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Jean Goldenbaum

Músico, professor da Universidade de Música de Hanôver, Alemanha. É membro fundador do ‘Observatório Judaico dos Direitos Humanos do Brasil’ e fundador do coletivo ‘Judias e judeus com Lula’

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O mundo do vírus: o comportamento da extrema direita alemã e brasileira

Nos últimos tempos tem sido uma lástima averiguar que Bernie Sanders de fato perderia a nomeação do Partido Democrata, que o asqueroso Netanyahu ainda é idolatrado por grande parcela dos israelenses, e que imensa e decisiva parte do povo brasileiro vem realmente aprovando o encaminhamento do Brasil a tornar-se a Capital Mundial do Neonazifascismo

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Tenho alguns vícios que preciso alimentar todos os dias de minha vida. Na verdade são três. Café é um, chocolate é outro. E o terceiro diz respeito ao presente artigo: pesquisas eleitorais e de posicionamento político. Sim, acompanho sem falta todos dias as dos países nos quais sou ativista (Alemanha, Brasil, Estados Unidos e Israel).

Pois bem, este vício – diferentemente dos outros dois – normalmente não me traz prazer. Muito pelo contrário. Nos últimos tempos tem sido uma lástima averiguar que Bernie Sanders de fato perderia a nomeação do Partido Democrata, que o asqueroso Netanyahu ainda é idolatrado por grande parcela dos israelenses, e que imensa e decisiva parte do povo brasileiro – o pior cenário de todos – vem realmente aprovando o encaminhamento do Brasil a tornar-se a Capital Mundial do Neonazifascismo.

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Enfim, falta falar da Alemanha. As pesquisas da Alemanha nos últimos anos não me trazem tristeza. É o país em que vivo e, consequentemente, o cenário que mais atinge a mim e minha família. Não é o cenário perfeito, afinal no governo federal ainda impera o partido cristão (CDU), que é de centro-direita e, para padrões europeus, conservador. Digo ‘para padrões europeus’, pois não se pode comparar o conservadorismo brasileiro (que é extremo) com o daqui. Para se ter uma ideia, foi durante mandatos do CDU que a legalização do aborto foi cristalizada após a reunificação alemã (leis de 1992 e 1995) e também o reconhecimento do casamento homoafetivo, em 2017. Enfim, meu voto vai sempre para o SPD, o partido de centro-esquerda que dirigia o país antes da Era Merkel, mas realmente não posso reclamar de nossa situação política – ainda mais levando-se em consideração as atuais conjunturas do resto do mundo.

Mas tudo isso foi somente introdução. O assunto deste artigo propriamente dito é o seguinte: hoje tive uma notícia realmente boa ao ler as pesquisas alemãs. E os jornais alemães rapidamente noticiaram: o partido de extrema-direita (AfD) – que nada mais é do que o partido Neonazista com uma nova roupagem, “atualizada” para o século XXI – bateu a mais baixa porcentagem dos últimos três anos, atingindo somente 9%. Isto me alegra, pois prova que o partido está em clara descendência.

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Acompanhei de perto a criação e ascensão do partido por volta dos meados da década, impulsionada pelo racismo baseado na chegada de milhões de refugiados aqui no país, política encabeçada por Merkel que apoiei veementemente. E agora com prazer acompanho o declínio do partido. Não sou ingênuo, sei que ele não vai desaparecer, e sei também que os neonazistas estão entre nós, vivendo, trabalhando, agindo na sociedade. Mas ainda assim, em um cenário mundial onde a extrema-direita ameaça tomar o planeta, vale minha pequena comemoração.

O AfD já chegou a possuir 16% do apoio da população e se isolar como terceira maior força da Alemanha. Hoje – ao menos hoje – não ameaça tomar o país ou algo assim (coisa que se acontecesse, certamente eu e minha família iríamos no mesmo dia embora daqui).

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Antes de concluir este breve bate-papo com xs amigxs leitorxs, devo comunicar o motivo da queda do AfD. O partido, diante da pandemia do Coronavírus, se portou logicamente na mesma linha do bolsonarismo, negando a gravidade do vírus e pedindo a abertura da economia. Mas Merkel – por quem tenho grande respeito e considero estadista inteligente, competente e bem intencionada – se portou de maneira tão positiva com relação à pandemia, que “roubou” muitos eleitores da extrema-direita para o seu partido. É… Ao que parece alguns fascistas daqui são mais conscientes que os do Brasil… E quando o AfD colocou suas vidas em jogo, eles pularam fora. Só no Brasil da Era Coiso para a boiada idolatrar quem ameaça sua própria existência, não?… Pois é.

Cabe ainda uma curiosidade a mais: o Partido Verde, que é o partido que mais cresce no país (e disputa a segunda posição com o SPD), também perdeu alguns eleitores para Merkel, tão boa foi a impressão causada pela “mamãezinha”, como é apelidada a chanceler.

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Muito bem, terminarei o texto sem um parágrafo de conclusão, amigxs. Afinal, nesta altura do campeonato, todxs vocês já concluíram que a realidade do Brasil é a pior possível. E a cada hora que passa, e a cada vida que se perde (ainda que camuflem os dados do vírus), mais tarde fica para salvarmos o país cujo Deus “tinha” a nacionalidade. Abraços.

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