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Ronaldo Lima Lins

Escritor e professor emérito da Faculdade de Letras da UFRJ

203 artigos

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Ódio à nacionalidade

Manifestantes invadem Congresso, STF e Palácio do Planalto. (Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil)
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A ironia está nas ruas. Na porta dos quartéis, nos ônibus que chegam à Brasília, nos homens e mulheres que se agasalham com as bandeiras brasileiras ou, simplesmente, de verde e amarelo. Não é uma ironia fina. É antes brutal, sem deixar por isso de ser ironia. Como definir de outro modo um grupo que se reúne para atacar, quebrar, vandalizar e destruir um patrimônio público que ao povo custou sangue, suor, lágrimas e muito dinheiro? Móveis atirados ao chão, arte representativa da nossa criatividade, vidros, tapetes, televisões, tudo ficou moído e transformado em lixo por uma sanha que o próprio sentimento de ódio parece insuficiente para qualificar. E dizer que as cenas de malabarismo ideológico fascista, inspirado numa liderança de segunda, mal educada e despreparada para governar, possuem um inspirador cujo nome se tornou tristemente conhecido!...

Por incrível que pareça, aquele grupo de vândalos, arregimentados por ônibus de outros estados, alimentados por empresários, foi escolhido a dedo, entre pessoas que desprezam o Brasil. Toda nação tem várias facetas. Nós estamos, pelo menos com duas, uma que representa o afeto, a solidariedade, a fraternidade pelo outro; e uma segunda que minimiza as causas sociais, vê apenas o próprio umbigo na divisão da riquezas e se recusa a ceder um milímetro em favor de terceiros numa política que pode nos conduzir, de fato, a nova etapa de maturidade.

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Brasília já havia conhecido recentemente cenas de vandalismo explícito, incluindo a programação de um atentado contra o aeroporto capaz de vitimar inocentes. Não houve realmente pronta resposta da parte do governo do Distrito Federal. Agora, a polícia chegou ao cúmulo de servir de escudo para os arruaceiros, como escolta para os objetivos de quebrar e de massacrar o que houvesse pela frente, desde que fossem os prédios públicos do Congresso, do  Governo Federal e do STF. Era uma tragédia anunciada. O secretário de segurança bolsonarista cruzou os braços e viajou para a Flórida atrás de sua fonte de inspiração. Os antibrasileiros sabiam o que queriam, enquanto a sociedade assistia nas telas de televisão, impotente, que o inimaginável tivesse lugar. Com facas ou spray de tinta, iam de tela em tela, passando por Portinari, Di Cavalcanti e outros grandes nomes da arte nacional, para colocar digitais na obra de aniquilação do que nos expressa, define e conserva nosso orgulho de ser. Condenação dos descobertos pela justiça é pouco diante da gravidade de seus crimes.  

A quem conteste a eficiência do termo genocida para qualificar boa parte de nossa história recente. Infelizmente, quando se trata de algo que se aproxima da terra arrasada, que não respeita valores e que caminha às cegas para a destruição, como usar de eufemismos? Na Flórida ou no Brasil, escondido no meio de desinformados, protegidos pela noção de crueldade, Bolsonaro ainda nos obceca. Não é afinal propriamente um político, por que revolve o horror que o mundo deve extirpar. Julgávamos que houvesse ido embora. Não. De perto ou de longe move seus pauzinhos. Ódio, quando solta suas amarras, é difícil de amansar, só com muita energia. A democracia sabe o que tem a perder.

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