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Moisés Mendes

Moisés Mendes é jornalista, autor de “Todos querem ser Mujica” (Editora Diadorim). Foi editor especial e colunista de Zero hora, de Porto Alegre.

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O truque de Witzel para atormentar a família

"Witzel fez na CPI uma performance de mafioso para assustar Flávio e o pai. Foi lá, deu seu recado, associou as perseguições de Bolsonaro à tentativa de esclarecimento do assassinato de Marielle, insinuou as ligações da família com bandidos, levantou-se e foi embora", diz o jornalista Moisés Mendes

Ex-governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel (Foto: Edilson Rodrigues/Agência Senado)
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Por Moisés Mendes, do Jornalistas pela Democracia

Os Bolsonaros sabem que Wilson Witzel sabe o que muita gente gostaria de saber. E Witzel foi à CPI para provocar a família: eu sei o que vocês tentam esconder.

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Talvez nem saiba tanto. Mas Witzel fez na CPI uma performance de mafioso para assustar Flávio e o pai. Foi lá, deu seu recado, associou as perseguições de Bolsonaro à tentativa de esclarecimento do assassinato de Marielle, insinuou as ligações da família com bandidos, levantou-se e foi embora.

O truque deu certo. O que importa é que o Brasil pense que Witzel sabe. Witzel tinha, por garantia do Supremo, o direito de falar o que bem entendesse.

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Poderia até não ter ido à CPI. Mas foi com um roteiro armado: iria cutucar os Bolsonaros e mandar recados. Quando fosse cercado, cairia fora.

O fuzileiro que virou juiz falou diante de uma turma barra pesada, que Flavio levou para a CPI como aviso e intimidação.

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Ficou ainda mais evidente que Flavio é o guarda-costas do pai nesse caso, até porque foi ele, o senador amigo de Queiroz, quem inventou Witzel candidato a governador em 2018.

O comportamento de Flavio foi o de líder de facção. Quando Witzel deixou claro que pretendia contar o que sabe sobre Bolsonaro, em reunião secreta da CPI, o filho logo anunciou que estaria junto na reunião.

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Foi Witzel, e não um integrante da CPI, quem esclareceu depois que Flavio não poderia participar, porque não é membro da comissão, de uma reunião sob segredo de Justiça, em que Witzel falaria o que não pode falar em público.

O filho queria estar presente na reunião secreta como filho que iria ouvir tudo o que um acusador tem a contar sobre o pai. Flavio seria o ouvinte infiltrado de Bolsonaro.

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É a republiqueta que tem no poder uma família acuada. Os Bolsonaros tentam dar a entender que estão no ataque. Estão na defesa.

Witzel os colocou contra a parede. Vários outros ex-amigos da família fizeram o mesmo.

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Flavio era na CPI o filho mimado defendendo o pai da acusação de que é miliciano e pode estar envolvido na morte de Marielle. Flavio acusou o golpe. É Witzel quem está no ataque.

O ex-fuzileiro conhece atalhos que Bolsonaro também conhece. Os dois foram tenentes, um na Marinha e o outro no Exército.

Witzel tentou imitar Bolsonaro em quase tudo, quando virou político, a ponto de comemorar a morte de bandidos e de avisar que iria metralhar favelas.

É possível que Witzel só não seja tão bandido quanto Bolsonaro porque cometeu barbeiragens e se encantou com a dinheirama liberada para o combate à pandemia.

O mais importante é que Witzel avisou aos Bolsonaros que vai ligar o assassinato de Marielle à família, sempre que fala dos mandantes até hoje encobertos.

Sugeriu que o caso do porteiro (aquele do seu Jair) foi abandonado porque o homem foi coagido a desistir do seu relato. O que mais impressiona é que, mesmo dizendo que pretende ir embora do país, por temer as ameaças que recebe, foi até agora quem mais afrontou os milicianos na CPI.

E agora as perguntas. Quem vai proteger Witzel dos milicianos? Os Bolsonaros teriam coragem de atentar contra um inimigo que foi juiz federal? O que Flavio Bolsonaro fará com a batata quente que Witzel largou em seu colo?

Aguardemos a reunião secreta, que de secreta não terá nada, porque pelo menos três emissários da facção, participantes da CPI, estarão ouvindo Witzel.

Pode ser até que Witzel não participe de nenhuma reunião sigilosa e que tenha blefado. Mas o blefe já cumpre a função de atemorizar a família.

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