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Luciano Teles

Professor adjunto de História do Brasil e da Amazônia da Universidade do Estado do Amazonas (UEA) e autor de artigos e livros sobre a história da imprensa operária e do movimento de trabalhadores no Amazonas.

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O assassinato de Dom e Bruno não foi um ato isolado

(Foto: REUTERS/Bruno Kelly | Arquivo Pessoal)
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Nos últimos quatro anos os assassinatos políticos aumentaram vertiginosamente. Falar deles é triste e revoltante. Triste porque são vidas que violentamente são interrompidas, causando dor familiar e comoção social. Revoltante em virtude dos motivos que impulsionaram esses assassinatos e da contaminação política e ideológica que tomou conta de grande parte das instituições policiais e judiciais, que intencionalmente fazem “vista grossa” e/ou ignoram esses crimes políticos. 

De tantos assassinatos políticos – de lideranças indígenas, ambientalistas, camponesas, dentre outras – fica até mesmo difícil iniciarmos este assunto sob pena de ocultar/silenciar sobre pessoas e lideranças importantes que acabaram dando a sua vida pela defesa do meio ambiente e das populações tradicionais, pelo acesso a terra para produção e sobrevivência humana, pela batalha contra a desigualdade social, etc. 

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Apesar do risco exposto acima, não há como não iniciar este artigo sem mencionar o assassinato de Marielle Franco (14 de março de 2018) e toda a história envolvida nele, desde os personagens (ex-policiais Élcio de Queiroz e Ronnie Lessa), as ligações deles com Jair Bolsonaro e sua família (Ronnie Lessa, por exemplo, morava no mesmo condomínio que Jair Bolsonaro), até mesmo as diversas intervenções feitas por esta família nas investigações policiais, seja no âmbito estadual (RJ) ou federal. Neste assassinato político, três coisas ficaram explícitas: 1) a rede de relações com as milícias, 2) o discurso de ódio e o estímulo à violência e 3) a ação concreta para eliminar/matar o “inimigo”. 

A partir dessas linhas de ação, fomentadas diariamente por Jair Bolsonaro, outro episódio revoltante diz respeito ao assassinato (11 de janeiro de 2022) de um casal ambientalista, José Gomes, conhecido como “Zé do Lago”, e sua esposa Márcia Lisboa, além de sua filha, Joene Lisboa. Eles foram mortos a tiro em São Félix do Xingu, sudeste do Pará, localidade em que moravam e em que desenvolviam projetos ambientais. Da mesma forma, no dia 1º de novembro de 2019, foi assassinado (por um grupo de madeireiros) o líder indígena Paulo Paulino Guajajara, dentro da terra indígena Araribóia, no Maranhão. 

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O discurso de ódio e o estímulo à violência têm gerado efeitos catastróficos, como a operação policial realizada na Vila Cruzeiro, no Complexo da Penha, zona norte do Rio, no dia 24 de maio de 2022, cenário de verdadeira carnificina, palco de uma chacina que resultou na morte de 22 pessoas (aqui o bolsonarista Luciano Hang disse que eram menos 22 votos no Lula, veja aqui ponto se chegou!!!). Seguindo esse mesmo caminho irracional, sucedeu-se o assassinato de Genivaldo Santos, no dia 25 de maio do corrente, por homens da Polícia Rodoviária Federal, que fizeram, nada mais nada menos, que “adaptar” na carroceria do seu carro oficial uma câmara de gás, aos moldes do que ocorreu na Alemanha nazista, para matá-lo. 

O caso dos assassinatos de Dom Phillips e Bruno Pereira se insere nesse contexto de milícias/organizações criminosas, de estímulo à violência e de assassinatos de lideranças ou pessoas que contrariam esse atual governo e sua base de apoio, especialmente os agentes criminosos que querem a todo o custo extrair madeira, operacionalizar a pesca e executar o garimpo, tudo de maneira ilegal (que querem acabar com os povos indígenas, com a floresta tropical...) com vistas a atender seus interesses econômicos escusos que em nada engradece o Brasil. E ainda se dizem patriotas! 

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Justiça por todos. 

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