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Reginaldo Lopes

Economista e deputado federal pelo PT/MG

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O gesto do ministro da Saúde

O ministro não levanta o dedo somente para os americanos ou brasileiros que estavam no protesto, mas sim para toda a população brasileira. Seu gesto está totalmente fora de propósito. Deveria usar o dedo para assinar despachos de compra de vacinas para jovens e adolescentes, para minimizar as mortes que o país enfrenta

Marcelo Queiroga (Foto: Adriano Machado/Reuters)
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A comitiva do presidente Jair Bolsonaro na Assembleia Geral da ONU envergonhou o Brasil em vários momentos. Uma das cenas mais tristes foi o gesto obsceno que o ministro da Saúde, Dr. Queiroga, faz para a multidão que protestava contra o governo.

Sua atitude não deve ser analisada somente sob o ponto de vista de que o ministro estivesse com raiva ou chateado com aqueles que protestavam.

O gesto praticado por ele foi documentado pela primeira vez a cerca de dois milênios por um historiador grego. O antropólogo Desmond Morris, afirma que
"O dedo médio é o pênis, e os dedos recolhidos ao lado são os testículos. Ao se fazer o movimento, você está oferecendo um gesto fálico a alguém. É como dizer: 'este é o falo' que você está oferecendo aos outros, que é uma exibição bastante primitiva."

Primitiva, este é o carro chefe de um governo de homens despreparados para a função de representatividade dentro e fora do país. Além de ser um gesto nada usual para uma autoridade de primeiro escalão de um país, a atitude reflete a linha de atuação do governo, que trata opositores como inimigos e repudia qualquer ação concreta de luta de mulheres, homossexuais e negros.

O gesto é um reflexo do machismo tóxico que está na linha dorsal do governo de Jair Bolsonaro, repleto de um conjunto de atitudes, práticas e valores conservadores, misóginos e sexistas.

Acredito que o gesto foi deferido para uma mulher, uma vez que pessoas que têm este hábito ruim, tendem a serem covardes e dificilmente levantariam o dedo em riste para um homem, o que reflete o machismo embutido no ministro.

O gesto do dedo em riste reflete muito mais do que um, digamos, protesto do ministro, mas sim uma forma de pensar sobre as mulheres. O significado em “riste” é pronto para ser usado, ou seja, há um desejo explícito de colocar o dedo em algum lugar, e para um bom entendedor é símbolo fálico de virilidade masculina, o que reflete mais uma vez o espelho de um governo machista e conservador.

O ministro não levanta o dedo somente para os americanos ou brasileiros que estavam no protesto, mas sim para toda a população brasileira. Seu gesto está totalmente fora de propósito. Deveria usar o dedo para assinar despachos de compra de vacinas para jovens e adolescentes, para minimizar as mortes que o país enfrenta. Que utilize seu dedo para o seu chefe, que pelo simples negacionismo ao mecanismo da vacina merece um gesto obsceno.

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