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Eric Nepomuceno

Eric Nepomuceno é jornalista e escritor

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O elogio da morte

Eric Nepomuceno, do Jornalistas pela Democracia, relata a participação de Jair Bolsonaro em uma formatura de uma turma de policiais militares: "todo pimpão e completamente descontrolado, à beira de um ataque agudo de histeria"

Jair Bolsonaro (Foto: Reuters)
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Por Eric Nepomuceno, para o Jornalistas pela Democracia

Não é comum – eu, pelo menos, não recordo nenhum antecedente – que um presidente da República participe da formatura de uma turma de policiais militares. 

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Mas como nada, absolutamente nada, no governo de Jair Messias é comum, lá estava ele, todo pimpão, na manhã da sexta-feira dia 18, na formatura de uma nova turma da PM do Rio de Janeiro.

Aliás, todo pimpão e completamente descontrolado, à beira de um ataque agudo de histeria.

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Claro que ninguém, em sã consciência, poderia esperar do Aprendiz de Genocida palavras sensatas e equilibradas, recomendando aos novos policiais militares regras básicas de respeito às leis e aos direitos dos cidadãos enquanto estiverem patrulhando as ruas. 

Mas duvido que alguém esperasse o grau de agressividade e estupidez, mesmo levando em conta que se trata do sujeito mais agressivo e estúpido que ocupou a presidência da República.

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Com seus habituais erros de concordância e pronúncia ele falou durante pouco mais de dez minutos. 

Elogiou calorosamente os novos policiais militares, elogiou a corporação. E dedicou quase todo seu tempo para criticar com fúria incontida os meios de comunicação. 

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Recordou, com todas as letras, que a imprensa estará sempre contra a Polícia Militar. E recomendou: “Pensem dessa forma para poderem agir”. Ou seja, quando estiverem nas ruas, não se esqueçam que a imprensa é inimiga, pois “jamais estará do lado da verdade, da honra e da lei”.

O Ogro que habita o Palácio da Alvorada tem carradas de razão para andar aborrecido com a imprensa. 

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Afinal, e tirando os meios que ele soube acarrear para o seu lado, aumenta cada vez mais o cerco ao seu filho mais velho, Flávio, e ao mais alucinado, Carlos, na história misteriosa do crescimento do patrimônio da família a partir do desvio de salários de funcionários fantasma.

Aliás, Jair Messias sabe que se revirarem esse assunto com precisão cirúrgica não só ele próprio, mas também a atual esposa e ao menos uma ex, podem aparecer no radar das denúncias.  

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Uma coisa, porém, é andar aborrecido com jornalistas, e outra incitar novos policiais militares a encarar a imprensa como inimigo a ser contido ou, em último caso – ele não disse, mas ficou implícito –, “neutralizado”.

O quadro da sua explosão de fúria da sexta-feira, aliás, fica ainda mais sombrio quando se observa alguns números da atuação justamente da polícia militar ao longo do país, mas com destaque para São Paulo e Rio.

Por exemplo: a cada dia que passa, pelo menos dois brasileiros menores de 19 anos – ou seja, crianças e adolescentes – são mortos pela polícia. Ou diretamente, como aconteceu há pouco no Rio com dois adolescentes parados por dois policiais militares, ou pelas chamadas “balas perdidas” disparadas a esmo em operações nas comunidades e favelas.

Entre 2017 e 2019, foram pelo menos 2.215. E, como de costume, 69% delas eram negras. E as mortes violentas de crianças e adolescentes crescem e crescem: foram 5% do total em 2017, 16% em 2019. Três vezes mais.

O estado em que a Polícia Militar mais mata crianças e adolescentes no Brasil é o Rio. Entre 2017 e o primeiro semestre de 2020 foram 700. Quase 40% do total registrado no país, um volume que praticamente dobrou em dois anos.

Nem a pandemia sossegou a mão de quem dispara: entre janeiro e junho foram 99 crianças e adolescentes. 

Esses são os números que o Aprendiz de Genocida não quer que sejam conhecidos. Aliás, estão em reportagem reveladora e contundente assinada por Thaiza Paulure na Folha de S.Paulo, jornal amaldiçoado por ele.

Essa a imprensa fulminada por Jair Messias num ataque de fúria.

Essa a atuação de parte importante dos integrantes da Polícia Militar elogiada por Jair Messias num ataque de amor.

É a crônica de uma morte elogiada.

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