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Ribamar Fonseca

Jornalista e escritor

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O cinismo tucano e a perseguição de Moro a Lula

O ex-presidente Fernando Henrique, que sempre aplaudiu as manchetes contra Lula e petistas provocadas por delações premiadas, agora condena a imprensa por ter divulgado a propina de R$ 9 milhões recebida pelo senador Aécio Neves, conforme acusação de Benedito Junior, da Odebrecht

Durante a palestra Brasil, Qual Será o Seu Futuro?, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso afirmou não ser pessimista em relação ao país. Segundo ele, o Brasil tem um "potencial enorme" (Wilson Dias/Agência Brasil) (Foto: Ribamar Fonseca)
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O cinismo tucano não tem limites. O ex-presidente Fernando Henrique, que sempre aplaudiu as manchetes contra Lula e petistas provocadas por delações premiadas, agora condena a imprensa por ter divulgado a propina de R$ 9 milhões recebida pelo senador Aécio Neves, conforme acusação de Benedito Junior, da Odebrecht. A denúncia foi manchete em todos os jornalões do Rio e São Paulo, o que desagradou FHC, habituado à blindagem a si e ao PSDB.

"A palavra de um delator não é prova em si, apenas um indício que requer comprovação", ele disse em nota distribuída logo após a divulgação da delação. Ou seja, a palavra de um delator só não é prova quando o alvo é tucano, mas o suficiente para prender e condenar quando o alvo é petista. Difícil admitir tanto cinismo num ex-Presidente da República.

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FHC, porém, foi mais além quando disse na mesma nota que "a desmoralização de pessoas a partir de "verdades alternativas" é injusta e não serve ao país. Confunde tudo e todos". O presidente de honra do PSDB cunhou um novo rótulo para a corrupção tucana: "verdades alternativas". Pelo menos ele não teve a coragem de afirmar que eram mentiras as denúncias de Benedito Junior, o BJ da lista da Odebrecht, mas considerou "injusta a desmoralização de pessoas (leia-se tucanos)", porque confunde a opinião pública. Na verdade, hoje não confunde mais a ninguém, pois as máscaras estão caindo gradativamente e os brasileiros já conseguem identificar quem é quem no cenário político, mesmo com a mídia carregando nas tintas contra o petismo. Se, ao invés de Aécio, BJ tivesse acusado petistas o guru tucano estaria batendo palmas para as manchetes, como sempre fez. Tal comportamento lembra aquele velho axioma, segundo o qual "fogo no dos outros é refresco".

Enquanto o país assiste, sem surpresas, à exposição gradativa dos podres tucanos e da cúpula do governo Temer, que vinham sendo convenientemente camuflados, o juiz Sergio Moro prossegue em sua cruzada para eliminar Lula do páreo sucessório, mesmo não tendo encontrado até agora nada que pudesse incriminá-lo. Ele marcou para o dia 3 de maio vindouro o depoimento do ex-presidente operário no ridículo processo sobre o tríplex do Guarujá. Todas as testemunhas de acusação e defesa ouvidas inocentaram o líder petista, mas Moro não se dá por satisfeito porque provavelmente sentirá prazer em humilhá-lo. Seu objetivo, porém, é prendê-lo, conforme revelou o colunista Lauro Jardim, do "Globo". Segundo esse colunista, o magistrado de Curitiba teria dado a seguinte resposta a uma indagação sobre a prisão de Lula: "Numa democracia pressupõe-se que o príncipe também se submeta às leis". E também os super-heróis criados pela mídia.

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A propósito, nesta quinta-feira, 9, o Tribunal Regional Federal da 4ª. Região vai decidir se abre ou não uma ação penal contra Moro, por abuso de autoridade, apresentada pelos advogados de Lula. Considerando o corporativismo no Judiciário e os poderes atribuídos àquele juiz, cujas decisões tem sido endossadas até pelo Supremo Tribunal Federal, ninguém acredita que a ação prospere. O arquivamento parece ser o seu destino. Se isso se confirmar será mais um ato desmoralizante para o Judiciário, que já faz tempo esqueceu o que é justiça. A Suprema Corte, no entanto, precisa corrigir as distorções observadas hoje na justiça brasileira, onde um juiz de primeira instância enfeixa poderes quase absolutos, ao ponto de ter nas mãos a decisão sobre o destino do mais importante líder político do país. Transformado em pop star pela mídia, aplaudido por onde anda, o juiz Sergio Moro está tão convencido do seu poder que não receia uma ação punitiva do Supremo, que se mostra intimidado pela mesma mídia. Por isso atropela a Constituição e faz suas próprias leis, com o aval do mesmo TRF-4 que o julgará quinta-feira.

O magistrado de Curitiba está tão seguro de si que se tornou praticamente o único juiz de primeira instância do país com jurisdição em todo o território nacional. Os presos em qualquer lugar do Brasil são levados para Curitiba, pois a Operação Lava-Jato se transformou num enorme polvo com tentáculos nos mais distantes rincões do país. E não apenas isso: Moro também se intromete em assuntos que não lhe dizem respeito, como o acervo privado do ex-presidente Lula. Dando ao líder petista um tratamento diferente ao que dispensou ao ex-presidente FHC, o que evidencia mais uma vez o seu partidarismo e a sua perseguição ao ex-torneiro mecânico, o magistrado pretende retirar dele parte do seu acervo. Os seus advogados ingressaram no TRF-4 com um mandado de segurança contra a pretensão de Moro, argumentando que "o respectivo juiz não detém competência formal, material ou territorial para rever atos administrativos provenientes da Secretaria de Administração da Presidência da República, praticados em Brasília".

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Como é fácil perceber, enquanto finge não ver as denúncias que pipocam em toda parte contra os tucanos, com cujo ninho mantém excelentes relações, Moro não relaxa a perseguição a Lula, tentando atingi-lo de qualquer maneira por qualquer coisa, até pelos presentes que recebeu quando ocupava o Palácio do Planalto. Enquanto faz vista grossa para a enxurrada de denúncias de propinas milionárias aos tucanos, se empenha em procurar um fiapo de qualquer coisa para incriminar o líder petista. E o que mais surpreende, sobretudo aos juristas, é que ele faz tudo isso sob os olhares complacentes da mais alta Corte de Justiça do país. Tem-se a impressão de que o Supremo está acovardado não por medo dele, o que seria absurdo, mas da mídia que o apoia. Resta saber até quando o STF se curvará às pressões, deixando de tomar as providências que o povo espera dele. Quando retomará a sua missão de guardião da Constituição e órgão máximo da justiça?

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