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Ricardo Bruno

Jornalista político, apresentador do programa Jogo do Poder (Rio) e ex-secretário de comunicação do Estado do Rio

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O papel de Rodrigo Maia na reconstrução democrática do País

O comportamento beligerante e autocrático de Jair Bolsonaro "está produzindo algo que não se via no país desde à ditadura: a aproximação tácita e espontânea de setores do centro com a esquerda democrática", diz o colunista Ricardo Bruno; "O mais importante movimento nesta direção foi dado pelo presidente da Câmara, Rodrigo Maia, ao defender o jornalista Glenn Greenwald"

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Além da indignação, o comportamento beligerante e autocrático de Jair Bolsonaro à frente da Presidência da República está produzindo algo que não se via no país desde à ditadura: a aproximação tácita e espontânea de setores do centro com a esquerda democrática. O mais importante movimento nesta direção foi dado, ontem, pelo presidente da Câmara, Rodrigo Maia, ao defender o jornalista Glenn Greenwald das ameaças extemporâneas e abusivas do presidente iracundo.

Incisivo, Maia igualou a atitude dos hackers a do ex-juiz Sérgio Moro. Ambos criminosos, com atitudes igualmente reprováveis. Os primeiros, por invasão de privacidade de dados protegidos por lei. O ex-juiz pela prática recorrente de vazamento seletivo de informações sob segredo de justiça.  Ainda que não tenha declinado nomes, Rodrigo fez óbvia alusão a Moro ao se referir ao agente público que, ao arrepio da lei, vaza dados confidenciais. “Os dois estão cometendo atos ilícitos”, resumiu.

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O sintoma mais claro de que se começa a formar consciência crítica a respeito da necessidade de se criar um ampla frente em defesa do Estado Democrático de Direito deu-se ontem na ABI, durante ato de solidariedade ao editor do Intercept. A exibição do vídeo com as declarações de Maia trouxe aplausos e uns poucos gritos de reprovação, num ambiente supostamente hostil com composição majoritariamente de esquerda. Naquele momento, selou-se tacitamente um pacto dos democratas contra as reiteradas ameaças de regressão institucional do país.

Não há como se prosseguir com êxito na resistência aos arroubos autoritários do governo sem mínima unidade de atuação dos grupos que repelem a possibilidade de retrocesso. Rodrigo transpôs as diferenças ideológicas para se juntar ao campo democrático na defesa de suas convicções. Se não bastasse a simbologia republicana de seu cargo, o gesto o credenciou a exercer o  papel moderador das forças democráticas num movimento de defesa dos valores republicanos. 

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As críticas do presidente da Câmara ao ex-juiz, que se apresentava à nação como missionário da moralidade, contribuíram também para revelar a redução  da estatura moral de Sérgio Moro ao trocar a magistratura pela militância política. Em seis meses, ele perdeu quase todos os atributos que justificavam sua nomeação. Supostamente, Moro teria três papeis fundamentais no governo: seria capaz de colocar limites institucionais aos arrancos autoritários de Bolsonaro, não validando proposições inconstitucionais, como se revelou, por exemplo, o decreto da liberação de armas; também seria um implacável combatente da corrupção, no melhor estilo doe a quem doer. E isto também não se confirmou. Vide caso Queiroz. Por último, seria um ministro absolutamente independente das amarras políticas do cargo, dada sua reputação pessoal. A Vaza Jato retirou-lhe também essa credencial, transformando-o num ministro absolutamente dependente do apoio presidencial. Submisso e sem qualquer autonomia. Não age, não se expõe, sequer se pronuncia sobre qualquer tema ético-legal de interesse de Bolsonaro. Enfim, transmutou-se rapidamente num político tradicional. Perdeu relevância, de olho talvez numa já improvável indicação para STF.

Neste quadro de estreitamento dos valores republicanos, Rodrigo Maia repete a trajetória de democratas como Tancredo Neves e Ulysses Guimaraes. A reconstrução democrática do Brasil vai passar necessariamente por uma aliança ao centro, da qual Rodrigo Maia terá papel decisivo. O momento exige espírito público, boa dose de grandeza e pouca vaidade. O que está em jogo são valores democráticos. E o desafio exige unidade.

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