Nobel da Paz soltaria Lula

Por Alex Solnik, para o Jornalistas pela Democracia

O percurso de Abiy Ahmed Ali no poder foi o exato oposto do de Bolsonaro.

Em maio de 2018, um mês depois da posse, o premiê da Etiópia anistiou mais de 7.600 presos políticos, dentre os quais o condenado à morte Andargachew Tsege e decretou o fim da lei antiterrorista que era usada como pretexto para repressão política por seu antecessor. 

A 4 de junho, por sua iniciativa, o Parlamento aprovou o fim do estado de emergência.

Ainda em junho, Abiy  ofereceu a cidade fronteiriça de Badme à Eritreia, cumprindo os termos do Acordo de Argel de 2000.

A 8 de julho, Abiy se tornou o primeiro líder etíope a se encontrar com um homólogo da Eritreia em mais de duas décadas, na cúpula Eritreia-Etiópia. 

No dia seguinte, os dois assinaram uma "Declaração Conjunta de Paz e Amizade" declarando o fim das tensões e concordando, entre outras questões, em restabelecer as relações diplomáticas; reabrir links diretos de telecomunicações, rodovias e aviação; e facilitar o uso etíope dos portos de Massawa e Asseb . 

Ele também decretou o fim da censura à imprensa e restabeleceu todos os direitos individuais dos cidadãos etíopes.

E não se atemorizou nem mesmo quando quase foi assassinado num atentado, em Adis Abeba, a 23 de junho de 2018 - uma granada explodiu a apenas 17 metros de onde ele estava, matando duas pessoas e ferindo 165.

Bolsonaro pegou um Brasil democrata e o está transformando em ditadura; Abiy Ahmed Ali pegou uma Etiópia ditatorial e a está democratizando.

Abiy Ahmed Ali foi agraciado, hoje, com o Nobel da Paz, a maior honraria do planeta, enquanto Bolsonaro disputa o posto de vilão número 1.

Se fosse presidente do Brasil, o premiê etíope soltaria Lula; se Bolsonaro fosse presidente da Etiópia, mandaria prender Abiy Ahmed Ali.