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Luciano Teles

Professor adjunto de História do Brasil e da Amazônia da Universidade do Estado do Amazonas (UEA) e autor de artigos e livros sobre a história da imprensa operária e do movimento de trabalhadores no Amazonas.

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O "mito" da Independência e o "mito" Bolsonaro

O chamado de Bolsonaro para os seus apoiadores (de tudo isso que a realidade histórica nos apresenta) no dia 7 de setembro se coaduna com a versão/mito desta data

(Foto: Alan Santos/PR)
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Durante muito tempo, e ainda hoje, difundiu-se um discurso histórico enaltecedor e apologético sobre a independência e a formação do estado nacional brasileiro. Nele, D. Pedro I montado num cavalo branco com uma espada apontada para o alto às margens do rio Ipiranga, acompanhado de um grupo de “guerreiros”, bradou: independência ou morte? Num ato heroico, recebeu o apoio necessário para decretar o fim de uma ligação política subordinada a Portugal, dando início ao processo de emancipação política brasileira. 

A versão oficial desse processo de formação do estado brasileiro, difundida e propalada aos quatros cantos do território nacional ao longo de décadas, tratou de assinalar uma formação pautada na ausência de conflitos sociais e, portanto, uma formação coesa e harmoniosa que integrava os variados grupos sociais existentes nesse momento histórico. Um mito! É o mito da independência e da formação do Brasil. 

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Essa versão/mito não se sustenta frente aos registros históricos ignorados por ela. Há vários exemplos de eventos e/ou acontecimentos históricos – em jornais da época, em relatos de viajantes, e até mesmo em documentos oficiais, especialmente os da repressão – que poderíamos assinalar aqui com a finalidade de desconstruir tal mito. Nesse sentido, vamos citar apenas dois eventos que revelam os conflitos, as guerras, as mortes e o sangue derramado nesse contexto histórico: a incorporação do Norte do país (Estados do Maranhão e Piauí e do Grão-Pará e Rio Negro) pela via das armas ao processo de emancipação política brasileira e, anos depois, as chamadas rebeliões regenciais (Cabanagem, Balaiada, Sabinada e Farroupilha).  

Tomando apenas a Cabanagem para ilustrar os embates e os conflitos políticos dessa quadra histórica da formação do estado nacional, e no ponto específico da reação das forças legais do Império brasileiro sobre aqueles que lutavam (indígenas, negros, pobres em geral, etc.) contra o trabalho compulsório (escravidão), contra a exploração/opressão e a favor de melhores condições de vida, temos então a dura realidade histórica. Foi uma repressão oficial que deixou mais de trinta mil mortos, outros tantos feridos e uma desorganização social, política e econômica no norte do país que gerou fome e miséria. 

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Somente esse episódio da Cabanagem já explicita o rastro de sangue deixado nessa formação do estado nacional brasileiro, bem longe de ter sido harmônico e tranquilo. O mito da independência/formação nacional, dessa forma, cai por terra.  

Porém, há outro mito, diria até pior, uma construção social de muito mau gosto. É o mito Bolsonaro. Este, frente à realidade histórica, é que não deveria ter a mínima possibilidade de se firmar. Os laranjais do PSL, as rachadinhas do clã Bolsonaro, as ligações evidentes com as milícias do Rio de Janeiro, o superfaturamento das vacinas (revelado em documentos pela CPI da Covid-19), as fake news, dentre tantas outras coisas como a atitude genocida frente à pandemia, o desmatamento da Amazônia, o ataque aos direitos dos trabalhadores, o desemprego, o aumento da pobreza... São elementos que atentam contra o “mito”.  

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O chamado de Bolsonaro para os seus apoiadores (de tudo isso que a realidade histórica nos apresenta) no dia 7 de setembro se coaduna com a versão/mito desta data. Dois mitos que precisam ainda ser fortemente desconstruídos para aquela parcela da população que ainda não conseguiu enxergar a realidade histórica! 

Os mitos deixam rastros de sangue... Xô mito! 

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