Notas dignas de nota
Se for mentir, melhore sua segurança pessoal

I.
Jair adorava mentir. Um dia, ele saiu gritando pelas ruas da cidade: “ei, os comunistas venezuelanos estão invadindo a Amazônia!”. Todo mundo correu para a floresta. Só que, chegando lá não tinha invasão coisa nenhuma. Passou um tempo e lá veio o Jair mais uma vez, aos berros: “ei, os comunistas venezuelanos agora tomaram o rio Amazonas, façam alguma coisa!”. Foi uma loucura, gente indo às pressas tentar salvar aquele colosso. De novo, tudo balela.
Dias depois, Jair botou a cara na janela e avisou: “ei, os comunistas venezuelanos entraram aqui em casa e estão me sequestrando, socorro!”. Quanto mais urrava, mais o povo desencanava. Botar fé naquele Pinóquio? Nunca mais! Acontece que, daquela vez, era verdade. O serviço secreto da Venezuela se encheu de tanta palhaçada e carregou Jair para um presídio em Caracas.
MORAL: se for mentir, melhore sua segurança pessoal.
II.
Andando pela Lapa vi escrito numa faixa de pedestres na Pio XI: “calma!”. Inclusive, numa tipologia bem chamativa. Pelo que entendi a palavra era um pedido aos motoristas para que, na região, diminuíssem a velocidade de seus bólidos. O que evitaria atropelar os passantes. Chamou-me atenção, no entanto, o tom desesperador dessa calma. Não era uma mansidão qualquer, mas uma CALMA! Quando órgãos de trânsito precisam apelar para tais expedientes é hora de nos desassossegarmos.
III.
Nunes Marques, como este sobrenome, poderia ser um ministro plural. No entanto, é mais singular do que a própria singularidade. Seus despachos monofônicos, o mantém na mesma tecla, num xaxado de uma nota só a favor do poder estabelecido. Junto com Aras e Lira forma o triunvirato do in statu quo res erant ante bellum. O magistrado não parece ter nascido no Piauí. Um estado que, à época das lutas pela independência, foi dos mais aguerridos. E, de aguerrido, Nunes Marques não tem nem o barbante da toga. Não passa de um yes-man.
IV.
Reunião no salão de festas de um condomínio de prédios. Um marido, com a esposa ao lado, revela algo sobre seu casamento para um grupo enorme formado por familiares e todos os condôminos e funcionários do residencial.
Marido (num púlpito): Esta é a minha esposa. Trouxe ela aqui, na presença de vocês, para dizer uma coisa: essa mulher não funciona. É falsa, trai. Tudo de ruim. E os meus inimigos ainda ficam dizendo que ela é ótima. É mentira. Como fica difícil comprovar, quis que todos nessa reunião soubessem. Era isso. Muito obrigado.
Não se ouve aplausos no ambiente. Em seguida, todos saem do salão em silêncio.
Cai o pano.
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