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Agassiz Almeida

Foi constituinte em 88 e um dos principais artífices do fortalecimento do Ministério Público na Constituição. Recebeu a máxima comenda da Associação Nacional do Ministério Público pelos relevantes serviços prestados ao MP. É escritor brasileiro e ativista dos direitos humanos

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O fanático político

Bolsonaristas em protesto no Rio de Janeiro contra a eleição presidencial pedem "intervenção federal" 02/11/2022 (Foto: Jeferson Miola)
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Desde as antigas civilizações, a exemplo da Suméria, da Mesopotâmia e, destacadamente, do Egito, com a divinização dos faraós, os fenômenos político e religioso se entrelaçam. Na antiguidade grega, os fenômenos naturais e humanos propiciaram a criação de deuses do Sol, da Lua, das Trevas, da Ira, da Beleza e da Traição, entre tantos.

De algumas décadas para cá, a partir do término da II Guerra Mundial e da monstruosidade do Holocausto, a normalidade democrática se firmou, relativamente. Porém, nos dias atuais, ocorre o fortalecimento do fanatismo político, em países como os EUA, Hungria, Coreia do Norte, Venezuela e Brasil, caracterizando-se essa tendência, no nosso país, por fortes matizes fascistas. Esse fortalecimento se norteou pelos lemas de Mussolini, na Itália, de Franco, na Espanha, e de Plínio Salgado e Jair Bolsonaro, no Brasil. 

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Todos esses líderes, transvestidos de messias dos novos tempos, atuaram sob o lema Deus, pátria e família, despertando sentimentos que envolvem o ser humano, a religiosidade, o patriotismo e o apego congênito à família. Onde estão as bases e nascentes desse fenômeno? Quem é, afinal, o fanático político, que possui estas características, inteligência estreita e baixa cultura, quase nenhuma visão do mundo e incapacidade de manter uma interrelação democrática com os outros grupos sociais?

Isolado, com depressiva estima pessoal, às fronteiras da imbecilidade, algo arrebata os seus sentimentos, abrindo as trevas mentais que o envolvem, e ele grita, Mito.... Mito.... como um eco do seu próprio eu fanatizado.

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Atraído por um “indignado” líder que investe contra o sistema político, defensor hipócrita dos bons costumes e de um falso combate à corrupção, um Catão redivivo, o fanático é defensor fiel destas “chamas sagradas”: Deus, pátria e família, Brasil acima de tudo, Deus acima de todos, resgatando o espírito da frase nazista Deutschland über alles, ou seja, a Alemanha acima de tudo.

Um espadachim tupiniquim irrompe dos porões da Câmara dos Deputados, após trinta anos de agressiva mediocridade. O seu nome, Jair Messias Bolsonaro. Impelido pela idolatria a este bufão, vai o fanatizado engrossar a trupe dos lunáticos. Ali, entre eles, há uma comunhão de idênticos pontos de vista, uma confraria que entusiasma o extremista, porquanto, naquela seita política, não se dialoga, lançam-se bordões: "a Terra é plana", "o PT acabou o Brasil", "a vacina mata" ou "o aquecimento global é uma mentira". 

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Neste habitat, onde inexiste a razão, o fanático se investe no papel de apóstolo da nova ordem, idolatrando o messias do Deus, pátria e família. Olha os seus opositores como inimigos. Agressivo, se exalta facilmente. Tem pouca empatia pela dor dos outros, ensinamento legado pelo seu desvairado guru, que afirmou "e daí, eu não sou coveiro", ante a morte de centenas de milhares de pessoas na pandemia da COVID-19.

Por falta de capacidade para compreender a lógica democrática, o fanático abraça o autoritarismo militar. Oh, infortunados fanáticos! Carregam a alma de escravos. De acordo com esta projeção que integra a personalidade do delirante, dois elementos são de alta relevância. O primeiro deles é o dogmatismo, princípio no qual ele apoia a sustentação das suas ideias, verdadeiro manual de vida, no seio da família, na política, na religião e nas relações sociais. 

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O outro elemento alcança um quadro de complexa gravidade, fase em que o indivíduo transplanta a sua personalidade ao semideus do Planalto. É o momento em que o fanático demonstra um quadro de identificação com o fascismo que eclode nestas fantasias: "o comunismo vem aí", "Lula vai confiscar nossos bens” e “o PT vai fechar igrejas". 

Essa identificação, segundo Freud (Psicologia das Massas e Análise do eu), “é a mais primordial forma de ligação afetiva a um objeto” e pode se manifestar quando as pessoas se identificam entre si pela conexão com o líder. Mentes confusas em busca de uma redenção improvável. No caso brasileiro, é uma identificação contra a razão, a democracia e os direitos humanos.

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