O domingo que o brasileiro resolveu brincar de roleta russa e saiu em massa às ruas

"Muitos, milhares de brasileiros na verdade, tiveram a mesma ideia e seguiram para os espaços coletivos de lazer de suas cidades, em aglomerações. O coronavírus ali, esfomeado, se sentiu em uma churrascaria"

(Foto: Leandro Couri)


Na maior parte do Brasil, o sol estalou neste domingo. Céu azul turqueza, temperatura passou dos 30 graus. O que fazer neste cenário tão belo? Sim, muitos, milhares na verdade, tiveram a mesma ideia e seguiram para os espaços coletivos de lazer de suas cidades, em aglomerações, para tomar vitamina D. 

Aqui, ao lado de casa, a pista de corrida estava abarrotada. Idosos, crianças e adultos se misturavam. O coronavírus ali, esfomeado, estava se sentindo em uma churrascaria. Várias opções no menu. 

Infelizmente, meus vizinhos não foram os únicos a pensarem que “dar uma voltinha não vai dar em nada”. Na praça Por do Sol, em Pinheiros (SP), a classe média se embrenhava no gramado, em um tributo à Jah. 

No Capão Redondo, periferia da cidade, minha amiga que mora no local revelou: “Laís, foi festa e rua lotada o fim de semana todo”. 

Em outras capitais, o mesmo relato. Em BH, aglomerações absurdas. No rio, mesmo com as praias fechadas, muitos cariocas se arriscavam nas faixas do calçadão. 

No cúmulo do bizarro, até para churrasco eu fui convidada no fim de semana. “Ah, Laís, deixa se ter paranóica, serão apenas 5 pessoas”. 

(Confesso que a pessoa teve sorte porque me pegou de bom humor). 

Sabe qual “raciocínio” dessas pessoas? 

É a lógica do: “Ah, mas ao ar livre esse vírus não passa “

                      “Ah, mas eu sou tão jovem, isso eu não pego. Se pegar, será uma gripezinha”

                       “Na verdade não vai chegar tão forte aqui como foi na Europa” 

Sim. Não bastou a desesperadora imagem de dezenas de covas sendo preparadas no cemitério de SP, esperando novas vítimas. 

Não bastou o número de pessoas mortas no Brasil crescer vertiginosamente, incluindo jovens sem cormobidades. 

Não bastou o apelo de autoridades e especialistas no assunto, que clamam: Não saiam de casa 

Não bastou as imagens cruéis que chegam do Equador, onde corpos encontram-se jogados no chão e caixões de papelão são improvisados para dar conta da alta demanda. 

Só irão parar com seu churrasquinho, passeios para exercícios físicos, quando as vítimas do Covid-19 tiverem nome, endereço e feições próximas. 

O brasileiro brinca de roleta russa e, infelizmente, irá pagar muito caro por isso. 

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