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Leonardo Attuch

Leonardo Attuch é jornalista e editor-responsável pelo 247.

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Nikolas Ferreira presidente do Brasil?

Nikolas Ferreira é um dos principais instrumentos do neoliberalismo no Brasil e não pode ser subestimado

Nikolas Ferreira (Foto: Reprodução/TV Câmara)
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– Você não pode falar o que pensa sobre a Terra plana?

– Eu posso ser sincero? Eu nunca nem estudei isso. Eu nunca parei para pesquisar isso. Eu não me importo se a Terra é plana, oval ou quadrada. Quer saber? Caguei. 

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Este diálogo entre Nikolas Ferreira (PL-MG) e uma jovem viralizou na noite de ontem, depois que o deputado mais votado do Brasil nas últimas eleições, com mais de 1,4 milhão de votos, foi eleito presidente da Comissão de Educação da Câmara dos Deputados.

Antes dessa declaração, Nikolas já ganhava destaque nas redes sociais explorando o pânico moral da sociedade brasileiro em temas como o dos banheiros nas escolas e o estímulo à transfobia. 

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Nikolas, evidentemente, sabe que a Terra é redonda. Teve acesso à boa educação, se formou em direito e possui bom domínio das técnicas de oratória. Seu elogio à ignorância e ao negacionismo, no entanto, faz parte de uma estratégia deliberada da extrema direita, que é o ataque sistemático à educação e à cultura, que são esferas de poder muitas vezes inalcançáveis para os despossuídos.

Da mesma forma, ele não se importa se uma adolescente trans frequenta ou não um banheiro feminino. O que Nikolas descobriu foi um atalho para o poder e para a alta roda dos bilionários, que financiam políticos capazes de seduzir eleitores e ao mesmo tempo subservientes aos seus interesses. Por isso, não faz nenhum sentido tratá-lo como um ignorante. Ele está muito mais próximo da figura do espertalhão do que do beócio.

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Como presidente da Comissão de Educação da Câmara dos Deputados, ele já anunciou uma de suas primeiras pautas: o homeschooling, ou ensino domiciliar, que retira as crianças das escolas e dá aos pais ou tutores – quem sabe, pastores – o poder de educá-las. Afinal, em casa ou nas igrejas, as crianças estariam livres da "ideologia de gênero", do "gayzismo", do "banheiro unissex" e até do "método Paulo Freire". Estariam protegidas pelos pais.

Será que Nikolas realmente se preocupa com isso? Provavelmente, não. Seus filhos frequentarão as melhores escolas do País e serão educados por bons professores. Mas já existem vários estudos acadêmicos que comprovam como o homeschooling está diretamente relacionado à ideologia neoliberal e vem sendo estimulado nos Estados Unidos, no Brasil e em outros países ocidentais como forma de reduzir os gastos do estado com a educação pública e de qualidade. Com menos recursos investidos nas salas de aula, sobra mais dinheiro para o rentismo. Com mais ignorância na sociedade, sobra mão-de-obra barata para a superexploração do trabalho.

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Nikolas, portanto, é hoje uma das principais armas do neoliberalismo no Brasil. É amigo de bilionários, estará sempre ao lado das pautas neoliberais e reacionárias no Congresso e tem uma diferença crucial em relação aos neoliberais da geração anterior: ele tem eleitores. Basta comparar seu desempenho, com 1,47 milhão de votos em 2022, com o de Aécio Neves (PSDB-MG), que teve 85 mil votos na mesma eleição.

No passado, as elites eram capazes de impor governos neoliberais "limpinhos e cheirosos" a partir do filtro dos meios de comunicação tradicionais. Entretanto, Donald Trump, nos Estados Unidos, e Jair Bolsonaro, no Brasil, demonstraram como o populismo de direita e as novas técnicas de comunicação foram capazes de quebrar as barreiras que antes impediam eleições de personagens como Nikolas Ferreira e tantos outros. 

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Portanto, não será surpresa se, depois da superação do bolsonarismo, o setor civilizado da sociedade brasileira tiver que enfrentar um desafio ainda mais perigoso: o de impedir que Nikolas Ferreira seja presidente do Brasil. Uma classe dominante que chancelou a chegada de Jair Bolsonaro à presidência da República não terá pudor algum em fazer o mesmo com Nikolas, que, de burro e terraplanista, não tem nada. Abaixo, seu vídeo:

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