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Luna Zarattini

Cientista política de formação e feminista com convicção. É educadora popular e coordena a rede de cursinhos populares Elza Soares

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O bolsonarismo e a encruzilhada lavajatista

Depois de perseguir politicamente supostos adversários políticos e alcançar o status de ministério, através da figura de Sérgio Moro, a Operação Lava Jato agoniza nas mãos do presidente que elegeu

Jair Bolsonaro e Sérgio Moro (Foto: Adriano Machado - Reuters)
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Vivemos um momento extremamente grave, a destruição impulsionada pela pandemia da Covid -19 já ceifou a vida de mais de cerca de 116 mil brasileiros e brasileiras. As políticas brutais do governo de Bolsonaro agravam e reafirmam a posição irresponsável dos governantes que não têm olhos para o próprio povo. Neste momento devemos lembrar que um 

dos fatores fundamentais para a eleição de Bolsonaro foi a narrativa de combate à corrupção aliada a defesa da Operação Lava Jato para retirada do Partido dos Trabalhadores do poder. 

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A continuidade do projeto político popular posto em prática pelo PT sempre foi um entrave à implementação das políticas neoliberais implementadas pelo atual governo, fato é que este projeto neoliberal foi legitimado nas urnas em 2018, e sabemos que Bolsonaro deve parcela significante de sua vitória à operação Lava-Jato.

O capitão reformado do exército colocou-se como um político que buscava acabar com a corrupção e “com tudo isso que está aí”, o que sempre soubemos ser uma farsa. Antes mesmo de assumir a presidência, convocou o juiz Sérgio Moro para se tornar Ministro da Justiça e da Segurança Pública, prometendo-lhe autonomia e selando a aliança que possibilitou o impedimento da participação de Lula como candidato a presidência e a demonização do PT para parte da sociedade brasileira.

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Entre a eleição de 2018 e hoje muita coisa mudou. Moro saiu do governo pela porta dos fundos e disparando contra o presidente, evidenciando a polarização entre bolsonaristas e lavajatistas, mais alinhados à direita tradicional. Pensando na reeleição, o Presidente da República enxerga no ex-juiz de Curitiba uma ameaça à sua hegemonia política dentro do eleitorado da direita, e agora usa as armas a sua disposição para acabar com a operação que o elegeu. Em seguida a saída de Moro, Bolsonaro deu ao Procurador-Geral da República, Augusto Aras, a missão de pôr um fim a Lava Jato.

Já sabemos que o atual Presidente nunca foi a favor do combate à corrupção, apesar de ter se utilizado desse discurso para surfar a onda anti-política que existe no Brasil desde 2013. Mas agora não resta nenhuma dúvida.

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Bolsonaro colocou-se como um “outsider”, como alguém alheio à política tradicional, mesmo tendo exercido o cargo Deputado Federal por mais de 25 anos, sempre ligado à partidos do denominado centrão e sem nenhum feito relevante durante todo o período.

Cada vez mais são veiculadas pela mídia provas da parcialidade política sempre presente no seio da Lava Jato, abusos esses que sempre denunciamos há tempos. Vide objetivos políticos escancarados de seus integrantes, em sua absoluta maioria comprometidos com a direita organizada e partidária. Divulgação de conversas reveladas pelo site The Intercept Brasil demonstraram diálogos ilegais entre juizado e procuradoria, de forma a arranjar o resultado de sentenças condenatórias. Assim caiu a máscara de Moro, Dallagnol e dos lavajatistas. 

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Nesta semana, o Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) precisa julgar o processo contra o coordenador da força-tarefa da Lava-Jato em Curitiba, Deltan Dallagnol. Para os de memória curta, Dallagnol é o promotor responsável pela infame apresentação de “power point” que colocou o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva como chefe de uma organização criminosa. Em 15 de setembro de 2016, um dia depois da apresentação do “power point” o ex-presidente protocolou uma ação que afirmava Lula diz que o coordenador da Lava Jato em Curitiba foi parcial na condução dos processos contra ele. O ex-presidente argumenta que foi considerado culpado pela suposta corrupção na estatal antes de ser julgado. Até hoje Dallagnol é o procurador que comanda as investigações da força-tarefa. 

Sabemos que Lava Jato e seus seguidores fervorosos não respeitaram o processo legal e a presunção da inocência do réu, sabemos que foram cometidos abusos, tidos anteriormente como inconcebíveis: grampos ilegais, prisões por tempo indeterminado, delações forjadas, articulações entre procuradoria e juízes. Tudo isso em nome de uma suposta justiça orientada por desejos políticos. 

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O castelo de cartas lava-jatista tem desmoronado. A divulgação das convesas da Vaza-Jato, Moro caindo das graças de Bolsonaro, o Ministério Público Federal concluiu recentemente que as acusações feitas pelo ex-ministro Antonio Palocci, não possuem provas, e a delação foi desmentida pela investigação.

Aguardamos nesta semana o julgamento de Dallagnol no Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP), no entanto, cabe comentar que esta ação já entrou na pauta do conselho mais de 40 vezes. Alguns dizem que o clima no Conselho é desfavorável ao chefe da Lava Jato em Curitiba, Deltan Dallagnol. Em jogo está se ele deve, ou não ser afastado do comando das investigações para atender o “interesse público”. A nós resta a pergunta:

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Quando a Lava - Jato atendeu o interesse público?

Os malabarismos feitos dentro dos processos da Lava Jato revelam a diferença fundamental entre nós, do campo da Esquerda, e os que estão ao lado de Jair Bolsonaro no que diz respeito a Operação Lava Jato . Eles utilizaram a operação quando lhes serviu, e agora visam encerrar a mesma procurando defender-se, estendendo a impunidade aos aliados. Nós, por outro lado, buscamos apenas a justiça e a correção dos abusos cometidos durante os processos.

Sofreu o PT e sofre hoje o Brasil que se encontra nesta atual situação terrível. Vale ressaltar que foram os governos do Partido dos Trabalhadores os que mais incentivaram o combate à corrupção ao longo de seus treze anos em Brasília, dando mais autonomia e fortalecendo os órgãos de fiscalização, fato admitido até pelo ex-juíz Moro. Não nos colocamos contrariamente ao combate da corrupção, muito pelo contrário: afirmamos a necessidade do mesmo, mas ressaltando que deve ser realizado de maneira justa e livre de desejos políticos nacionais ou internacionais para que de fato a justiça seja feita em nosso país.

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