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Paulo Moreira Leite

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O comandante-em-chefe nada tem a dizer sobre 80 tiros e uma morte?

"Embora tenha a patente de capitão do Exército, desde que assumiu a presidência Jair Bolsonaro tornou-se Comandante-em-chefe das Forças Armadas, e não pode fingir que nada tem a ver com tragédia de Guadalupe", escreve Paulo Moreira Leite, do Jornalistas pela Democracia. PML lembra que 'nenhum incidente' produz 80 tiros. Houve uma ordem para atirar, depois a segunda, a terceira, até a octagésima. O comandante-em-chefe tem o dever de apurar os fatos e apontar responsabilidades", cobra o jornalista

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Por Paulo Moreira Leite, do Jornalistas pela Democracia - Ao evitar um indispensável pedido de desculpas pela tragédia de 80 tiros na qual o músico Evaldo Rosa perdeu a vida quando se dirigia a um chá de bebê com a família, Jair Bolsonaro exibiu um comportamento incompatível com as responsabilidades de presidente da República. 

Embora tenha a patente militar de capitão do Exército, Bolsonaro é Comandante-em-chefe das Forças as Armadas, a quem todo soldado e todo general deve obediência. Essa posição constitucional impede que tente se eximir do episódio. Tem o  dever constitucional de repudiar uma ação covarde e violenta, incompatível com uma democracia, mesmo que às vezes ela pareça um pano velho.

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Também deve prestar as devidas homenagens à família e aos amigos de Evaldo, e também a cada brasileiro, a cada brasileira. Não pode fugir desta foto, por mais que a imagem seja horrenda. 

Não se pode falar em "incidente", expressão que ofende a dignidade do país e machuca a consciência de todos. Nenhum "incidente" produz 80 tiros. Houve uma ordem, e depois a segunda, a terceira,  a quarta. Por fim, após a octagésima, quem tinha poder de comando deu ordem para parar de atirar.  

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Houve uma ordem para não prestar socorro aos feridos nem acolher as vítimas? É preciso saber como ficaram os soldados, o segundo sargento, o tenente, quando a viúva Luciana levantou os abraços e aos prantos pediu ajuda aos céus. Quem ouviu o grito de dor de quem perdeu um "amigo de 29 anos"?

O Brasil precisa saber disso, tem o direito de saber o que vai ocorrer com quem deu as ordens, quem cumpriu e, se por felicidade, alguém se recusou.

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Em sua cor, sua condição social, no esforço de quem luta pela vida, os passageiros do Ka branco são um retrato do país das grandes maiorias, maltratados, brutalizados e, é claro, alvos preferencias da injustiça e da violência. Não podem ser tratados como lixo humano.

A obrigação primeira é determinar que os responsáveis sejam identificados, investigados e punidos, permitindo que cada momento de um espetáculo macabro possa ser esclarecido e nenhuma responsabilidade por este crime monstruoso seja acobertada. 

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Para o presidente da República, procurar a acomodação diante de uma tragédia dessa dimensão pode até trazer conforto imediato -- o preço será a perda de autoridade entre oficiais de patente militar superior. 

Para o país, o resultado será reforçar uma  inaceitável tradição de impunidade de violência -- militar ou não -- do Estado brasileiros contra a população mais pobre e indefesa. 

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