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Emir Sader

Colunista do 247, Emir Sader é um dos principais sociólogos e cientistas políticos brasileiros

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Nem liberal, nem populista: Bolsonaro é um aventureiro

"Bolsonaro tem um governo neoliberal, centrado politicamente nos militares e no Centrão. Busca a reeleição e age para poder competir com o PT nas eleições de 2022", resume o sociólogo Emir Sader ao avaliar o projeto de poder de Jair Bolsonaro

Jair Bolsonaro (Foto: Divulgação)
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Nem liberal, nem populista: Bolsonaro é um aventureiro 

O neoliberalismo chegou reivindicando a liberdade de todos contra o Estado. Até que quem levou seu modelo à prática na América Latina foi o maior ditador que tivemos: Pinochet. Como explicar isso?

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Por que não se tratava da liberdade das  pessoas, mas da liberdade do mercado, que se valia da pior ditadura militar para se impor. Revelando que uma coisa é o liberalismo como sistema político, outra é o modelo econômico, o neoliberalismo. Este se impunha acompanhado de uma ditadura militar com Pinochet.

Agora se instala a confusão, quando um governo como o do Bolsonaro, promove uma intervenção na Petrobras ou implementa uma ajuda emergencial, se evoca figuras como anti-liberal, populista, intervencionista, para tentar desqualificá-lo.  Que só geram confusão.

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Bolsonaro teve uma trajetória errática ao longo dos seus mandatos parlamentares. Chegou a se pronunciar duramente contra as privatizações. Como aventureiro que sempre foi, ficou buscando um espaço no qual poderia se projetar.

Nas manifestações de 2016 conquistou bases tucanas radicalizadas, projetando-se como líder da oposição de extrema direita. Quando se  deu conta que poderia ser o candidato da direita, aderiu ao neoliberalismo, incorporando Paulo Guedes à sua equipe, para ganhar o apoio do grande empresariado e da mídia. Foi uma atitude oportunista, instrumental. 

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Quando Bolsonaro começou a se colocar o objetivo da reeleição, afetou várias vezes a política do Paulo Guedes, como no caso do auxílio emergencial. Agora, no caso da Petrobras, ele se deu conta que os critérios de preços da empresa prejudicam os caminhoneiros e a população em geral. Com sua visão paranoica, atribui a um complô para debilitá-lo, com a elevação sistemática do preço dos combustíveis, que prejudicaria sua imagem na população.

Sua intervenção na Petrobras tem o sentido de brecar os critérios de fixação do preço dos combustíveis pelo mercado internacional, sem levar em conta nem que o Brasil produz aqui os combustíveis nem, principalmente, os efeitos sobre a população. A primeira declaração do militar a ser nomeado para presidir a Petrobras inclui os interesses da população na fixação do preço dos combustíveis, o que bastou para provocar o pânico no chamado “mercado”, isto é, nos grandes especuladores e nos meios neoliberais da mídia.

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Bolsonaro o faz não por ser liberal ou antineoliberal, não por ser populista, mas simplesmente tendo em vista seu objetivo central: a reeleição. Da mesma forma pela qual implementou o auxílio emergência e busca uma fórmula quase impossível de retomá-lo. Tudo com os olhos postos nas pesquisas, onde a sua rejeição aumenta aceleradamente e seu apoio diminui.

Por seu estilo de discurso e de governo, Bolsonaro é frontalmente autoritário e anti-liberal no sentido do sistema político. Tornou-se neoliberal por conveniência. Mas se dá conta que seu projeto de reeleição se choca frontalmente com o teto de gastos do modelo neoliberal. 

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No caso da Petrobras se dá o mesmo. Ele considera que deve controlar os reajustes, porque sua frequência e os critérios altos, prejudicaria sua imagem. Não tem a ver com uma concepção intervencionista ou anti-neoliberal, assim como a concessão do auxílio emergência não tinha a ver com concepção supostamente populista, mas com o apoio que considera indispensável para sua reeleição. 

Bolsonaro não se orienta por ideologia, mas por politica, pelo seu projeto de reeleição, pelo qual age de uma ou outra forma. Quando aparece ferindo a politica do Paulo Guedes, imediatamente da’ passos para avançar nas privatizações, como garantia para os grandes empresários e a midia neoliberal. Mas não deixa de lado nem as tentativas de auxilio que podem ferir o teto de gastos, nem os projetos de acao sobre as estatais, para tentar impor seu controle direto sobre elas.

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Ele não é liberal ou neoliberal por adesão. Como se diz que a burguesia não tem partido, usa um ou outro, conforme suas conveniências. Bolsonaro tem um governo neoliberal, centrado politicamente nos militares e no Centrão. Busca a reeleição e age para poder competir com o PT nas eleições de 2022. 

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