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Celso Raeder

Jornalista e publicitário, trabalhou no Última Hora e Jornal do Brasil, é sócio-diretor da WCriativa Marketing e Comunicação

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O governo foi atacado por "um salve geral"

Não importa saber quem pagou os ônibus que levaram os terroristas para Brasília. Queremos saber é por que ele pagou. Quem está acima dele nesta operação

Manifestantes invadem Congresso, STF e Palácio do Planalto (Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil)
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Para quem não conhece o Rio de Janeiro, recomendo o Google para confirmar minhas palavras. Aqui, toda vez que morre o dono do morro, a comunidade vai às ruas para incendiar ônibus, fechar pistas com pneus em chamas, saqueiam supermercados, obrigam comerciantes a fecharem suas portas. Em São Paulo também não é muito diferente. Em 2006, para impedir a transferência da cúpula do PCC para presídios de segurança máxima no interior do país, foi decretado um “salve geral”, que resultou na morte de mais de 564 pessoas, muitos deles policiais. Como se vê, é muito fácil para o crime organizado arregimentar, por medo e ameaças, gente para causar distúrbios sociais. 

 Se o pobre da favela se submete às ordens do tráfico para causar tumulto no asfalto, ele o faz para salvar a vida e não ser expulso do barraco em que vive. Há uma obediência objetiva neste ato. 

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Já com as hordas bolsonaristas, as motivações são todas subjetivas, o que confere um caráter voluntário de associação para o crime. “Não vou deixar nenhum comunista tirar meu apartamento de quarto e sala na periferia da cidade”. “Preciso proteger meus filhos contra a ideologia de gênero, esse tal kit gay e banheiros coletivos”. “Meus filhos estudaram nas melhores escolas particulares e têm direito de fazer uma universidade federal, pública, mas essas cotas para pretos pobres atrapalham”. “Esse negócio de redução das desigualdades e a defesa dos direitos humanos só protegem vagabundos”, etc. 

 Sem a difusão dessa retórica subjetiva, seria impossível promover os atos antidemocráticos que estamos enfrentando. Por que, à luz do pragmatismo, quem em sã consciência passaria dois meses acampado em porta de quartel, pedindo um golpe militar para garantir a manutenção das mais de cem pistas clandestinas, abertas na floresta amazônica, e que são usadas por narcotraficantes e traficantes de armas? Como convencer a velhinha baderneira, que deve ir a Brasília para defender os interesses de fraudadores de títulos de terra, que graças a facilidades criadas por Bolsonaro, podem avançar livremente sobre as riquezas da nação? Como prometer o reino de Deus ao cristão que vai defecar no saguão do STF, se ele souber que está agindo para facilitar a lavagem de dinheiro e as operações criminosas com criptomoedas, que transferem bilhões de reais para os cofres de bispos ungidos pelo dinheiro da corrupção?

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 Portanto, estou absolutamente convencido de que não estamos enfrentando uma tentativa de golpe, por faltarem elementos intelectuais mínimos para o intento,  mas sim um SALVE GERAL, decretado por um bandido que se refugiou nos Estados Unidos. E a chave para restabelecer a paz social está justamente na compreensão desta diferenciação. 

Ao desconfigurar o viés ideológico que se pretende dar a esta crise política, e reconhecendo por todos os modos e meios de que estamos lidando com um Salve Geral, ordenado pelo crime organizado que se enraizou na estrutura do Estado nos últimos quatro anos, será possível apontar, por exemplo, a responsabilidade dos militares de altas patentes, tanto na esfera das Forças Armadas quanto nas forças de segurança dos estados, sem melindrar estas corporações. Afinal, estamos falando de bandidos que se escondem em fardas. 

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Não importa saber quem pagou os ônibus que levaram os terroristas para Brasília. O que queremos saber é por que ele pagou. Investigar qual o tipo de vantagem ele teria com isso. Quem está acima dele nesta operação. O governo e o STF precisam entender que esses ataques só vão parar quando desconstruírem a retórica do enfrentamento político-ideológico bolsonarista. Tratem esta crise como um Salve Geral decretado por uma facção criminosa com interesses contrariados. E mandem, urgentemente, os líderes para Catanduvas, que os velhinhos da CBF voltam para casa. 

  

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