No país dos chatos não se pode ser feliz

Caiu nas redes sociais um vídeo que mostra o ex-ministro Zé Dirceu em um evento social. Nele, aparece uma mulher, sua esposa, indo ao seu encontro enquanto toca um samba. Bastou isto para o vídeo ocupar páginas de jornais e noticiário de televisão. O que nenhum dos que estão distribuindo o vídeo falam, nem nos grupos em redes sociais, nem nas notícias, é que se comemorava um aniversário. O da esposa, a senhora Simone Tristão.

No país dos chatos, até o aniversário da esposa do Zé Dirceu virá notícia nacional. Ávidos por novas notícias, já que a Globo News não deu nada sobre o caso de racismo do William Waack, até a poderosa agora busca batizado de bonecas para tentar tirar o foco do seu apoio ao jornalista.

Em um país que está tendo o seu patrimônio vendido a preço de banana, e que a maioria da população está em um silêncio tumular. Os golpistas devem achar que um preso político não pode ser feliz.

Nos tornamos uma sociedade punitivista. O que se busca por meio da aplicação de pena não é justiça, mas a imposição de sofrimento ao apenado. Lacan e Foucalt falam bem sobre isso. Com recortes diferentes vislumbram muito mais a ideia de vingança e do "prazer" decorrente dela do que qualquer outro elemento. E é isto o que se busca com a divulgação de um vídeo como este, onde se comemora, nada mais que o aniversário de uma esposa.

Zé Dirceu estava entre amigos e não tinha nada a esconder.

Deveria ele, não comemorar a data, ou buscar um esconderijo para celebrar a data? Não! A hipocrisia destilada em gotas de veneno, como cobra venenosa, só atinge aqueles que, como Geddeis e suas malas, Temers e suas gravações, Aécios e seus crimes, tem o que esconder. Zé Dirceu, assim como eu e você, tem todo o direito de ser feliz.