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Miguel do Rosário

Jornalista e editor do blog O Cafezinho. Nasceu em 1975, no Rio de Janeiro, onde vive e trabalha até hoje

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O mundo mágico de Ciro Gomes

"Ciro, o seu modelo é exatamente o de regimes populistas da América Latina, e você deveria ser orgulhar disso, ao invés de negá-lo", escreve Miguel do Rosário

Ciro Gomes, William Bonner e Renata Vasconcellos (Foto: Reprodução)
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Por Miguel do Rosário 

(Publicado no o blog O Cafezinho)

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A sabatina de Ciro Gomes no Jornal Nacional, nesta terça-feira 23 de agosto de 2022, nos oferece a oportunidade, mais uma vez, de discutir sua estratégia política e eleitoral.

Logo no início da entrevista, que durou 40 minutos, a âncora Renata Vasconcelos aborda o que tem sido a característica mais polêmica de sua campanha, que é a escalada crescente de ofensas contra o ex-presidente Lula e o Partido dos Trabalhadores.

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Ciro nunca poupou ataques a Bolsonaro, o que está em linha com o papel que ele assumiu desde que voltou à vida política em 2016, de campeão contra o golpe ou vingador de Lula. Era o tempo em que Ciro comovia estudantes e professores universitários chamando Temer de “golpista filho da puta”, e fazendo apaixonadas defesas da inocência do ex-presidente Lula.

Seu discurso começa a desafinar, aos ouvidos de muita gente, quando passa a direcionar sua verve também para a esquerda, especialmente a partir do segundo turno de 2018, quando toma a decisão de sair do país.

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A pergunta de Vasconcelos, que ela fez questão de repetir após Ciro se desviar do assunto na primeira resposta, não versou sobre o conteúdo das críticas de Ciro Gomes, mas à sua forma.

A jornalista fez uma pequena pausa dramática antes e depois de usar o termo “ofensivo”, como que para deixar claro que ela se referia aos ataques violentíssimos que Ciro Gomes tem desferido contra o ex-presidente Lula.

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“Estou me referindo especificamente aos termos usados”, disse a jornalista, olhando para uma folha de papel, onde provavelmente havia uma lista dos adjetivos que Ciro, em entrevistas anteriores, usou contra o líder nas pesquisas.

Na segunda vez que a âncora perguntou, Ciro entendeu o recado. Abrindo bastante os olhos, num tom recatado, o candidato respondeu que iria “levar em consideração as suas ponderações”. Em tom de desculpas, Ciro apela para a cultura nordestina, que seria, segundo ele, mais “palavrosa”, gerando às vezes estranhamento no público do sul e sudeste.

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É uma explicação estranha para um político que se gaba de ser o “mais preparado”. Sobretudo para alguém que pleiteia, pela quarta vez, os votos de brasileiros de todas as regiões do país.

Depois de 42 anos de vida pública, justificar deslizes retóricos como idiossincrasia regional é constrangedor. Não consta que nordestinos sejam, por natureza, “palavrosos”, ou mal educados. Quando o são, a responsabilidade é do indivíduo, não da cultura nordestina. No entanto, mesmo que a cultura política, ou o hábito linguístico, de uma determinada região do país, se caracterizasse por uma retórica mais agressiva, mais intensa, um político experiente como Ciro Gomes, com ambições nacionais, já deveria ter, há muito tempo, aprendido a se expressar de maneira mais adequada a seus próprios objetivos.

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Para acabar com qualquer dúvida de que fazia uma crítica dura a Ciro Gomes, e diante do recuo de Ciro, a âncora diz então que “o senhor está dizendo aqui que reavalia esse discurso”.

Ciro veste a carapuça, ao responder que deve “sempre reavaliar” e que “não me custa nada rever”.

A partir daí, para surpresa de muitos, Ciro Gomes evitaria, ao longo de toda a sua sabatina, qualquer adjetivo mais duro contra seus adversários. Em dado momento, quando se refere a Bolsonaro como “genocida”, lança um olhar para Vasconcelos, meio maroto meio desconfiado, como que pedindo desculpas.

O resultado, porém, foi uma entrevista morna. Uma internauta disse, sarcasticamente, que Ciro não teria entregado “entretenimento”, referindo-se aos exageros retóricos e emocionais do candidato, os quais, embora desagradem e choquem a muitos, geram um tipo de comoção que, de fato, espanta o tédio. Dessa vez, não. Ciro deu uma entrevista burocrática, técnica, tediosa.

Após ouvir o projeto de Ciro para a instituição de um programa de renda mínima no Brasil, a ser financiado com a criação de um imposto sobre grandes fortunas, William Bonner menciona o seu isolamento político. Como Ciro planeja formar maioria no parlamento para colocar em prática seus projetos, se não conseguiu sequer um aliado na eleição, pergunta Bonner.

Aí começa o “mundo mágico” de Ciro Gomes.

Confrontado pelo jornalista sobre o desafio de formar maioria necessária para aprovação de qualquer projeto, Ciro responde, sem muita preocupação com a lógica, que pretende mudar o “modelo econômico”.

Ciro não explica o que isso significaria. Seria implementar o socialismo? Não. Ciro sempre deixa bem claro que seu projeto não é socialista. Para Ciro, mudar o “modelo econômico” parece se referir a mudanças na política de câmbio, juros e superávit. No caso do superávit, sua postura é ambígua, porque ele se orgulha de ter sido o ministro da Fazenda que fez o maior superávit da história do país. Quando tenta explicar melhor sua crítica ao “modelo econômico”, Ciro costuma se referir, em tom de pesada crítica, ao famigerado tripé macro-econômico, composto por três conceitos: câmbio flutuante, metas fiscais e metas de inflação.

Isso não passa de um clichê vazio. Todo governo precisa ter uma política cambial, uma meta fiscal e uma meta de inflação. Não há nada de intrinsecamente mal no tripé macro-econômico tal qual como o expressamos. Em seu livro, Ciro tem ideias interessantes, por exemplo, sobre meta de inflação, que é alterar o prazo. Ao invés de termos meta de 12 meses, podemos ter meta de 24 ou 48 meses. Isso não deixa de ser uma meta de inflação, de qualquer forma. Diferente, mas ainda uma meta. A ideia não foi inventada por Ciro, nem é exclusiva de seu projeto nacional de desenvolvimento. Outros países adotam metas de inflação mais flexíveis.

Na resposta para William Bonner, todavia, o candidato não se estende sobre o modelo econômico, ou como pensa em mudá-lo. Ele salta para o seu outro refrão preferido, a mudança da “governança política”. Ciro sempre menciona os dois conceitos juntos: modelo econômico e modelo de governança política, e suas perorações tratam dos dois como se estivéssemos diante do mesmo tema. O que não sei se é o caso. De qualquer forma, se a ideia de mudança do modelo econômico parece obscura, o seu projeto de instaurar um novo modo de governança política soa ainda mais enigmático.

Mas este conceito, ao menos, Ciro tenta explicar. Sua ideia, diz Ciro ao entrevistador do Jornal Nacional, é basicamente a seguinte. O presidente da república celebraria um grande pacto político com governadores e prefeitos. A dívida de estados e municípios seria, de uma forma ou outra, neutralizada pela União. Em troca, governadores e prefeitos, profundamente gratos pela gentileza do presidente da república de lhes pagar a dívida, pressionariam parlamentares de suas regiões para que aprovassem os projetos de lei e as reformas propostas pelo governo federal.

Analisando bem, todas as ideias de Ciro Gomes giram em torno do pagamento de dívidas. Seu governo tiraria todos os brasileiros do SPC, reduzindo a dívida de cada um em até 90%, através da realização de leilões subsidiados pelos bancos públicos. As dívidas dos grandes empresários, por sua vez, seriam pagas com recursos das nossas reservas internacionais. As dívidas dos estados e municípios, como já dissemos, também seriam consolidadas pela União.

É um mundo mágico, onde ninguém mais terá dívidas. O termo “mágico”, aliás, é usado pelo próprio Ciro, que fala num suposto “momento mágico” de seu governo, que seriam os seis primeiros meses de sua administração.

O problema desse maravilhoso mundo de Ciro Gomes é que, em algum momento, a gente terá de acordar.

Não há absolutamente nenhuma garantia de que governadores ou prefeitos terão interesse em pressionar seus parlamentares. E mesmo se o fizessem, também não haveria garantia de que os parlamentares se submeteriam à pressão. O uso de reservas internacionais para quitar dívidas de grandes empresários é uma ideia perigosíssima, que certamente seria judicializada como inconstitucional.

A ideia de consolidar todos os programas existentes, como bolsa família (renomeado para Auxílio Brasil), BPC, aposentadoria rural, num programa único de renda mínima, pode gerar insegurança e instabilidade. O projeto de financiá-lo com dinheiro de um imposto sobre grandes fortunas, um imposto que ainda não existe, e que ainda teria de ser aprovado por um congresso conservador, é pura demagogia.

A instituição de um imposto sobre grandes fortunas é uma necessidade. Mas é uma medida necessária por justiça fiscal, não para financiar o Estado. Há muitos estudos que mostram que esses impostos têm importância enorme para construir uma cultura de justiça fiscal nos países, mas a sua participação no financiamento do Estado é cada vez menos relevante. Além disso, a introdução de novas tecnologias para transferência financeira, vem tornando cada vez mais difícil o trabalho das polícias tributárias.

Um dos grandes defensores da implementação de tributações pesadamente progressivas é o economista francês Piketty. Ele as considera como medidas necessárias para combater a crescente desigualdade de renda no mundo. Mas admite que, concretamente, elas apenas seriam viáveis se o mundo inteiro chegar a um acordo sobre duas iniciativas: combate feroz a paraísos fiscais, de um lado, e a implementação de um imposto global, de outro. As duas iniciativas são complementares.

Um governo progressista, seja de Ciro Gomes, seja de Lula, deve perseguir ativamente, nos fóruns internacionais, que os paraísos fiscais sejam terminantemente proibidos. E que todas nações que participam da ONU e da Organização Mundial do Comércio adiram à ideia do imposto global, que poderia ser, inicialmente, quase insignificante, mas que permitiria um monitoramento importante sobre a circulação das riquezas no planeta. Ajudaria a coibir lavagem de dinheiro, tráfico internacional de armas e seres humanos,  paraísos fiscais, e a gerar estatísticas confiáveis e atualizadas sobre a distribuição da riqueza no mundo (o que seria muito importante para se planejar políticas de combate à desigualdade de alcance internacional).

Sem fechar essas brechas, os governos sempre terão dificuldade em cobrar de seus super-ricos. Não dá para ser ingênuo a essa altura do campeonato! Ou Ciro Gomes acha que os 85 mil super-ricos do Brasil, com fortunas superiores a R$ 20 milhões, a maioria dos quais não votou nele, nem tem nenhum compromisso com seu projeto de desenvolvimento, não irão encontrar subterfúgios para não pagar esses impostos? A primeira medida de todos esses super-ricos seria a de tentar provar, através de mil artifícios criativos, que suas fortunas se posicionam ligeiramente na marca abaixo daquela definida pelo governo para o imposto.

Além disso, a troco de que Ciro Gomes acha que os políticos do União Brasil e do PSD, que ele anda citando como possíveis aliados em sua administração (pois ele não “gosta” mais de PT, PSB, PSOL) iriam lhe apoiar em seu projeto de cobrar mais impostos dos ricos brasileiros?

Perdoa-se ingenuidade num jovem radical de 20 anos, mas não de um macaco velho da política!

Qual a solução?

Ora, a solução é fazer exatamente aquilo que Ciro Gomes não está fazendo: construir pontes com os mais diversos setores da sociedade, e, sobretudo, desenhar estratégias objetivas e adultas para vencer eleições!

Com uma luta revolucionária armada fora de cogitação, e acredito que Ciro Gomes concordaria que a saída é pacífica e democrática, não tem outro jeito: é sentar para conversar, EDUCADAMENTE, com todo mundo.

E se o parlamento não aprovar a reforma desejada pelo governo federal?

Ciro responde com um sonho mágico e um preconceito: neste caso, levaríamos a decisão a plebiscito popular.

O sonho mágico é porque, para que o plebiscito aconteça, é preciso apoio do parlamento. Ciro fala, como se fosse fácil, em maioria simples. Para isso, novamente vai depender de muita política. No caso de uma iniciativa de esquerda, como seria um imposto sobre grandes fortunas para financiar um programa de renda mínima, seu apoio viria exclusivamente de partidos de esquerda, ou legendas de centro com bom diálogo com a esquerda. Tenho muitas dúvidas se os novos amigos de Ciro, que ele preza tanto, como Ronaldo Caiado, Bivar e ACM, o ajudariam nessa empreitada.

Outro sonho mágico é achar que um plebiscito, nesse momento de transição democrática, em que estamos tentando sair do pesadelo bolsonarista,  com suas multidões de terraplanistas, negacionistas da vacina, defensores de intervenção militar e por aí vai, seria uma ideia tão brilhante assim.

Renata Vasconcelos rebate, em tom crítico, que diversos regimes latino-americanos usaram de plebiscitos para aprovarem mudanças legislativas importantes. Esse era o exemplo que Ciro Gomes pensava seguir?

Aí vem o preconceito.

A resposta de Ciro é covarde. Sem que a Venezuela tivesse sido citada, Ciro diz, num afago gratuito, servil e espontâneo à extrema-direita: “considero o regime da Venezuela abominável. O PT é que defende. Eu seguirei o modelo dos Estados Unidos e da Europa”.

Pelo amor de Deus! Diante de dezenas de milhões de brasileiros, Ciro Gomes chancelou a visão reacionária da Globo?

O que Ciro se tornou: um lacaio do imperialismo?

O que os regimes latino-americanos tentaram fazer, com seus plebiscitos, foi exatamente o que Ciro Gomes pretende.

O que tem isso? Tratar a América Latina como um leproso do qual devemos nos afastar é uma postura mesquinha. As democracias latino-americanas cometeram erros políticos, sim, mas os EUA e a Europa, nunca erraram?

Os EUA patrocinaram assassinatos políticos, genocídios, golpes de Estado, no mundo inteiro. A literatura de história registra hoje, oficialmente, centenas de intervenções ilegais, violentas, antidemocráticas, do regime norte-americano, em outros países.

Para Ciro, todavia, apenas a Venezuela é um “regime abominável”!

Assim é fácil defender plebiscito! Senhora Globo, eu, como presidente, pretendo fazer plebiscitos populares para chancelar um projeto nacional de desenvolvimento, mas meu modelo é os EUA e Europa, viu? Não é América Latina, não!

Ora, Ciro. O seu modelo é exatamente o de regimes populistas da América Latina, e você deveria ser orgulhar disso, ao invés de negá-lo!

Agora vamos o que parece ser a crítica mais importante de Ciro: o “modelo de governança política”.

Para explicar porque, em sua opinião, o “modelo de governança política” do Brasil deve ser mudado, Ciro vem repetindo, qual disco arranhado, uma sequência de frases feitas.

“Collor governou com essa gente – foi cassado. FHC governou com essa gente – o PSDB nunca mais disputou uma eleição nacional. Lula governou com essa gente – foi parar na cadeia. Dilma governou com essa gente – foi cassada. Temer governou com essa gente – foi preso. Bolsonaro governa com essa gente – está desmoralizado”.

O raciocínio de Ciro Gomes receberia nota zero de um professor de primeiro período do curso de Ciência Política, porque é absolutamente vazio.

Uma coisa não tem nada a ver com a outra.

Em primeiro lugar, “essa gente” é uma expressão preconceituosa, despolitizada, moralista, para se referir ao que é, simplesmente, o parlamento brasileiro. Ciro Gomes acha que o parlamento, em outras democracias, é tão superior assim ao do Brasil?

Além da linguagem despolitizante, tentando surfar nesse senso comum antipolítica do brasileiro médio, Ciro Gomes mistura alhos com bugalhos.

Os problemas de Collor foram diferentes daqueles enfrentados por FHC, que por sua vez não passou pelo que passou Lula ou Dilma. Temer experimentou uma ordem de problemas diferente. E a mesma coisa vale para Bolsonaro. O sistema brasileiro é instável, sim, mas a causa não é o “modelo de governança política”, mas o fato de seremos ainda um país economica e culturalmente profundamente desigual, que ainda lambe as feridas da escravidão e da ditadura militar.

O nosso “modelo de governança política” é o que temos por hoje, e prometer mudá-lo é vender uma mentira. O próximo congresso será composto por deputados e senadores eleitos pelo mesmo povo que elegeu os anteriores. E não adianta apelar para governadores e prefeitos, porque estes não são melhores.

FHC governou com “essa gente”, e o PSDB disputou sim eleições em 2006, 2010 e 2014, e teve excelente votação. O fato do PSDB ter sido derrotado não pode ser colocado na conta do “modelo de governança política”, e sim porque o povo preferiu votar num outro projeto!

Lula, da mesma forma, não foi “bater na cadeia”, para usar a expressão vulgar de Ciro, mais uma vez tentando surfar no lavajatismo, por causa do “modelo de governança política”, e sim porque foi vítima de uma odiosa conspiração judicial, com participação ativa da mídia, que manipulou investigações, forjou provas, coagiu testemunhas. Além disso, Lula foi colocado em liberdade, e hoje lidera as pesquisas, também como resultado da força das nossas instituições democráticas, ou seja, também por conta do mesmo “modelo de governança política”.

A bem da verdade, a história de mudar o “modelo de governança política” soa apenas como uma retórica demagógica, salpicada de udenismo despolitizante. Ciro Gomes teria de governar com o congresso da mesma forma que fizeram outros presidentes. E falar que “não roubo e não deixo roubar” apenas reforça o tom cada vez mais udenista de sua campanha. Esse mesmo slogan foi usado pelos mais reacionários políticos da UDN, como Carlos Lacerda e Janio Quadros.

Quando Ciro Gomes xinga Lula de corrupto, ele dá uma lição de grosseria, arrogância e mal caratismo a toda a sua militância, vide que o ex-presidente já foi perseguido pela mais poderosa máquina midiático-judicial de que se tem notícia no mundo, e jamais acharam um centavo ilegal em suas contas.

Simplesmente não há provas que Lula tenha cometido, em qualquer momento de sua vida, um ato de corrupção. O povo brasileiro acompanhou as investigações contra Lula com mais intensidade e atenção com que acompanhou qualquer outra investigação no país, e quando as pessoas declaram votam em Lula, é porque acreditam em sua inocência.

Ciro Gomes, que admira tanto os Estados Unidos, e que se orgulha tanto de seu diploma universitário, deveria saber que a dignidade é o maior bem do ser humano. Chamar o outro de corrupto, sem provas, é um ato de violência política deplorável, e depõe contra si mesmo. Esse tipo de postura contaminou a militância cirista, que se tornou igualmente agressiva, truculenta, arrogante, emulando seu líder para xingar a todos de “vendidos”, “corruptos”, sempre que identificam que o interlocutor não tem a mesma opinião ou não vota no mesmo candidato.

No sistema judicial de muitos países, inclusive no Brasil, um júri pode absolver uma pessoa de seus crimes, se entender que não há provas suficientes para julgá-lo culpado. Da mesma forma, os milhões de brasileiros que desejam a volta de Lula à presidência também estão, à sua maneira, absolvendo o presidente e o julgando inocente dos crimes de corrupção, de um lado, e preparado para governar o país, de outro.

O voto popular é o julgamento mais nobre de todos, sobretudo quando a informação é livre, como é o caso do Brasil. O povo conhece Lula, conhece suas virtudes e defeitos, e vota nele.

Ciro Gomes sempre demonstrou um grande respeito pelos brasileiros que votaram em Bolsonaro em 2018. Diz que ama seu povo e compreende o seu voto.

Deveria também, portanto, respeitar quem vota em Lula.

Ah, a propósito de uma reforma tributária que ajude a recapitalizar os cofres públicos, abrindo espaço para maiores investimentos em infra-estrutura, sugiro esse artigo de minha autoria. O texto menciona uma iniciativa do governo russo, de usar um sistema de inteligência artificial para zerar a sonegação no país. Acho que seria mais objetivo se fôssemos por esse caminho.

A entrevista de Ciro pode ser visto na Globoplay, neste link.

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