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Eric Nepomuceno

Eric Nepomuceno é jornalista e escritor

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O primeiro dia

Pode haver quem pense que, depois da marretada sofrida na segunda, é mais que previsível que Jair Messias tenha necessariamente de acalmar sua fúria e passar a ter uma conduta minimamente equilibrada. Acontece que não há previsibilidade possível diante de alguém tão errático e desvairado

(Foto: RAPHAEL VELEDA/METRÓPOLES)
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Por Eric Nepomuceno, para o Jornalistas pela Democracia - Menos de 24 horas depois de ter sido desautorizado por dois generais teoricamente subordinados a ele, Jair Messias teve, nessa terça-feira, um dia atípico. Ou melhor: um dia típico de quem foi duramente atropelado diante dos olhos do mundo.

Na verdade, ele foi freado por três, e não dois subordinados. Antes ir até o gabinete presidencial e advertir Jair Messias que Luiz Henrique Mandetta era apoiado pelo Exército (além da imensa maioria da população) tanto o general ministro da Secretaria de Governo, Luís Eduardo Ramos, como o general ministro da Casa Civil, Walter Braga Netto, trocaram impressões com o ministro da Defesa, general Fernando Lemos, que se mantém em contato permanente com o Exército. A ação conjunta de três generais contra um tenente que só virou capitão quando caiu fora dos quartéis por atos de insubordinação é um quadro claríssimo do pandemônio que este país naufragante virou depois da chegada da pandemia. 

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Ah, sim: por que um dia atípico? Bom, basta recordar dois pontos. 

O primeiro: pela manhã, como de habito, Jair Messias deteve sua caravana de blindados para se dirigir ao cercadinho onde são postos os arrebanhados. Desceu do carro com semblante pesado, e quase não disse nada durante os escassos quatro minutos em que ficou na frente do séquito de seguidores fundamentalistas. 

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O segundo: na sua agenda havia um e um só compromisso registrado. Uma reunião, às três da tarde, e justamente com Braga Netto, que começa a ser considerado cada vez mais não o coordenador operacional do governo na crise do coronavírus, mas um claro interventor militar. 

Pode haver quem pense que, depois da marretada sofrida na segunda, é mais que previsível que Jair Messias tenha necessariamente de acalmar sua fúria e passar a ter uma conduta minimamente equilibrada. Acontece que não há previsibilidade possível diante de alguém tão errático e desvairado como Jair Messias.

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É impossível encontrar em qualquer um de seus gestos anteriores – e não apenas na presidência, mas ao longo de sua longuíssima vida pública – um único antecedente de normalidade. Não há nada que permita imaginar que de uma hora para outra ele ponha de lado sua grosseria tosca e deixe de ser um primata para passar a agir como um ser racional.

Também é impossível prever até que ponto o quadro brasileiro tenha experimentado alguma mudança depois da traulitada que significou Jair Messias não conseguir se livrar de seu ministro da Saúde. 

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A única previsão razoável e serena é que com sede infinita de vingança, comparável apenas à sua inveja de proporções patológicas, Jair Messias tornará a dar mostras concretas de como é em seu estado puro.

E que também por essa perspectiva a profunda crise de governabilidade vivida no Brasil está longíssimo de encontrar a saída.

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