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Eric Nepomuceno

Eric Nepomuceno é jornalista e escritor

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O pior ano

Após dizer ter vivido o pior ano de sua vida, o escritor e jornalista Eric Nepomuceno comenta as primeiras imagens de Bolsonaro em aglomerações na praia neste início de ano e avalia que "nada indica que possa haver mudança no panorama, a não ser – como em tudo relacionado à sua conduta tresloucada – para pior"

(Foto: Reprodução)
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Esse 2020 que passou foi o pior ano da minha vida. O pior dos meus 72. Pior até que aquele agora distante 1989 que levou meu pai, o físico Lauro Xavier Nepomuceno, deixando um vazio sem fim: eu sabia que era preciso não vergar e seguir buscando o futuro, e que isso ia depender basicamente de mim. Sabia que teria, como tive, apoio de amigos, amigas, da família. 

Agora, o panorama é muito mais assustador. Não há nada que eu possa fazer a não ser me guardar e proteger, mantendo um isolamento sufocante enquanto vejo meu país desabar de vez. Das imagens deste começo de ano, algumas comprovam que a boçalidade do Aprendiz de Genocida que preside o Brasil se renova e se supera de maneira incessante.

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Seu mergulho canhestro e a aglomeração provocada no mar mostram que sua responsabilidade criminosa tem como base a certeza da impunidade. Ninguém, absolutamente ninguém, é capaz de impor qualquer tipo de controle a ele. E nada indica que possa haver mudança no panorama, a não ser – como em tudo relacionado à sua conduta tresloucada – para pior.

Passados esses dois anos do pior governo da história da República, nada mais deveria ser motivo de surpresa.

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E, no entanto, devo confessar ao menos uma, e apenas indiretamente vinculada à figura do psicopata que nos conduz para o abismo. E é uma surpresa desanimadora: estou me referindo à impactante quantidade de brasileiros irremediavelmente irresponsáveis que seguem o exemplo criminoso do presidente da República pelo país afora, fazendo com que o número diário de mortos não pare de aumentar.   

Eu sempre soube que uma parcela significativa de brasileiros padecia dos males da ignorância, da despolitização, da falta de noção dos direitos próprios e alheios, das regras básicas da vida em sociedade. Claro que os 21 anos de ditadura contribuíram para aprofundar esses males, e que os grandes conglomerados de comunicação também. 

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O que eu, desavisado, não sabia era a extensão dessa parcela. Depois que um juiz desonesto criminalizou a política, com pleno apoio dos tais meios de comunicação e diante da omissão de um bando de poltrões aglomerados nas instâncias superiores de justiça, abriu espaço para a eleição de um desqualificado, confesso que levei um baque.

Mas agora, depois desse tempo todo de destruição, depois das milhares de vítimas provocadas pelo descaso e a inércia do governo em meio a uma pandemia descomunal, ver que ele continua atraindo gente – e não me refiro aos arrebanhados que aparecem no Palácio da Alvorada – é de amargar.

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Aliás, ver isso é de amargar e também de preocupar: mais dia menos dia, o Ogro e o resto da quadrilha familiar vão sumir no breu das tocas ou parar no xilindró. Mas o Brasil corre o sério risco de que sobreviva um bolsonarismo exacerbado e nostálgico, impregnado em parte da população. Uma espécie de renascimento de um reacionarismo que parecia encolhido, com seu enorme poder destruidor. É preciso estar especialmente atento. Além da vacina, este 2021 promete muita agitação social com as perdas causadas pelo fim do auxílio emergencial promovido pelo Congresso e que o Ogro soube capitalizar.  Será um ano de luz, esperamos todos. E poderá ser também um ano de fogo. Tomara que seja um fogo purificador, que leve o Ogro para longe.

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