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Ricardo Nêggo Tom

Cantor, compositor, produtor e apresentador do programa Um Tom de resistência na TV 247

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O pastor e o safadão

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Em tempos de cancelamentos e linchamentos virtuais, há de se ter um certo cuidado com aquilo que publicamos e compartilhamos nas redes. Nem tudo é o que aparenta ser, ao mesmo tempo em que pode ser tudo o que tenta não aparentar. A polêmica da vez envolve um pastor evangélico amigo do cantor Wesley Safadão, que está sendo acusado de assédio sexual contra uma criança. Um assunto muito sério e delicado para o tribunal da internet julgar. Vamos com calma.

Em vídeo que circula nas redes sociais, o pastor André Vitor se aproxima de uma menina em trajes de banho e a abraça por trás deixando a mão deslizar sobre os seus seios e barriga, até que a criança se desvencilhasse do seu contato de forma abrupta, evidenciando um certo desconforto com a situação. A cena ocorre durante uma confraternização na casa de Safadão, onde também estava presente o humorista Tirulipa. Aquele que costuma invocar a misericórdia de Jesus Cristo para perdoar seus amigos espancadores de mulheres.

Não nos cabe julgar a intenção do pastor ao abraçar a criança de forma, digamos, desnecessária e inconveniente, mas é inevitável deixarmos de emitir a nossa opinião com base nas imagens. Em tempos de VAR, não dá mais para validar gol feito com a mão. A mão boba de outros tempos, que permitiu a Diego Maradona levar a Argentina ao título da copa de 1986 no México, não cola mais no mundo da bola, nem em nosso meio social. A regra é clara. Mão boba é passível de punição.

A cena protagonizada pelo pastor André Vitor, me lembrou o assédio sofrido pela deputada Isa Penna (PSOL –SP) em plena sessão na ALESP. Na ocasião, a parlamentar foi abraçada por trás pelo também deputado Fernando Cury, que depois declarou que apenas havia sido carinhoso com a sua colega de parlamento. O carinho como costuma tratar as pessoas, também está sendo a justificativa do pastor para explicar a sua imprudência ao abraçar por trás, uma menina de biquíni. Os pais da menina também depuseram a favor do jeito carinhoso do religioso.

Eu poderia perguntar, o que teriam em comum um homem de Deus e um outro safadão? Por mais incrível que possa parecer, as semelhanças são muitas. A começar pela humanidade de ambos, que são falhos e não estão livres de cometerem erros graves. Aliás, quanto mais “próximos” de Deus, ficamos mais longe de sermos percebidos como realmente somos. Outra pergunta que gostaria de fazer é a seguinte: Qual homem, por mais carinhoso que seja, tem o hábito de abraçar meninas por trás? Ainda que estas sejam da sua família ou filhas de amigos próximos?

Eu não daria a um amigo, toda essa liberdade com a minha filha. Você daria com a sua? Como disse anteriormente, não é possível julgarmos a intenção do pastor. Mas através das imagens, podemos formar uma opinião a respeito do ocorrido. O certo é que o juiz do VAR vai ter trabalho. Me chama a atenção também o fato de o pastor não estar sendo admoestado por seus amigos, para que abandone sua costumeira meiguice e evite agarrar ou tocar o corpo de meninas. Principalmente, em trajes de banho. Mesmo que não haja maldade, não é de bom tom, pastor. E sempre suscitará questionamentos como estes que o senhor agora enfrenta.

Um pastor ou um padre, é um homem como outro qualquer. O codinome “de Deus” só serve para lhe garantir autoridade religiosa sobre as demais ovelhas. Todos temos conhecimento sobre a enormidade de casos envolvendo abuso de menores, que foram cometidos por servos de Deus. Homens ungidos, até então, acima de qualquer suspeita e que contavam com a confiança irrestrita de suas comunidades. É bom vigiar, pastor. Como vocês mesmo costumam dizer, o diabo anda ao derredor, procurando a quem tragar. Sua postura nesse caso, demonstrou a sua imaturidade pessoal e moral para ser um líder religioso.

Ainda que o seu rebanho seja composto por tirulipas e safadões, é preciso ter cuidado para que a sua imagem não se confunda com o pseudônimo de suas ovelhas. Pegou mal. Literalmente. Visto por todos os ângulos. Com ou sem maldade, fica a lição. Em tempos de pastores safadões, cuja mão boba surrupia dízimos e a fé de muitos, um verdadeiro homem de Deus, se é que existe alguém que se enquadre completamente na definição espiritual a qual o termo se propõe, não pode dar margem à más interpretações sobre si. Se não sabe onde pôr a mão, bota ela no bolso. E no seu. Porque no bolso dos outros, já tem muito pastor metendo a mão.

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