O Brasil entre o rei e a rainha
Dois exemplos dessa situação são: primeiro, o fato de que é o general, que coordena um tal Comitê de Crise do Governo, na articulação das (in)ações de combate à pandemia do coronavírus; o segundo é anunciado fato de que o general também será o responsável pelo um tal Plano de Recuperação Econômica, a ser executado no “pós-pandemia” (sic!)
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O jornalista Kiko Nogueira, editor do DCM, costuma lançar desafios para uma suposta “ala nacionalista” de militares brasileiros; e, quando o faz, destaca o fato que “esta não existe. Mas, se existe, é surda, cega e muda”.
Nós, neste espaço, em diversos textos, também já o cobramos!
Inclusive, já tentamos esboçar algumas das características históricas e ideológicas do que chamamos “consciência conservadora” das forças armadas brasileiras, localizando suas raízes na década de 1870, logo após o fim da Guerra do Paraguai (1865-1870).
Para nós, aquelas raízes até hoje dão sustentação ao singular nacionalismo antibrasílico (se me permitem o neologismo) que predomina entre nossos militares, especialmente na alta oficialidade. Além, é claro, da debilidade de sua formação intelectual, hoje evidenciada no semi-analfabetismo do capitão-presidente.
Lembramos, naquelas oportunidades, que a ideologia predominante em nossas forças armadas tem três pilares: o romantismo (origem do “territorialismo”), o evolucionismo social (que, ao lado do primeiro, serve de base ao sentimento antipovo) e o positivismo (fundamento do autoritarismo golpista, principalmente no Exército).
Como também o dissemos várias vezes, esse autoritarismo golpista se tornou uma das mais evidentes marcas das incursões políticas das forças armadas brasileiras desde o golpe do 15 de novembro de 1889, que instaurou a república, se dilatando por todo o século XX e chegando até o século XXI.
Ora explicitamente, como em 1930, 1937, 1945 e 1964; ora, implicitamente, como em 1954 e 1968, com o famigerado AI-5, o “golpe no golpe”. Ou, ainda mais recentemente, na participação “discreta”, no sentido de “oculto”, no golpe de 2016 e no de 2018, “pelo Twitter”.
Explico. Em 2018, um Twitter do general Eduardo Villas Bôas, então comandante do Exército, emparedou o STF, que foi obrigado a manter o ex-presidente Lula preso para que não disputasse (e vencesse) as eleições. Por este fato, aliás, o capitão-presidente agradeceu ao general: “O senhor é um dos responsáveis por eu estar aqui”. Literalmente!
Mas, como diz o ditado, “o hábito faz o monge”. Nossos generais não param: e, à medida que se apercebem, da incapacidade crônica do capitão-presidente para o exercício do cargo ao qual sorrateiramente o conduziram, organizaram o “golpe (militar) branco” e, gradualmente, estão transferindo o “chefia do governo” para o general Walter Braga Netto.
Aos poucos, desde que o general assumiu a Casa Civil, em fevereiro, estamos assistindo a imposição de uma espécie de “parlamentarismo às escondidas” (no Segundo Reinado, entre 1848 e 1889, tivemos um “parlamentarismo às avessas”): o “presidente reina, o general governa”.
Dois exemplos dessa situação são: primeiro, o fato de que é o general, (e não presidente ou ministro da Saúde) que coordena um tal Comitê de Crise do Governo, na articulação das (in)ações de combate à pandemia do coronavírus; o segundo é anunciado fato de que o general também será o responsável pelo um tal Plano de Recuperação Econômica (versão bolsominion do PAC de Lula), a ser executado no “pós-pandemia” (sic!).
Na prática, agora temos um rei, o general Braga Netto, e uma rainha, o presidente Jair Bolsonaro.
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