvolvimento tecnológico, e refletir os valores e contravalores ideológicos de uma dada sociedade. 

Seus prefessores e pesquisadores são especialistas na arte de passar e motivar o saber no corpo discente, nem sempre reconhecidos e valorizados; somente a vocação sustenta esses valorosos profissionais, mal remunerados e pouco dignificados.

Alguns desses chegam a exercer a administração de colégios, faculdades e universidades, adquirindo uma outra experiência, a da gestão.  

A maioria, porém, fica na cátedra, e são excelentes profissionais na didática e na pedagogia de ensinar e fomentar a busca do conhecimento. São maestros na arte do falar, da narrativa e da motivação e convencimento.

Em regra, não estão preparados para ocupar um Ministério, que requer experiência de gestão e de política.

Um excelente professor de medicina ou de direito não é sinônimo de bom médico ou bom advogado. Podem ser da mesma área, mas de ofício diverso, o de ensinar e o de operar. 

É legítimo, mormente quando contribuíram com a campanha, almejar uma indicação. Sabemos que Lula nutre sentimentos de gratidão e de amizade elevados, contudo, por mais penoso que seja entristecer um amigo ou correligionário muito próximo, é frustrar as expectativas dos brasileiros.

Parentes sanguíneos ou de afinidades não são por si ministeriáveis.

A dose de erros cometidos nos governos Lula e Dilma, especialmente na área da economia e do direito (ministérios e indicações ao Judiciário), foi suficiente para desvirtuar o caminho da história que estava sendo construída.  

Se o Brasil não é para amadores, as instâncias superiores do Judiciário também não.

Por fim, sugiro que o anúncio da equipe ministerial seja por bloco em vez de um a um, para ir passando uma ideia de conjunto.

E que cada conjunto tenha um compromisso com metas positivas, e não defensivas como no modelo vigente; meta de geração de postos de trabalho, metas de moradia, metas de reforma agrária, metas de redução da miséria, metas de redução das queimadas, metas de arrefecimento do efeito estufa, metas de redução das doenças endêmicas, metas de desenvolvimento tecnológico, metas de segurança pública, metas de educação e cultura, metas de memória e reparação aos indígenas, negros e atingidos da  ditadura militar, e por aí vai.

Um programa de metas por bloco, com respectivo cronograma, que possibilite a sociedade acompanhar e colaborar.

Como cantava a magnífica Gal Costa: é preciso estar atento e forte. Sempre!

Como a fênix, em seu voo de renascimento, que seja magistral, levando o Brasil para um lugar bem melhor e seguro.

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