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Carla Teixeira

Doutoranda no Programa de Pós-Graduação em História Membro do Conselho Editorial da Revista Temporalidades - Universidade Federal de Minas Gerais - UFMG

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O capitão do holocausto

"O Brasil é palco de um genocídio assistido com incredulidade por toda a comunidade estrangeira e incompreensível passividade da população nacional, indefesa diante do vírus a assola e do verme que a governa", escreve a doutoranda em História Carla Teixeira

(Foto: Reuters)
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A definição histórica de holocausto remonta ao homicídio metódico de pessoas, especialmente judeus e outras minorias étnicas, e refere-se à prática do regime nazista durante a Segunda Guerra Mundial. A mesma definição pode ser aplicada ao Brasil de hoje, cujo presidente, Jair Bolsonaro, coloca-se como capitão do holocausto em curso.  

Os crimes contra a saúde pública são cometidos reiteradamente por Bolsonaro com a cumplicidade dos seus capangas generais: negação da pandemia, desestímulo ao uso de máscara, investimento público e emprego das Forças Armadas na produção de medicamentos sem eficácia contra covid-19, estimulo a manifestações populares contra medidas restritivas, permanente campanha antivacina e esforço para impedir ações de imunização em massa, sem contar as constantes aglomerações pelo país, cujo intuito é desafiar as limitadas medidas sanitárias adotadas por governadores e prefeitos.

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Após o Governo Federal ter deixado de investir cerca de 80 bilhões de reais em medidas contra a covid-19, em 2020 (o que poderia ter sido revertido em campanhas de conscientização, compra de imunizantes, manutenção de leitos de UTI etc), chegamos ao pior momento da pandemia com concretas evidencias de que é apenas o começo da tragédia anunciada. O Brasil inteiro vai virar Manaus.

 Todos os dias aumenta o número de mortes com o sistema de saúde colapsando de norte a sul do país: 21 estados estão com mais de 70% dos leitos de UTIs ocupados. Diante do caos sanitário, secretários de saúde de todos os estados solicitaram medidas nacionais de restrição social e lockdown nas regiões com mais de 85% de ocupação dos leitos de UTI. Em resposta, o preposto ministro general Pazuello descartou a medida porque “Bolsonaro não deixa”. Vivemos um inédito pesadelo nacional.

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Sem auxílio emergencial e com grave desemprego, a miséria social cresce junto com a elevação dos preços dos alimentos, da energia elétrica, do gás de cozinha e dos combustíveis. O trabalhador se vê na seguinte situação: morre de fome ficando em casa pra se proteger da covid ou morre de covid ao ir trabalhar para não passar fome. Morte ou morte. Está chegando a hora de temer mais a miséria do que a morte.

A essa altura, a crise não é fruto de mera incompetência do governo, mas se faz perceber um plano orquestrado para desestimular a adesão da população às medidas sanitárias, atrasar a vacinação, instalar a crise federativa e, quiçá, provocar o fechamento e a militarização do regime político após inevitável convulsão social. Premeditadamente, o atual governo de militares pratica o metódico homicídio de minorias étnicas - as principais vítimas são indígenas, quilombolas, pretos e pobres. Um evidente holocausto que certamente será julgado, num futuro não muito distante, pela justiça e, logo em seguida, pela história. É preciso urgentemente a instalação de uma CPI da Pandemia para apurar as responsabilidades das autoridades diante do genocídio em curso.

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Após mais de 254 mil mortes por covid-19, é possível afirmar que estamos diante da maior tragédia sanitária da História da República. Só fica atrás do morticínio indígena, ocorrido no século XVI, quando as doenças trazidas pelos invasores brancos europeus dizimaram quase metade da população nativa. O Brasil é palco de um genocídio assistido com incredulidade por toda a comunidade estrangeira e incompreensível passividade da população nacional, indefesa diante do vírus a assola e do verme que a governa.

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