CONTINUA APÓS O ANÚNCIO
Ribamar Fonseca avatar

Ribamar Fonseca

Jornalista e escritor

577 artigos

blog

Ódio e macaquices tornam o Brasil um país instável

"A macaquice ampliou o número de bolsonaristas decepcionados, ao mesmo tempo em que acendeu a indignação dos grandes jornais, que passaram a criticá-lo de maneira mais dura em seus editoriais. A nível internacional, a atitude do capitão também foi muito mal recebida", escreve o jornalista Ribamar Fonseca

(Foto: Reprodução)
CONTINUA APÓS O ANÚNCIO

✅ Receba as notícias do Brasil 247 e da TV 247 no canal do Brasil 247 e na comunidade 247 no WhatsApp.

O ódio disseminado pela mídia corporativa e pelas redes sociais nos últimos anos envenenou parte da população de tal modo que, hoje, muitas pessoas perderam as características comportamentais humanas e passaram a agir como verdadeiros animais, agredindo raivosamente quem não compartilha da sua ideologia. Ou das suas convicções partidárias. E, mais grave, não são jovens mas gente grisalha, avançada na idade, que tem obrigação de ser equilibrada, madura, sensata. Cegas pelo ódio, algumas vezes se mostram imbecilizadas, agindo como zumbis, a exemplo daquelas pessoas idosas que, enroladas em bandeiras, se postaram diante de um hospital em Porto Alegre para protestar contra o nascimento, ali, de uma neta da então presidenta Dilma Rousseff. Elas não estavam se manifestando contra alguma medida do governo ou  reivindicando alguma coisa mas, simplesmente, protestando porque a filha da Presidenta havia dado a luz num hospital particular. O ódio, disseminado irresponsavelmente na internet e pelos veículos de comunicação, um verdadeiro crime, chegou às raias do absurdo, inclusive já produzindo vítimas fatais. 

Na Bahia um mestre de capoeira foi assassinado por ter criticado Bolsonaro, durante uma discussão. Não faz muito tempo a ex-presidenta Dilma Rousseff foi agredida verbalmente dentro de um avião, enquanto o ex-ministro Guido Mantega também foi alvo de agressões num hospital em São Paulo, onde sua mulher estava internada. Os mais recentes episódios de manifestação de ódio envolveram a deputada Gleisi Hoffmann, agredida por um casal à saída de um hotel no Rio de Janeiro. Motivo: o fato dela ser presidente nacional do Partido dos Trabalhadores. A Globo é uma das principais responsáveis por esse estado de ânimo ao fazer uma campanha sistemática contra o PT, criminalizando-o, promovendo uma verdadeira lavagem cerebral  em parte da população que, mesmo beneficiada pelo governo Lula, passou a acusar o ex-presidente de ladrão, sem que houvesse qualquer acusação de roubo. O ex-juiz Sergio Moro foi parceiro dos Marinho nessa tarefa, que contou com a participação velada dos Estados Unidos. E, como consequência, o país vive uma situação de total instabilidade política, econômica e social, sem solução a curto prazo.

CONTINUA APÓS O ANÚNCIO

O recente motim da Polícia Militar do Ceará, que recebeu apoio quase explícito do governo federal, pode se tornar um exemplo e incentivo para movimentos idênticos nas PMs de outros Estados depois do comportamento do ministro da Justiça, Sérgio Moro, e do comandante da Força Nacional, coronel Agnaldo, que defenderam os grevistas. O coronel Agnaldo, que é marido da deputada bolsonarista Carla Zambelli, chegou a exaltar a atitude dos policiais amotinados, inclusive considerando-os heróis. E o cabo Sabino, apontado como líder do movimento, que estava foragido com prisão decretada, foi liberado pela justiça militar. Tem-se a impressão de que no final ninguém será punido, apesar dos danos causados à sociedade cearense com mais de 100 homicídios durante a ausência dos policiais das ruas, o que seria uma desmoralização para o governador Camilo Santana, do PT, cujo poder ficaria fragilizado.  Esse, aliás, seria o objetivo do presidente Bolsonaro, que relutou em liberar a Força Nacional  e o Exército para garantir a segurança no Ceará, o que levou os governadores do Nordeste a ensaiar o envio de tropas de suas PMs para ajudar o colega cearense.

Paralelamente, o Congresso Nacional e o Supremo Tribunal Federal também se mostram acuados pelo movimento, disparado pelo general Heleno, chefe do GSI do Planalto, e apoiado pelo presidente Bolsonaro, destinado a viabilizar o seu fechamento. A tímida reação dos  presidentes dos dois poderes, apesar da acusação de chantagistas, não foi capaz de estancar a movimentação de bolsonaristas para a manifestação de rua marcada para o próximo dia 15,  que vem recebendo a adesão inclusive de empresários. É óbvio que essa manifestação não produzirá nenhum efeito prático, porque o fechamento do Parlamento e do STF seria a morte da democracia e a instalação de uma ditadura e, também, porque mesmo que milhões de pessoas saiam às ruas isso não terá força para  mudar o regime. Essa passeata, no entanto, servirá para avaliar a força popular de Bolsonaro, o que poderá se transformar num tiro no pé: se o número de manifestantes for inexpressivo ficará evidente que o “mito” deixou de ser mito e, portanto, já não tem o mesmo respaldo do povo que o levou ao Palácio do Planalto. A partir daí ele já poderá começar a arrumar a trouxa porque, sem a força popular que muitos acreditam que ainda teria, o seu impeachment ficará mais viável, sobretudo depois do pibinho de 1,1% e do dólar nas alturas.   

CONTINUA APÓS O ANÚNCIO

Para completar esse quadro de instabilidade, Bolsonaro decidiu transformar a Presidência da República num circo, contratando um humorista para, fantasiado de Presidente, dar entrevista em seu lugar e distribuir bananas para a imprensa. A macaquice ampliou o número de bolsonaristas decepcionados, ao mesmo tempo em que acendeu a indignação dos grandes jornais, que passaram a criticá-lo de maneira mais dura em seus editoriais. A nível internacional, a atitude do capitão também foi muito mal recebida, o que, na opinião de comentaristas, dificultou ainda mais os investimentos estrangeiros no Brasil. Na verdade, com seu comportamento alienado, parecendo estar brincando de Presidente, Bolsonaro agravou o clima de instabilidade e  deixou de inspirar confiança em investidores nacionais e internacionais, tirando gradativamente o país das opções dos grandes investidores mundiais. Isso explica, entre outras coisas, a fuga de bilhões de dólares do Brasil que, concomitantemente, gasta as reservas deixadas pelos governos petistas. Nesse ritmo, com essa política desastrosa de Paulo Guedes, que prometeu o céu e está entregando o inferno, não vai demorar muito para o país ficar quebrado, um desastre para o qual muitos contribuíram, em especial a mídia e a Lava-Jato.

Enquanto, porém, Bolsonaro, Guedes e Alexandre Garcia, entre outros, acusam o PT como responsável por essa situação, embora o partido já esteja há quatro anos fora do poder, o ex-presidente Lula recebe na Europa o reconhecimento pelo seu trabalho, que não apenas reduziu as desigualdades e melhorou a vida do povo como, também, colocou o Brasil entre as grandes potências mundiais. Depois de um encontro especial com o Papa Francisco, o líder petista se reuniu com os ex-presidentes franceses Sarkozy e Hollande e líderes sindicais da Europa e, também, com o Conselho Mundial das Igrejas. 

CONTINUA APÓS O ANÚNCIO

Tornou-se, ainda, cidadão de Paris, título concedido pela prefeita da capital francesa. Além de Bolsonaro e companhia, quem deve estar se roendo por dentro é o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso que, apesar dos seus títulos acadêmicos, não conseguiu conquistar o mesmo prestígio internacional do ex-torneiro mecânico nordestino. Se Lula é um malfeitor, como dizem os anônimos general Heleno, Damares, Zambelli e o príncipe Orleans, sem dúvida é o malfeitor mais querido do planeta, homenageado por onde passa por suas grandes obras como presidente do Brasil.

iBest: 247 é o melhor canal de política do Brasil no voto popular

Assine o 247, apoie por Pix, inscreva-se na TV 247, no canal Cortes 247 e assista:

Carregando os comentários...
CONTINUA APÓS O ANÚNCIO

Cortes 247

CONTINUA APÓS O ANÚNCIO
CONTINUA APÓS O ANÚNCIO