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Hélio Rocha

Repórter de meio ambiente e direitos sociais, colaborador do 247

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O caminho é pactuar pela centro-direita

A verdade crua é que, se o Brasil é um país tomado pelo discurso de extrema-direita, a transição política da barbárie para a civilidade democrática não há de ser feita pelo caminho direto às esquerdas, sem antes passar pela pactuação de interesses numa figura política a qual ainda desconhecemos, mas que seja capaz de acalmar o nervosismo que toma conta do país

O velho sonho do parlamentarismo (Foto: LUIS MACEDO - Câmara)
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Parte das esquerdas brasileiras e, sobretudo, paulistanas, comemoraram o fato de o ativista político e candidato pelo PSOL nas eleições presidenciais de 2018, Guilherme Boulos, ter figurado com 4,2% das intenções de voto em pesquisa do Instituto Paraná para a disputa pela Prefeitura de São Paulo em 2020. Seria Boulos, neste caso, o líder das esquerdas no certame, visto que, pela primeira vez, o candidato indicado pelo instituto como possível escolhido do PT, Gilmar Tatto, não atingiria 1%, bem como o comunista Orlando Silva.

Vale ressaltar que os números de Boulos, embora positivamente surpreendentes para a sua visibilidade fora de período eleitoral, bem como o tempo de TV de que dispôs nas eleições presidenciais, o baixo recall eleitoral por jamais ter ocupado cargo político eleito, vêm na esteira de tudo que corrobora para que o líder social sequer atinja a marca pífia de seus concorrentes nos demais (e tradicionais) partidos de esquerda. E ele fez o quádruplo. Entretanto, ainda assim, os 4,2%, ou 4,5% em cenário semelhante também testado pelo Paraná, revela simplesmente a coesão atingida pelo eleitorado de esquerda dos grandes centros urbanos, e, aqui, na grande São Paulo, em torno do PSOL, especialmente devido a uma juventude com a qual o PT, excessivamente centrado em gabinetes e cuja base social resistente restringe-se ao sindicalismo e à luta pela terra, não consegue alcançar.

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A verdade crua é que, se o Brasil é um país tomado pelo discurso de extrema-direita, a transição política da barbárie para a civilidade democrática não há de ser feita pelo caminho direto às esquerdas, sem antes passar pela pactuação de interesses numa figura política a qual ainda desconhecemos, mas que seja capaz de acalmar o nervosismo que toma conta do país. Isso desde o legítimo “Lula Livre”, tratado como heresia para a metade sanhosa pelo punitivismo aos corruptos e a perseguição aos cidadãos mais pobres que esta prisão objetifica, até a “escola civil militar”, projeto detestado por todas as lideranças ligadas a direitos civis e repleta de incongruências. Neste caso, estão aí o baixo efetivo militar para fiscalização do cumprimento dos preceitos militares adotados, o que levaria o projeto a se tornar uma “logo” vazia a estampar outdoors em escolas por todo o país. E, no frigir dos ovos, a carruagem andaria da mesma forma cambaleante e muitas vezes perigosa e violenta em todo o ensino público brasileiro.

Num Brasil carente de boas ideias, sequer liberais, como o foi o Plano Real que solucionou boa parte dos problemas da economia brasileira, livrando o país da inflação, soluções mágicas não hão de surgir, sobretudo num ambiente político em que o diálogo, de onde saem os projetos relevantes, dá lugar à disputa renhida pela hegemonização de um discurso radical.

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Este é o lastro deste espaço de discussões para a argumentação de que a saída política para o Brasil é pela centro-direita, sendo, em São Paulo, o ex-governador Márcio França (PSB) a figura que melhor representa este campo. Tanto que, nos últimos meses, tem tentado angariar apoios importantes à direita e à esquerda, desde o combalido PSDB do atual prefeito, Bruno Covas, até o PT do ex-prefeito Fernando Haddad e o PDT de Ciro Gomes. Com uma frente dessa amplitude, é possível desafiar a extrema-direita de José Luiz Datena, ainda sem partido, mas possivelmente PSL, e Celso Russomano (PRB).

O delírio de que Guilherme Boulos, ao liderar as primeiras rodadas de pesquisas pelas esquerdas, pode lograr uma coalizão que envolva o PT e o PCdoB, conferindo-lhe tempo de TV e capilaridade eleitoral via movimentos sociais e vereadores, pode levar às esquerdas ao mesmo resultado da escolha pela candidatura de Lula, seguida pela de Fernando Haddad, pelo PT em 2018. O mar não está para peixe, no que diz respeito à distribuição das forças políticas do país (políticos, instituições, entidades da sociedade civil, eleitorado) para os partidos e candidatos da esquerda, ainda mais da extrema-esquerda, espaço que ocupa Boulos dentro do PSOL. Um partido, a bem da verdade, tendente à centro-esquerda com figuras como Sâmia Bomfim, deputada federal por São Paulo, e Marcelo Freixo, pelo Rio de Janeiro.

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Tendo isso em vista, ao menos para 2020, o objetivo das esquerdas, como parte integrante do bloco que ainda defende o pacto civilizacional de 1988, deve ser o trabalho (evitemos a palavra “luta”, porque esta é restrita às verdadeiras bandeiras da esquerda) pragmático pela retomada do pacto via centro-direita. Para as distantes eleições de 2022, incertas pela própria condução do Governo e das Instituições pelo bolsonarismo, melhor deixar quaisquer decisões para a hora final.

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