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Denise Assis

Jornalista e mestra em Comunicação pela UFJF. Trabalhou nos principais veículos, tais como: O Globo; Jornal do Brasil; Veja; Isto É e o Dia. Ex-assessora da presidência do BNDES, pesquisadora da Comissão Nacional da Verdade e CEV-Rio, autora de "Propaganda e cinema a serviço do golpe - 1962/1964" , "Imaculada" e "Claudio Guerra: Matar e Queimar".

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O governo é fascista. Só o secretário especial de Cultura não sabia

" Ou Henrique Pires aceitou cargo no governo errado, ou expõe o choro dos derrotados, totalmente sem razão. Há um dito antigo, mas pleno de sabedoria: “quem com porcos se mistura, farelo come", escreveu a jornalista Denise Assis

(Foto: Foto: Divulgação/Ministério da Cidadania)
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Sobre a crise no setor Cultural – vamos chamar assim, já que não existe um ministério para responder pelas questões da Cultura – há pontos a serem colocados em seus devidos lugares. Um deles, a real situação do secretário especial, Henrique Pires, demitido nesta semana por Osmar Terra, ministro da Cidadania, pasta em que estas atividades ficaram penduras.

Pires saiu dizendo: “se eu estiver nesse cargo e me calar, vou consentir com a censura. Eu estou desempregado. Se for pra ficar e bater palma pra censura, eu prefiro cair fora”. Dito assim, transmite a ideia de lisura, indignação e dignidade. Mas se formos avaliar com calma, o que supõe alguém que aceita um cargo em um governo fascista? Onde estava Pires, que não ouviu Bolsonaro gritar aos quatro ventos que era contra os homossexuais, os pretos e os pobres? Pensou que iria entrar no cargo e virar do avesso os conceitos estabelecidos por um presidente confessadamente preconceituoso? Da duas, uma: ou é ingênuo, ou desinformado. 

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Deus e o diabo sabem que Jair Bolsonaro é autoritário, influenciado pelos filhos e esses, por Olavo de Carvalho, aquele que acha que a terra é plana. Quem segue alguém que pensa anterior a Pitágoras, que no século VI a/c já defendia a tese da terra esférica, não pode se espantar com atitudes ditatoriais em nenhuma esfera, e muito menos esperar que a escolha dos premiados nos editais de filmes e outras atividades fosse um refrigério. Ou Henrique Pires aceitou cargo no governo errado, ou expõe o choro dos derrotados, totalmente sem razão. Há um dito antigo, mas pleno de sabedoria: “quem com porcos se mistura, farelo come”. Ao entrar no governo Bolsonaro, Pires sabia que estava abraçando as linhas políticas da ultradireita. E elas são isto. Retrógradas, preconceituosas e autoritárias. 

Agora, ao tomar conhecimento de que os temas de gênero, de pretos e de homossexuais serão censurados – é disto, sim, que se trata, censura – a Pires só resta chorar na cama, que é lugar quente. E para quem está chegando ao cargo para substituí-lo, é bom saber que o presidente está com tempo de sobra. Inclusive para posar de censor. Foi assim que suspendeu o edital para TVs públicas, com uma linha voltada a séries sobre identidade de gênero. E ainda se meteu em projetos da temática LGBT, já pré-aprovados no processo de seleção. Das 80 propostas que seriam contemplados na chamada “BRDE/FSA PRODAV”, pelo menos 10 eram da linha “diversidade de gênero” e sexualidade” e foram criticadas pelo presidente. Além dessas, em que concorriam projetos como “Afronte”, “Transversais”, “Religare Queer” e “Sexo Reverso”, o edital contava também com 12 blocos cujos temas giravam em torno de sociedade e meio ambiente. Obviamente que em tempos de devastação autorizada, todos foram suspensos. É bom lembrar: estamos na época de queimadas.

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