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Victor Assis

Dirigente dos comitês de luta contra o golpe em Pernambuco e editor do Diário Causa Operária

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O "lockdown" da direita e o "lockdown" da esquerda

Enquanto a burguesia finge que faz isolamento social, a burocracia sindical amarra os braços dos trabalhadores às esteiras das fábricas

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Por Victor Assis, no Diário Causa Operária

No ritmo de quase dois mil novos cadáveres por dia, de acordo com os dados oficiais do Estado brasileiro, fraudados pelo interesse deliberado em falsificar a realidade e pela mais pura incompetência. O Brasil vai entrando em uma nova onda de “lockdowns”. Assim como nos meses de abril e maio de 2020, os “lockdowns” são mais um episódio da farsa que é o combate à pandemia no País. E, como a história aparece, primeiro como tragédia, depois como farsa, a nova onda de “lockdowns” é, portanto, a farsa da farsa.

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Os 262 mil corpos que já foram enterrados durante a pandemia estão na conta do presidente ilegítimo e fascista Jair Bolsonaro. Mas não só dele. Todos os governantes, principalmente os governadores estaduais, são responsáveis diretos por todas as mortes. Não construíram um único hospital, não apresentaram uma política para testar a população, reabriram o comércio, mandaram a população trabalhar nos transportes coletivos lotados e, agora, estão trancando milhões de jovens nas escolas para contraírem o vírus. Neste momento, em que já existe várias vacinas disponíveis, o Estado também se mostra incapaz de formular um plano para imunizar a população.

E nada vai mudar. Mesmo às custas de 262 mil vidas, a burguesia não conseguiu evitar que a economia sofresse um forte impacto. Conforme divulgado na última semana, o Produto Interno Bruto (PIB) no Brasil retraiu 4,1%. Se as escolas fecharem, se os setores fundamentais da economia mandarem os trabalhadores para casa, os capitalistas podem entrar em uma falência generalizada.

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A burguesia sabe que não pode promover um isolamento social de verdade. Sabe que isso levará a um estrago de difícil reparação. Mas precisa, por outro lado, dar uma satisfação, fazer alguma manobra para evitar que o povo, que está morrendo como barata, perca de vez a paciência e decida se livrar dos parasitas que estão levando o País para o colapso. A manobra da vez é o “lockdown” fictício: a direita finge que está fazendo isolamento social, sem vacina, sem auxílio emergencial e com todo mundo na rua, enquanto a imprensa golpista finge que alguma coisa está sendo feita.

O caso de São Paulo, governado pelo golpista BolsoDoria (PSDB), mostra a situação claramente. A construção civil, por exemplo, está sendo considerada atividade essencial, mesmo durante o “lockdown”. Considerando-se que o “lockdown” está previsto para durar três semanas, qual seria o serviço tão essencial que a construção civil teria de prestar? A mesma coisa pode-se dizer das igrejas e templos, liberadas pelo “cientista” BolsoDoria. As escolas, que já estavam abertas, em uma demonstração criminosa da falta de escrúpulos dos golpistas, permanecerão, obviamente, abertas.

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O “lockdown” que não é “lockdown” é tão farsesco e desmoralizante que só será cumprido, na maior parte das cidades, durante o período em que o povo não está no trabalho: à noite e durante o fim de semana. Por um lado, não atrapalha os capitalistas. Por outro, permite a burguesia encher o saco dos trabalhadores, suprimindo qualquer possibilidade de lazer, coisa que a classe dominante faz com o maior prazer do mundo.

A burguesia decidiu fazer um “lockdown” que é uma farsa, e todo mundo sabe disso. Nem mesmo a própria burguesia leva isso a sério. Contudo, há um setor da sociedade que leva isso muito, muito a sério: a pequena burguesia, que acredita piamente no isolamento social porque não precisa pegar ônibus lotado todos os dias para trabalhar. A classe média, que vive em um aquário, cujas paredes são compostas por sua moralidade reacionária e alienada, aplaude os “lockdowns” porque só vê no Estado a solução para qualquer problema que apareça diante de seus olhos. Essencialmente individualista e egoísta, a pequena burguesia vê o “lockdown” com bons olhos porque, com essa política, a sua segurança estará, supostamente, garantida. Se seu vizinho vai cair morto daqui a alguns dias, já não tem tanta importância…

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E é por viver em outro mundo que a pequena burguesia mantém, mesmo após um ano, o “fique em casa” como sua política para tudo. Neste momento, o povo está saindo às ruas no Chile e no Paraguai para protestar contra a política da direita diante da pandemia. Nos Estados Unidos, o povo perdeu a paciência com a polícia e queimou várias delegacias. Os vazamentos mais recentes escancararam a fraude que foi a Operação Lava Jato. Bolsonaro está liquidando todo o País e já prometeu entregar os Correios. Mesmo assim, a política da esquerda permanece a mesma: ficar em casa e esperar que a direita tome a iniciativa.

O “lockdown” da direita é uma farsa, uma fachada para a sua ineficiência e sua política genocida. Já para a esquerda, o “lockdown” é de verdade. Sair às ruas e protestar contra o genocídio em marcha virou um crime hediondo. Tanto é assim que os governos de esquerda são aqueles que mais estão levando a sério as medidas repressivas — que nada garantem a eficácia do combate à pandemia. Em Araraquara, o prefeito Edinho Silva (PT) chegou a chamar o Exército!

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Em vez de impulsionar os trabalhadores para se chocar com os golpistas e travar uma luta por sua própria sobrevivência, a esquerda tem atuado, no fim das contas, como uma polícia contra o movimento operário, como a maior defensora do “lockdown”. E, como o “lockdown” é uma farsa — sem vacina, sem teste, sem hospital e sem isolamento — o que sobra é a repressão àquele que não quiser morrer de fome e de coronavírus.

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