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Marcia Tiburi

Professora de Filosofia, escritora, artista visual

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O deputado do PL que grita contra Talíria Petrone

"Do pseudo-carisma de Bolsonaro aos urros do deputado do PL há um continuum. O cinismo e o machismo pertence aos dois", diz Marcia Tiburi

(Foto: Reprodução/X)
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Um deputado do PL do Pará chamado Éder Mauro entrou em crise histérica diante da deputada Talíria Petrone do PSOL. De fato, a chamada “histeria masculina”, implica uma cena na qual se impõe o padrão do macho agressivo, o “macho limítrofe”, capaz de gritar, bater, quebrar e matar. Marielle foi assassinada e ao som de tantos urros, não seria um exagero imaginar que o deputado nervoso pularia sobre ela esgoelando-se como fez diante de Talíria, caso fosse Marielle a estar por perto. Pelo menos, com esse gesto, ele assina em baixo do mandato de morte sobre o qual o mundo se questiona até hoje. 

O deputado urra para provocar um efeito de poder: quanto pior, melhor, quanto mais bruto, mais feio, quanto mais tenebroso, mais efetivo. O homem que urra se apresenta como grotesco, mas não por acaso, nem inconscientemente. Usando o nome de Marielle Franco, dizendo que ela “acabou”, a triste figura grotesca não apenas busca conspurcar a imagem e a memória de Marielle, ofender seus admiradores, ou abusar emocionalmente da deputada Talíria, mas provocar um efeito de poder. É o poder do grotesco, a capitalização do ridículo na política que, como uma onda, arrasta a política brasileira para o esgoto desde a época do golpe. A tática remonta aos golpistas históricos, do sobrinho de Napoleão aos milicos brasileiros, do nosferatu Michel Temer ao zumbi Bolsonaro, expondo-se em várias imitações. 

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Publiquei um livro sobre as relações entre estética e política em 2017 que se chama Ridículo Político (Ed. Record), no qual alerto para o espetáculo “ridículo, grotesco e infame” (sobre o qual já falava Foucault) como um capital político utilizado pela extrema-direita para avançar no poder. 

Do pseudo-carisma de Bolsonaro aos urros do deputado do PL há um continuum. O cinismo e o machismo pertence aos dois: eles agem como perversos que se sentem no direito de agredir. Sabemos que a agressividade autoritária vem depois da submissão. Mas a quem servem esses homens? O que buscam na política além de dinheiro e poder? Certamente espaço para seu exercício perverso-narcísico. Bolsonaro hipnotizou a nação brasileira através do pavor, ao qual sucumbiram os esvaziados de espírito que se vestiram de verde e amarelo criando o identitarismo fascista que continua urrando em nossos ouvidos. A pergunta que devemos responder é: até quando?

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