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André Luiz Furtado

Professor de matemática da UERJ

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O Afeganistão nosso de cada dia

“O Afeganistão é aqui, onde a cada 6 horas e meia uma brasileira é vítima de feminicídio. Aqui, onde a cada 60 minutos quatro meninas brasileiras com menos de 13 anos são estupradas e onde cerca de 15 mil crianças brasileiras desaparecem todos os anos"

(Foto: Reuters)
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A reação discursiva brasileira dominante à retomada do poder por parte do talibã no Afeganistão demonstra de maneira cristalina quão grande é a dominação cultural a que estamos sujeitos. 

Sinteticamente, essa reação pode ser resumida como “pobres mulheres afegãs, agora voltarão a viver sob os ditames da Xaria”. Xaria, o conjunto de leis baseadas e inspiradas no Alcorão que agora rege o Afeganistão, da mesma forma que regia antes da invasão estadunidense ao país há 20 anos e que resultou na morte violenta de dezenas de milhares de civis afegãs e afegãos, adultos e crianças, e que não contaram, ao longo dessas duas décadas, com a onda de solidariedade brasileira que agora se destina às “vítimas” das leis afegãs do... Afeganistão.

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Também não contam com essa solidariedade as mulheres da Arábia Saudida, no Iémen, dos Emirados Árabes Unidos, do Catar e outros países mais, que também vivem sob a Xaria, porém aliados dos Estados Unidos. 

Aqui não se trata de defender a Xaria, ou o talibã, mas de rechaçar o domínio cultural imperialista que nos impõe pautas e alvos equivocados, cortinas de fumaça que encobrem a constante violação do Direito Internacional e os recorrentes crimes contra a humanidade perpetrados pelo intervencionismo estadunidense. Intervencionismo esse que tem como um dos seus muitos “filhos” o próprio talibã. 

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Aqui não se trata de defender a Xaria, ou o talibã, mas de rechaçar o domínio cultural imperialista que sub-repticiamente nos dá a falsa sensação de superioridade sobre outras culturas e que encobre o fato de que o Afeganistão é aqui. Aqui onde a cada 6 horas e meia uma brasileira é vítima de feminicídio. Aqui, onde a cada 60 minutos quatro meninas brasileiras com menos de 13 anos são estupradas e onde cerca de 15 mil crianças brasileiras desaparecem todos os anos."

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