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Ronaldo Lima Lins

Escritor e professor emérito da Faculdade de Letras da UFRJ

203 artigos

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No fim da fila

Uma luz verde se acende no horizonte: do hemisfério norte, perguntado sobre Jair Bolsonaro, Joe Biden, o recém empossado Presidente dos Estados Unidos, achou melhor substituir os discursos por um riso. Disse o suficiente. Se nem assim o Congresso Nacional não se fizer presente na conjuntura, tomando as providências necessárias para que, internacionalmente, deixemos de cair no ridículo, é porque dissolvemos o resto de nossa dignidade numa lata de leite condensado

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Num de seus livros, o grande escritor austríaco Stefan Zweig imaginou que o Brasil seria o país do futuro. Ele e a maioria dos brasileiros acreditaram nisso. Infelizmente, como relembra o ditado francês que De Gaulle gostava de citar, o futuro dura muito tempo. Já estamos nós há muito no futuro e verificamos, entre abismados e decepcionados, que entramos no capítulo das negativas. 

Na educação, na indústria, na saúde, na construção civil, na qualidade na administração pública, damos a impressão de caminhar para trás. Temos, provavelmente, sem dúvida, o pior presidente num ranking mundial de estadistas, onde não falta gente de boa e de péssima qualidade. Isso para não falar na Covid 19, sobre a qual o Instituto Lowy, baseado em Sidney, entre 98 países, nos colocou na derradeira posição do ponto de vista da forma de lidar com a pandemia.  Ninguém parou para examinar a qualidade da linguagem, algo não considerado, talvez, de importância prioritária. Mas o ocupante do palácio do governo, em entrevista coletiva, novamente desceu de nível e literalmente ofendeu a imprensa com aquilo que a sua imaginação lhe permite.

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 Se atribuíssemos valor às palavras, completaríamos um quadro de despertar inveja aos fracassados entre os notáveis nas figuras de relevo. E ainda discutimos, cheios de hesitação, em torno do dilema de promover ou não um impeachment. Nos requisitos de falta de decoro, os antecedentes que acumulamos se mostram muito aquém do que se passa no momento e fomos mais ferozes, sem hesitar em estremecer os pilares da democracia. Pagamos o preço que agora, pelo visto, temos de pagar. Nos dois lados da luta política, em termos de elegância, na situação e na oposição da época, o episódio de 2016 oferece um contraste de despertar tremores aos mais fleumáticos avaliadores do nosso presente político. 

Não resta dúvida que aqui também batemos o martelo no ranking da deselegância. A grosseria do nosso Presidente é de tal ordem que provoca a suspeita de ser uma estratégia, uma areia nos olhos, para que desviemos a atenção dos nossos reais problemas, na verdade muito graves. Integramos um universo de estatísticas. Basta uma lida num jornal diário e comprovamos como, em números, os nossos comportamentos sociais não andam bem. A epidemia, é claro, contribui para os desenvolvimentos negativos. Mas, além dela (e da péssima gestão com que a enfrentamos), existem os indicadores que não gostam de mentir. Com a chegada das vacinas, não conseguimos deixar de nos assustar. 

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Ogeneral do Ministério da Saúde tropeça inclusive nas tentativas de esconder o que salta aos olhos: uma desorganização gritante na logística de aplicação dos imunizantes. Velhos, jovens e pessoas maduras aguardam de braços cruzados que Deus, lembrando-se de nós, poupe-nos da condenação. 

 Uma luz verde se acende no horizonte: do hemisfério norte, perguntado sobre Jair Bolsonaro, Joe Biden, o recém empossado Presidente dos Estados Unidos, achou melhor substituir os discursos por um riso. Disse o suficiente. Se nem assim o Congresso Nacional não se fizer presente na conjuntura, tomando as providências necessárias para que, internacionalmente, deixemos de cair no ridículo, é porque dissolvemos o resto de nossa dignidade numa lata de leite condensado.

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